As dúvidas sobre a nossa Academia foram ontem desfeitas por Godinho Lopes. Sempre admiti a possibilidade de José Couceiro vir a ser nomeado como responsável máximo pela menina dos nossos olhos. Porque lhe reconheço as capacidades técnicas necessárias e porque as suas qualidades como homem e como sportinguista, do meu ponto de vista, sempre me mereceram um profundo respeito. Mas sou necessariamente obrigado a admitir que muitas outras questões, porventura mais importantes para o Sporting Clube de Portugal, tivessem que ser equacionadas e séria e profundamente ponderadas.
Godinho Lopes trouxe um projecto próprio para o futebol do Sporting, assente fundamentalmente numa individualidade de características pessoais muito peculiares: Luis Duque !... A disponibilidade deste para corporizar tal projecto, implicou o estabelecimento e a aceitação tácita de um conjunto de pressupostos que qualquer sportinguista facilmente adivinhará, conhecendo-se o carácter e a personalidade de Duque.
A articulação entre o projecto com que se apresentou às eleições e os cacos que recebeu de Bettencourt logo que foi empossado, era uma tarefa quase condenada ao insucesso. Godinho Lopes, há que reconhecê-lo, ainda tentou compatibilizar o incompatível, mas teremos todos de admitir que o desfecho agora conhecido era previsível.
Apesar de lamentar a saída de Couceiro, pelas razões que antes aduzi, intimamente ligadas às suas qualidades pessoais, penso que foi preferível para Godinho Lopes e no fundo para o Sporting Clube de Portugal o desfecho agora ocorrido, que a manutenção de um qualquer equilíbrio instável que, mais tarde ou mais cedo viria a provocar danos eventualmente irreparáveis no seu projecto e no futuro próximo do clube. Apresentava-se ante o presidente do Sporting Clube de Portugal um terrível e quase indecifrável nó górdio, que doi desatado com honra para ambas as partes e quem sabe não virá a resultar no futuro em ganhos apreciáveis para as mesmas e até para o futebol português. A ponta do véu ficou presa, em meu entender, no enigmático sorriso de Godinho Lopes no final da entrevista.
Agora não haverá mais escolhos na implementação do tão desejado organograma do futebol do Sporting Clube de Portugal. Será o tempo de usar a vassoura e varrer todo o cotão acumulado nos móveis e compartimentos escuros da Academia. Será o tempo de pintar de novo de verde as paredes que a patine do tempo avermelhou, abrir as janelas de par em par e deixar entrar o sol e a esperança.
Que Luis Duque não demore ! O Sporting não tem tempo para esperar ! A nação leonina quer os seus jovens de volta ao topo dos respectivos campeonatos e quer vê-los depois a debutar e a triunfar na equipa sénior. E quer vê-los também com o espírito de leão em si enraizado, lutando e honrando a camisola que vestem, sem a pressa e os trejeitos mercenários de se exibirem noutros palcos que não sejam o nosso Estádio José de Alvalade.
Leoninamente,
Até à próxima
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