O que é nacional é bom
«Os adeptos podem contestar presidentes, criticar técnicos, os azares e atitudes dos jogadores, agora há algo que lhes agrada sempre se não viverem numa qualquer doentia cegueira ou azia permanente. É quando um presidente anuncia reforço de investimento na formação e benfeitorias nas respectivas Academias. Assim, vinte anos após o lançamento do projecto Alcochete, só posso elogiar Frederico Varandas pelo anúncio da contínua aposta naquela que é a verdadeira galinha dos ovos de ouro (e de Bolas de Ouro também) do Sporting e por alargar o património com mais campos e outras mais valias no terreno que já foi pago 20 vezes, em virtude da qualidade dos talentos que dali saem e que a equipa principal terá de saber potenciar para depois a SAD vender e encher os cofres, garantindo a solvência financeira do clube.
Com a excepção do Vitória Sport Clube que tinha um presidente polémico mas visionário, António Pimenta Machado, que também apostou no seu tempo numa Academia, mas não com a dimensão e projecção do Sporting, todos os outros vieram atrás e o próprio FC Porto, que continua a produzir diamantes de alto quilate como Vitinha e Fábio Vieira, só em breve terá um espaço próprio para a sua fábrica de talentos.
Logo, quando por vezes se anunciam contratações milionárias de craques estrangeiros com valor pouco reconhecido, e que só servem para onerar os números vermelhos das SAD, seria preferível criar uma definitiva cultura a enraizar em todos os decisores do futebol português de que "o que é nacional é bom". Porque não se engana ninguém, não há margem para negociatas nem comissões indevidas ou suspeitas, porque o que é nacional é mesmo bom e consegue sanear as finanças dos clubes pois todos estão a efectuar um esforço para melhorar os seus viveiros.
Continuar a despejar dinheiro no desconhecido, pagando fortunas de comissão a empresários que muitas vezes não passam de sanguessugas dos emblemas é um erro crasso que afundará o nosso futebol. Só há três caminhos estratégicos possíveis para a sustentabilidade dos nossos clubes: 1- a formação; 2- a formação; 3- a formação. E até hoje todos ganharam com isso, porque o que é nacional é bom.
PS: a administração fiscal tem sido criminosa para muitos empresários portugueses e sei de casos gritantes de quem decidiu sair de Portugal apesar de amarem este país. O selecionador nacional é a última vítima. Pode-se não simpatizar com ele, achar que tem opções erradas e um futebol aborrecido, mas há algo que não merece mácula: Fernando Santos é um homem sério. Não tentem sujar o que é limpo.»
Varandas de parabéns!...
Leoninamente,
Até à próxima
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