Saúde-se André Villas-Boas!...

Até tu, André?

«É um dos dados mais relevantes deste fim de férias no futebol português. A disponibilidade de André Villas-Boas para se candidatar à presidência do FCPorto, nas eleições de 2024, é a peça que faltava para lançar os dados de uma renovação geracional completa na liderança dos três grandes.

Depois do sucesso de Frederico Varandas, de Rui Costa assegurar a sucessão de Luís Filipe Vieira, faltava abrir esse debate entre os portistas e André Villas-Boas parece ter o perfil certo para lutar pela presidência do clube, assegurando a transição para tempos novos.

Como Octávio Ribeiro sagazmente aqui notou ontem, Villas-Boas avança num momento crucial, em que estão a ser vendidas algumas das pérolas do clube, em que todo o dinheiro que entra, paradoxalmente, não suaviza a gigantesca dívida dos dragões, em que Pinto da Costa parece mais dependente dos amigos da claque do que nunca. Num momento em que o clube parece, também mais do que nunca, propriedade de um círculo íntimo de servidores, comissionistas, facilitadores e serventuários do presidente.

A reacção azeda de Pinto da Costa a uma eventual candidatura de Villas-Boas dá uma carta de alforria de decência ao antigo técnico, que há muito vem a preparar-se para este combate.

Significa, desde logo, que Villas-Boas não necessita de beijar o anel do chefe para avançar. Ao contrário de outros, que precisam de andar na babugem do chefe para alimentar o sonho de se transformarem em sua marioneta, Villas-Boas exibe autonomia de pensamento e mostra que é senhor da sua vontade, coisa caída em desuso por aquelas bandas. Mostra que não tem medo dos esfaqueadores de serviço e que se prepara para um embate sério, para uma discussão que relance o projecto de um clube indispensável ao futebol português e ao País. Na verdade, quando Pinto da Costa qualifica, por mera insinuação, Villas-Boas como uma espécie de traidor, que abandonou o clube, está a lançar o seu velho quadro mental conspirativo contra alguém que, é tudo menos Brutus, fiel servidor ou mesmo filho de Júlio César, dependendo das crónicas, a quem este exprime a sua perplexidade ao levar uma das 23 facadas que o mataram. Ao fim de 40 anos na crista da onda o efeito de novidade perde-se. Há sarcasmos que já não atingem sequer o estatuto de farpa…»

(Eduardo Dâmaso, Director da Sábado, Futebol de Rua, in Record, hoje às 21:50)

Saúde-se André Villas-Boas!...

Leoninamente,

Até à próxima