«Portugueses e espanhóis defrontaram-se em 1476 na Batalha de Toro, perto de Salamanca. Os historiadores têm-se dividido sobre quem ganhou a batalha. Os espanhóis, como se esperaria, acham que foram eles e os portugueses vice-versa. Imagine-se agora que a Assembleia da República delibera que foram os portugueses os vencedores e manda incluir a verdade histórica assim obtida nos manuais de História. Toda a gente diria que, no mínimo, é um contrassenso.
Mutatis mutandis, é justamente isto que a nossa FPF se arrisca a fazer, ao submeter a uma assembleia geral dos seus sócios os pareceres contraditórios que, alegadamente, existem sobre a questão da qualificação dos títulos nacionais de futebol, entre 1921 e 1939.
Devo sublinhar que continuo a não perceber o desinteresse, para não dizer hostilidade, que o FC Porto e o Benfica votam a esta questão. Fez 100 anos que o FC Porto ganhou o primeiro título nacional e nem um festejo comemorativo desta façanha.
Perguntar-me-ão, ao invés, por que razão o Sporting insiste em não deixar cair este assunto, que nem sequer é da actualidade. Respondo, em primeiro lugar, por fidelidade à História e, em segundo lugar, por respeito ao esforço dos atletas, simbolizados entre outros, pelo grande capitão Jorge Vieira, que deram o seu melhor para se sagrarem campeões de Portugal, o que, à época era pacificamente reconhecido.
É evidente que, chamar as Associações regionais, a Liga, o Sindicato de Jogadores, a Associação Nacional de Treinadores, a Associação Portuguesa de Árbitros, a Associação Portuguesa de Dirigentes, a Associação Nacional de Enfermeiros e Massagistas e a Associação dos Médicos a opinar sobre uma matéria de tão específica tecnicidade, da qual compreensivelmente nada percebem, só pode ter dois desfechos: ou disparate ou deixar tudo como está.
Parece-me que nenhuma destas alternativas é desejável, embora a segunda pareça corresponder aos desejos daquelas forças que habitualmente mandam nestas instâncias.
Este é um assunto de interpretação histórica e, como tal, tem de ser decidido por historiadores. Se eles não estão de acordo, que discutam entre si, que se peçam mais opiniões, que se aprofunde até onde for possível.
Pode acontecer inclusivamente que, no final, não reconheçam razão ao Sporting. Mas essa conclusão será fruto de rigor científico e honestidade intelectual e não da trapalhada que se anuncia.»
Eis-nos perante a segunda edição, revista e melhorada, do Novo Acordo Ortográfico...
“Tout court“!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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