domingo, 26 de junho de 2022

"É a verdade histórica e jurídica"!!!...

           


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Miguel Nogueira Leite e a questão dos títulos: «É a verdade histórica e jurídica»

Miguel Nogueira Leite: «Não prejudica Benfica e FC Porto fica com mais»

RECORD - O Sporting levantou a questão dos títulos em 2016 e em 2020 entregou um parecer à FPF. Agora, a Federação convoca uma Assembleia Geral mas, num primeiro momento, avança apenas com os dois pareceres da sua comissão técnica, deixando de fora o contributo do clube que lançou o debate. Compreende?

MIGUEL NOGUEIRA LEITE – Compreendemos a assessoria técnica, mas eu teria convocado também as pessoas que fizeram o parecer do Sporting para haver discussão. Não foi feito, respeitamos. Já quanto a não levarem o nosso parecer à AG, discordamos, obviamente, razão pela qual dissemos que teria de ser discutido. O que não me parece bem é colocá-lo como ponto 8 da ordem de trabalhos e não junto aos outros dois.

R - Como assim?

MNL – O Dr. Francisco Salgado Zenha e eu próprio, enquanto delegados, submetemos o parecer e pedimos para que ele fosse considerado no ponto 4 da ordem de trabalhos, como os restantes. Com algum espanto, não está previsto no 4 mas apenas no 8. O que, para nós, é um desnexo. Os três pareceres só podem ser discutidos conjuntamente.

R - Vão propor essa solução?

MNL – Sim. É o que faz sentido.

R - Com que argumentos tenciona convencer a AG de que a razão histórica, neste processo, está do lado do Sporting?

MNL – Um dos pareceres da FPF já vem reconhecer ao Sporting mais dois títulos [1922/23 e 1933/34]. Os outros dois [1935/36 e 1937/38] são durante o período da Liga Experimental e nós não temos dúvidas nenhumas de que também nos pertencem. Porquê? Porque houve uma alteração do modelo competitivo mas isso não prejudicou a hierarquia das competições naquela altura. O Campeonato de Portugal era, à data, a prova máxima. Veja-se o exemplo da Liga dos Campeões. O Benfica foi duas vezes campeão europeu e não vai deixar de ser porque a prova mudou de enquadramento a partir de 1992.A Liga Experimental veio testar um novo modelo competitivo mas durante aqueles 4 anos [1934-1938] não há dúvida de que a prova máxima ainda era o Campeonato de Portugal. E é aqui que divergimos.

R - A dificuldade em explicar essa visão é que o Campeonato de Portugal foi extinto em 1938 e deu lugar a outra prova por eliminatórias que é hoje a Taça de Portugal. E o campeão passou a ser o vencedor do Campeonato da I Divisão, que adoptou o formato da Liga Experimental.

MNL – O que interessa é determinar, naquele momento específico, qual é que era a prova mais relevante. Esses novos modelos consolidam-se apenas em 1938/39 e a ideia que dá, no Parecer 1, é que estão a criar uma retroatividade, ou seja, estão a tentar corrigir essa hierarquia para trás, o que não é possível e juridicamente não faz sentido nenhum. A questão não é só histórica, é também jurídica.

R - Em 84 delegados, o Sporting precisará da maioria absoluta (não se contando nulos, em branco e abstenções). Acredita?

MNL – Nós temos a expectativa de que vários delegados votem no sentido não do Sporting mas daquela que é a verdade histórica e jurídica dos factos. Não se trata de querer convencer as pessoas de que o Sporting tem esses títulos. O Sporting procurou a verdade e parte dela já está a ser reconhecida noutro parecer. É muito importante isto ser dito.

R - Já conseguiu perceber qual será o sentido de voto de Benfica e FC Porto?

MNL – O Benfica e o FC Porto terão quem os represente e decidirão aquilo que entenderem. O que posso dizer é que a proposta do Sporting não prejudica a contabilização de títulos do Benfica (37) e o FC Porto fica com mais (33 em vez de 30). E é importante falarmos dos outros, do Belenenses, do Olhanense, do Marítimo, até do Carcavelinhos, que já não existe. Todos foram campeões. Eles próprios não podem faltar à verdade da sua história, dos atletas e dos adeptos.

R - Concordará que seria mais fácil se o Sporting tivesse os rivais do seu lado...

MNL – Os três grandes têm peso mas, em número de delegados, ele não é tão relevante assim. De qualquer modo, seria importante que estivessem de acordo sobre estas matérias. Disso não há dúvida nenhuma.

R - O facto de o Parecer 1 da FPF reconhecer ao Sporting mais dois títulos [1922/23 e 1933/34] já sabe a vitória?

MNL – Será parte da verdade. Está a ser reconhecido que aqueles Campeonatos de Portugal eram efectivamente a prova máxima e os vencedores os campeões nacionais. Mas nenhuma decisão que venha a surgir na quarta-feira será definitiva e eu garanto que continuaremos a lutar pelos outros dois títulos [1935/36 e 1937/38].

R - Após a AG, esse caminho não fica esgotado cá dentro?

MNL – Não. Se hoje estamos a olhar para trás, nada impede de o fazermos novamente. E já valeu a pena.

R - Admitem recorrer à UEFA, FIFA ou TAS?

MNL – O Sporting tem tido uma postura construtiva. A assembleia deve realizar-se serenamente e depois veremos. Até porque temos a expectativa de o parecer do prof. Ramada Curto ser aprovado.

R - Sabe-se que Fernando Gomes não votará na AG. Já percebeu o que pensa a direção da FPF sobre este tema?

MNL – A Federação procurou ter quem a ajudasse cientificamente. Depois entendeu pegar nesses documentos e submetê-los a um âmbito mais alargado de pessoas que é a Assembleia Geral da FPF. Eles próprios podiam perfeitamente ter começado por decidir sobre esta matéria. Que também poderia ter sido decidida na Liga, de outra forma. É um pouco indiferente para o caso, porque já há decisões para trás, todo um historial. Em 1989, por exemplo, por ocasião dos 75 anos da Federação, a FPF produziu um livro onde reconhecia os Campeonatos de Portugal como a prova máxima [até 1938].

R - Refere-se ao livro da autoria de Henrique Parreirão, ex-jornalista do Record.

MNL – Precisamente.

Por Vítor Almeida Gonçalves

"Temos a expectativa de o parecer do Prof. Ramada Curto ser aprovado", afirmou Miguel Nogueira Leite...

"É a verdade histórica e jurídica"!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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