«Não conheço adepto de nenhum clube que esteja contente com o funcionamento da justiça desportiva em Portugal. Talvez só os do Benfica, afinal as instâncias revogaram oito jogos de interdição do Estádio da Luz, que lhe tinham sido aplicados.
A ideia que transparece para o exterior é que a justiça desportiva é tacticista na definição dos seus tempos e lenta na sua concretização. Dificilmente se compreende porque é que alguns casos são decididos com celeridade e outros nem por isso. Igualmente, a quantidade existente de instâncias de recurso propicia um enorme desfasamento entre o ilícito e a decisão final.
Como é óbvio, estes défices de transparência e funcionalidade fragilizam a credibilidade de todo o sistema.
Impõe-se, assim, uma reflexão séria, desejavelmente isenta daqueles subterfúgios em que os nossos clubes são tão pródigos, sobretudo aqueles que mais prevaricam e que levam ao entorpecimento da actividade sancionatória, criando a convicção de que no futebol, como infelizmente noutras actividades, o crime compensa. Aqui fica um conjunto de sugestões:
- Concentrar toda a acção disciplinar na Federação, acabando com a Comissão de Instrutores da Liga;
- Fundir o Conselho de Disciplina e o Conselho de Justiça num único órgão;
- Estabelecer prazos peremptórios para a instrução e conclusão dos inquéritos disciplinares, com reforço de efectivos, se necessário;
- Abandonar a ficção da "field of play doctrine", permitindo uma efectiva correcção dos erros cometidos pela arbitragem e, consequentemente, melhor justiça;
- Não admitir recursos das decisões do TAD para os tribunais administrativos.
Claro que esta radical mudança implicaria alterações num conjunto de diplomas legais, alguns de âmbito mais lato do que a modalidade futebol.
Dizem que, havendo vontade política, tudo se consegue. A pergunta crucial , porém, é a seguinte: será que alguma vez haverá?»
A gente de bem vai esperar sentada!...
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário