domingo, 16 de maio de 2021

Porque somos diferentes!...


«CORREIO VERDE

Olá Zézinha.

Já sei que não fui o primeiro a dar-te a notícia porque estas coisas boas chegam depressa ao céu.
Escrevo-te só para partilhar contigo o que foi o dia em que o nosso Sporting venceu o campeonato quase duas décadas depois da última vez.
E parecia mesmo que estávamos condenados a ser a última porque família em burburinho não chega ao pelourinho.
Tu que tinhas feito a promessa de só deixar de pintar o cabelo de verde quando o Sporting fosse campeão, ficaste a três meses da meta. Agora já o podes descolorir, mas se quiseres continuar a ser um anjo diferente entre os outros de caracóis louros, continua.
Sabes que ainda estou nas nuvens, eu que sou sportinguista desde que nasci, nunca fui sócio, apenas um moderado militante.
Lá por Alvalade, a guerra dos tronos nunca mais acabava, o rei posto não queria ser deposto e andava tudo muito indisposto com a tentativa de pacificação do doutor que ia administrando doses de calma e injecções de esperança nas hostes.
Quando é que o onze do futebol iria acenar à Varanda da Câmara Municipal de Lisboa enquanto todas as outras modalidades do clube iam arrecadando triunfos?
A dança de treinadores e jogadores continuava e alguns nem chegavam a transpirar a camisola.
Num golpe de asa chegou um treinador novo, ainda sem o diploma completo. Foi buscar à prata da casa uns quantos meninos que custam sempre a criar, para depois irem brilhar noutras paragens. Uma academia a gastar nos académicos e a vê-los voar.
Juntou-lhe uns pós de experiência, um San Sebastian Covates, entre outros a preço módico, e vá de partir da terceira posição da grelha para uma corrida que já parecia ter vencedor garantido.
Claro que tu sabes disso tudo porque não paravas de incentivar as hostes, cantando alegremente a marcha dos leões:- Rapaziada, ouçam bem o que eu lhes digo e gritem todos comigo , Viva o Sporting!
Grão a grão, ponto a ponto, sem discursos de somos os maiores, porque isto é desporto e a bola é redonda, ( frase mais que feita) a equipa que no núcleo dos chamados três grandes, era uma espécie de patinho feio, mostrava as unhas do leão adormecido.
O jovem leader, não prometia nada, não embandeirava em arco, e só garantia mais esforço alegre para o próximo jogo.
Agora não tínhamos os cinco violinos, mas uma banda pop daquelas de garagem que trabalham muito para chegar ao top.
E não é que chegaram?
A humildade pode ser qualidade ou defeito quando em exagero, mas os pés bem assentes na relva construíram a obra.
Depois, chegou o dia em que aconteceu a glória antes do encerramento da prova.
É bonito ver os protagonistas desta história em lágrimas porque o futebol também tem que ter coração.
Deve ter sido com muita alegria que testemunhaste esta vitória, mas acho que deves ter ficado muito incomodada com o que se passou, naquilo a que alguns chamaram de manifestações de júbilo clubístico.
Para a Zézinha e muitos Zézinhos como eu que gostam do futebol como um jogo que também importou a expressão "fair play", o circo romano, não é compatível com o prazer de ganhar e aceitação elegante da derrota.
Foi o que aconteceu no jogo com o nosso eterno rival ( não confundir com inimigo) que não deixou os leões saírem da prova invictus.
Só esperamos que com a epidemia da exultação não venha mais uma dose de pandemia da desilusão.
Minha querida Maria José Valério, muito obrigado pelo cachecol e a almofada do nosso clube que um dia me ofereceste. Vou ostentar estes presentes no fim do campeonato mas só com uma foto na internet.
Gosto tanto de desporto que neste caso ,só eu sei porque vou ficar em casa.
Se a nova palavra de ordem do Sporting é "Para onde vai um, vão todos", então vamos todos saber ganhar, respeitar os adversários e trabalhar para o futuro.
Parecendo que não, só estás ausente entre nós, porque a tua voz continua a dizer-nos que vale a pena acreditar que o verde é esperança.
Espero que façam um edição em CD da tua/nossa marcha para ser disco de ouro como foi há 19 anos.
Beijinhos aí para o céu e até qualquer dia.
O teu amigo Júlio Isidro»

Porque somos diferentes!...

Leoninamente,
Até à próxima

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