quinta-feira, 13 de maio de 2021

Os milagres precisam de alimento!...


O trio do milagre

«Contra muitas expectativas e após vários erros de palmatória evidentes para quem não seja seguidista nem invertebrado, incluindo a ausência de empatia e as dificuldades de comunicação próprias, Frederico Varandas irá cumprir o mandato e já prepara, com a conquista deste campeonato, a manutenção do seu seguro de vida que é Rúben Amorim, a Cidade Sporting e as cadeiras verdes em todo o estádio, uma recandidatura que será praticamente imbatível.

Soares Franco, Bettencourt, Godinho Lopes, Bruno de Carvalho não conseguiram o título. Varandas conseguiu. Facto indesmentível. Ponto. Podem gostar ou não, mas voltou a fazer sorrir os sportinguistas, que devem pelo menos agora estar agradecidos. Se o odeiam, não é problema meu, e eu não entro em carnavais de ingratos.

O meu contacto com ele resumiu-se a dois minutos de conversa normal antes do ‘Sporting Talks’ em 2018. Mas vivi sempre no meu íntimo com uma sombra relativamente a Varandas. Durante a sua campanha eleitoral contou que se empenhou muito para que os jogadores disputassem a final da Taça de Portugal, quando naquele momento não tinham condições psicológicas para tal após Alcochete. Ora, o presidente não sabia, nem tinha de saber, que o meu pai morreu de forma súbita e inesperada a ver o Sporting-Aves do Jamor. Um leitor pode não entender, pois não passou por esse drama, mas eu perguntei muitas vezes para mim próprio: e se ele não se tivesse empenhado tanto e o jogo não se tivesse realizado, o meu pai ainda estaria vivo? Sinto que a conquista deste campeonato deve servir de catarse dessas nuvens e ser um tributo a tantos sportinguistas (como o meu avô e o meu pai) que não voltaram a ver o Sporting campeão nestes 18 anos.

Tem de dar a mão (como escrevi na semana passada e o Bernardo Ribeiro aqui reforçou) para pacificar o clube, não se vestir de soberba e ser magnânimo. Assumir alguns erros, deitar desconfianças e azedumes para o Mar Morto, condenar publicamente e proibir exércitos do nojo, partir para uma fase de reforço do clube e dar-lhe alicerces para vencer mais vezes. Escrevia Esopo: "A união faz a força e a discordância debilita". Que fantástico seria para o clube se conseguisse prolongar a união.

E se com o presidente devemos ser críticos nos momentos oportunos quando a nau parece desgovernada, com o Hugo Viana fui duro no passado. Falámos logo nesse momento, tudo esclarecido, e recebeu a minha mensagem de parabéns por esta vitória, a que respondeu com enorme simpatia, educação e agregação. Foi ele que impôs a solução Rúben Amorim, um risco elevado que se tornou uma página gloriosa.

Um dos pianistas mais virtuosos do século XX, Arthur Rubinstein, afirmava: "Adoptei a técnica de viver a vida milagre a milagre". Rúben Amorim foi o virtuoso do jogo a jogo no caminho do maior milagre verde e branco. Não se esbanjam hossanas e superlativos quanto ao seu trabalho. O treinador virou unanimidade, por isso aqui fui o primeiro a insistir que renovassem e aumentassem a sua cláusula de rescisão, pois é ele que os adeptos veneram sem hesitações. Foi este o trio do milagre, que continuem a guardar espaço no museu para o que aí vem é o desejo de todos os leões para o amanhã.»
* Texto escrito com a antiga ortografia

Os milagres precisam de alimento!...

Leoninamente,
Até à próxima

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