quinta-feira, 13 de maio de 2021

Ainda há gente séria à nossa volta!!!...


A grande beleza do futebol

«Para que fique claro, não tenho nenhuma inclinação clubística pelo Sporting. Nos tempos que correm no futebol, aliás, é muito improvável que venha a reatar paixões antigas que me empurravam para o velho Estádio da Luz e para a magia que jorrava dos pés de Vítor Baptista, Nené, Chalana, Jordão e Toni. Depois, a mesma sensação despontava ao ver o imenso Futre, que era um produto cruzado da cultura competitiva dos três grandes. Futre era único, no seu tempo, o que tornava totalmente indiferente a camisola que envergasse aos olhos de quem ama a beleza do futebol de rua, a rebeldia táctica, a poesia de potro indomável que o genial jogador espalhava pelo campo. Essa beleza do futebol percorria os clubes da minha geografia sentimental, que ia do Vitória de Setúbal à Académica. E foi sempre isso que me prendeu ao futebol, que abandonei quando as sociedades anónimas desportivas ditaram as suas regras de pura mercantilização do talento e do suor dos jogadores, que transformaram os clubes em buracos de dívida sem fundo, às mãos de dirigentes que os usam como meio de sobrevivência e aval pessoal perante a banca.

Para ser verdadeiro, por estes dias, o que me reconciliou com esse futebol do meu velho bairro odemirense, mesclado de talento e generosidade, foi Palhinha (que jogador!), Daniel Bragança, Nuno Mendes, Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Jovane, Coates ou Matheus Nunes. Que grande geração de jogadores, que viveiro para a Selecção Nacional!

Os jogadores e os adeptos sempre foram a essência e a beleza do futebol. Esta semana, os jogadores do Sporting mostraram isso ao mundo do futebol. São eles, com a sua força, querer, garra e talento, com o infinito poder da sua juventude, que provaram ser possível tirar um clube com a grandeza do Sporting do inferno mais humilhante e levá-lo até ao cume da glória.
A vitória dos jogadores do Sporting, dos seus adeptos e da sua direcção, representa o triunfo da decência contra o gangsterismo mercantil que hoje domina o futebol e que utiliza como braço armado claques que não servem para nada a não ser para espalhar o ódio e o terror.

É um triunfo que simboliza a afirmação da transparência de gestão sobre o banditismo instalado no futebol. O banditismo que vive por conta das velhas redes clientelares de uma banca que era suposto ter morrido em 2014, com a queda do Grupo Espírito Santo, mas que ainda dá sinais de vida. Ou aqueloutro banditismo que vive por conta do verdadeiro oligopólio que montaram no negócio da compra e venda de jogadores e que tanto dá comissões a quem vende como a quem compra. Parabéns, Sporting!»

Ainda há gente séria à nossa volta!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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