Reflectir é preciso!...

Não há exércitos imbatíveis

«Napoleão Bonaparte teve um dos mais arrasadores exércitos do mundo mas baqueou no Inverno russo e a partir daí começou o seu ocaso. Aníbal, o cartaginês, um dos maiores estrategas militares da história, famoso pelo poderio dos seus elefantes, foi arrasado e os romanos eliminaram assim um dos poucos inimigos que fizeram tremer a sua ânsia de conquistas. E até uma Armada, dita Invencível, reunida por Filipe II de Espanha pereceu sem contemplações nas mãos dos ingleses no século XVI.

Ora, Jorge Jesus não é Napoleão, Aníbal ou Filipe II. Apesar da percepção generalizada criada pelas sucessivas vagas de reforços de vulto, apesar de uma ostensiva demonstração de poder financeiro que passa cheques para contratações sem parar para pensar num amanhã que é incerto, o recém chegado de um Flamengo onde ganhou quase tudo, com todo o mérito pela sua competência técnica de grande treinador, precisa de alguém que lhe recorde que não há exércitos imbatíveis.

Quando já se prepara a próxima época, fica bem claro que só o FC Porto poderá ombrear com os encarnados. No Sporting as expectativas estão baixíssimas e o clima é novamente de cortar à faca e em Braga dá-se mais um passo no crescimento do projecto de António Salvador. - a chegada de Nico Gaitán e a manobra de comunicação que o envolveu é de estrutura de topo.

Dizia o cartaginês Aníbal, "ou nós encontramos um caminho ou abrimos um". Lá nos gabinetes portistas já se descobriu que o caminho é vender jovens pérolas (Fábio Silva, Diogo Leite, Vitor Ferreira, Tomás Esteves) para cumprir as exigências da UEFA e tentar renovar com os pesos-pesados mantendo uma estrutura competitiva que Sérgio Conceição não pode deixar de exigir para combater Jorge Jesus.

Quando se perde uma peça é que se descobre que o puzzle não faz sentido. E a peça que neste momento não se pode perder para chamamentos de Inter ou Lazio é o técnico duas vezes campeão em três anos. Com ele, os adeptos azuis e brancos confiam que o seu talento e alma guerreira dão cimento ao contexto, sem ele será muito mais complicado voltar a acreditar.

Napoleão afirmava que "o tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais". Sérgio Conceição precisa de armas para não perder tempo no combate que se avizinha, pois se não as tiver terá de ter presente que o amor e gratidão no futebol são efémeros.

PS: "Por la paz, un avemaria", dizem por Espanha. significando olhem para o lado e façam de conta que não vêem nada. O que se passa no Valência, com um "investidor qualificado", Peter Lim, com saídas e compras duvidosas levam os adeptos a pensar que há carrosséis inexplicáveis e que as vendas das SAD não são nenhum unicórnio.»

(Rui Calafate, Factor Racional, in Record, hoje às 17:13)

Reflectir é preciso!...

Leoninamente,

Até à próxima