quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Tisana da pedra!...


Tempo de expectativas

«Pedro Proença (e bem) já ameaçou que se houver público na Fórmula 1 a realizar no Algarve, vai bater o pé ao Governo e DGS. Mas nem devia esperar tanto quando já sabemos que se aguardam 100 mil pessoas para a Festa do Avante. Exigem-se critérios coerentes com a certeza de que o futebol sem público tem menos sal e é um rombo directo indiscutível nas finanças dos clubes.

Vivemos a época que motiva todos os adeptos, aquela altura em que se conhecem as trutas que podem enriquecer planteis, mas nestes dias estranhos e de incerteza, não é bem assim. É um mercado esquisito, que deixa atónitos quem continua a ouvir falar de grandes operações de milhões quando ninguém sabe quando voltam os adeptos aos estádios e se uma segunda vaga do vírus matará a indústria.

Por cá, só falando dos três grandes, Benfica, agarrando nas palavras de Jorge Jesus, promete ser arrasador e com um investimento que só prova que Luís Filipe Vieira é um homem desesperado, precisa de ganhar eleições e aquela rábula de afirmar que ia consultar a família para ver se ia continuar foi apenas um péssimo momento de uma má revista do Parque Mayer. As expectativas estão elevadíssimas, qualquer derrapagem será um passo para o precipício.

No FC Porto assiste-se, apesar da renda garantida da Champions, a um regresso ao mercado interno para compensar uma série de craques e alguns jovens promissores que terão de sair para safar as contas. Cláudio Ramos. Pedro Gonçalves, Taremi, Zaidu, Toni Martinez são jogadores muito interessantes numa época em que mais uma vez Sérgio Conceição será o verdadeiro ás de trunfo.

Estou em Sesimbra de férias, todos os anos converso com amigos que dizem "este ano é que é", pois bem, nunca vi os sportinguistas tão desalentados, sem qualquer empatia com o presidente, a esmorecerem tanto na sua paixão. E Porro, Feddal, Adán e Antunes não empolgam ninguém. Ruben Amorim terá papel importantíssimo na regeneração desta esperança adormecida, o seu discurso que tem sido bom terá de reerguer um clube novamente dividido, agora por causa do I-Voting. E se um dia João Rocha alertou e com razão para os malefícios do "Projecto Roquette" que aí vinha, é tempo de se dizer que a aprovação do I-Voting (sou contra) é o princípio do fim do Sporting como o conhecemos. O alargamento do voto electrónico presencial aos núcleos bastava, o I-Voting não é seguro nem confiável e ainda o ano passado os sócios do Barcelona o chumbaram. Mas nos leões as expectativas estão tão baixas que isso até poderá ajudar na pressão que não existirá.

PS: uma palavra para António Freitas, presidente do Aves, num combate contra um bando de vigaristas e que me faz lembrar a luta de António Fiuza em defesa do Gil Vicente noutros tempos e por outros motivos. Estes são os combates que valem a pena pela justiça e idoneidade do futebol.»
(Rui Calafate, Factor Racional, in Record, hoje às 17:41)

Imagine-se que Caldeiradix é um 'druída tuga', responsável por transformar uma qualquer pedra no fundo de uma enorme panela meia de água, suspensa sobre a grande fogueira que é o futebol português, numa milagrosa "sopa da pedra" capaz de dar força sobre-humana a quem tivesse o privilégio de a comer.

Imagine-se que em vez de lhe ser permitido atirar para dentro da panela o futebol com que Pedro Proença sonha, pujante e com público à semelhança das touradas do Campo Pequeno e da Festa do Avante, se vê obrigado a trocá-lo por um insipiente  chouriço fumado de 'regulamentos e deveres', cozinhado pela 'velha vaga' de políticos a quem vai fenecendo a coragem, de braço dado com uma inusitada 'nova vaga' de 'achistas', que se acham entendidos em ciências médicas, virologia, epidemiologia, imunologia e um vasto leque de quejandos que jamais poderão caber naquela panela...

Imagine-se que o mesmo lhe acontecerá com o Benfica gostoso, suculento e glorioso de que se costumam ufanar os seus adeptos, e o pobre mágico se vê constrangido a trocá-lo por um 'saco de expectativas' que, como a premonição de Rui Calafate deixa bem entender, "à menor derrapagem", bastará um só passo para se precipitar, quiçá desaparecer no "precipício"...

Imagine-se que, simultâneamente, apenas poderá contar com o isolado, curto e quase inócuo chourição do "ás de trunfo" que lhe poderá sorrir das Antas, mas que, sendo de papel ou mesmo plástico, o uso tornou gasto e insignificante e, por si só, pouca ou nenhuma substância trará ao caldo da pedra, sendo que, por mais milagres que o "ás de trunfo" consiga, ao druída nunca fornecerá as batatas, o feijão e as hortaliças necessárias...

Imagine-se, finalmente, que a repugnância não lhe permite utilizar qualquer produto contido no volumoso "saco de gatos" em que se transformou Alvalade e que, para acabar em desespero, o tempo que levará o Freitas do Aves a preparar os seus 'fumados' será igual ou superior àquele que o Fiúza do Gil teve de esperar para que lhe fosse feita alguma justiça...

Coitado do  Caldeiradix! Acabará por não terminar a sopa tão cedo e os adeptos do futebol estarão condenados a tomar apenas e tão só, em vez da suculenta "sopa da pedra", que lhes faria crescer água na boca, uma reles e desenxabida, para mais sem um único grãozinho de açúcar...

Tisana da pedra!...

Leoninamente,
Até à próxima

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