domingo, 2 de setembro de 2018

E o resto é só palheta, palheta, muita palheta!!!...

E tudo Jovane mudou

«Às vezes, é tudo uma questão de paciência. A paciência que Matheus não teve é a mesma que Jovane Cabral, o miúdo nascido há 20 anos na ilha cabo-verdiana de Santiago, está a aproveitar. Quando ele sai do banco, o Sporting muda. Foi assim frente ao Moreirense, quando sofreu a grande penalidade que permitiu aos leões engatarem uma vitória difícil. Foi assim na jornada seguinte, frente ao V. Setúbal, quando menos de 10 minutos depois de entrar deu a assistência para Nani fazer um segundo golo que valeu três pontos.

E foi assim este sábado. Ele entrou e o Sporting mudou. O golo que marcou a três minutos do fim e que desfez um zero-zero que em alguns momentos do jogo pareceu mais que anunciado, foi só a cereja, o lacinho, a pièce de résistance.

O Sporting começou a mudar, portanto, aos 66 minutos de jogo, quando José Peseiro percebeu que a estratégia inicial não era suficiente para ganhar. Tal como no dérbi, o treinador leonino voltou a apostar num núcleo a meio-campo com Battaglia e Acuña e Raphinha nas alas e se quase sempre o Sporting conseguiu anular as armas atacantes do Feirense (Tiago Silva, o cérebro, à cabeça), no seu próprio ataque sofreu.

Sofreu porque o ADN deste Feirense, goste-se ou não do estilo, é bem marcado: é uma equipa que defende de forma quase crustácea, que suga todo o espaço ao adversário, o que é bem diferente de defender com o autocarro. Defender também pode ser uma arte e o Feirense fá-la bem.

Sofreu também por não ter tido criatividade e por as armas alternativas, como os remates de longa distância, nunca terem funcionado - Bruno Fernandes, neste particular, está claramente em fase-não.

Não foi por isso estranho, apesar do Sporting ter quase sempre rondado a área adversária, que as duas mais flagrantes oportunidades da 1.ª parte tenham sido do Feirense. Edinho, que adora marcar ao Sporting, desta vez estava de mira desacertada: atirou à trave num livre direto aos 16’ e já nos 45’ desaproveitou um excelente trabalho de Sturgeon, rematando por cima sozinho e à boca da baliza.

O jogo estava mastigado para o Sporting e também não ajudava o excesso de bola longa, que não é exatamente o jogo que um Montero ou um Bruno Fernandes precise. A entrada de Jovane por Jefferson muda a estratégia: Acuña vai para a lateral-esquerda, Bruno Fernandes desce para mais perto de Battaglia, Nani aproxima-se de Montero no centro e a seta Jovane junta-se à seta Raphinha nas alas.

E a partir daí, o Sporting ganhou aquilo que não tinha tido em 66 minutos: intensidade e imprevisibilidade. E é a partir daí que começam a surgir oportunidades em catadupa para os leões. Aos 74’ André Pinto rematou no coração da área para uma defesa de Caio Secco que apenas o instinto pode explicar. Dois minutos depois foi Battaglia a errar o alvo por centímetros após um canto, para na jogada seguinte rematar de forma potente para mais uma defesa decisiva de Caio Secco.

O guarda-redes do Feirense, (equipa) que pouco ou nada produziu no ataque na 2.ª parte, só não conseguiu defender o remate que daria o primeiro golo no campeonato ao jovem Jovane e a vitória ao Sporting. Foi aos 87’, numa jogada em que Raphinha trocou as voltas ao seu defensor para depois apanhar Ristovski em corrida. O lateral cruzou e no meio da confusão de pernas, a de Jovane foi a mais lesta.
Foi um jogo de paciência, esta vitória do Sporting, mas a paciência por vezes é recompensada. E talvez a recompensa mais justa para Jovane fosse um lugar no onze. Se ele consegue sempre mudar tudo a 20 minutos do fim, porque não poderá fazê-lo durante 90 minutos?»

Ninguém duvidará que José Peseiro se questionará muitas vezes sobre o que está à vista de todos. Mas apenas ele poderá encontrar as respostas que a ninguém ocorrem. Torna-se por demais evidente que Jefferson não tem andamento para "estas corridas" e que de há muito constituirá problema em vez de solução. Que Acuña acabará no Sporting como se viu obrigado a acabar na selecção argentina, se quiser continuar a ser opção para Sampaoli e, em Alvalade, para Peseiro. Que Battaglia destrói mas o seu recorte técnico e atabalhoamento o impedem de construir. Que Bruno Fernandes já esteve e agora, surpreendentemente, não está no ponto a que nos habituou e o levou a ser considerado o melhor da Liga NOS na época passada. Que Petrovic nem com tinta "robbialac" algum dia terá classe e categoria para o banco leonino. Que Nani estará a entrar na fase que Cristiano Ronaldo atravessou, a partir do momento em que ultrapassou os 30, e a exigir um considerável stock de pinças. Que será sempre um pecado maior permitir a Raphinha um minuto de banco. E... que esse mesmo banco para Jovane deverá vir sim, mas apenas quando o indicador do carregamento da bateria entrar em alarme...

Por tudo isto e por algo mais que José Peseiro ainda não explicou, mas que as contratações conseguidas e as próximas três semanas, imperiosamente, o terão de ajudar a explicar, a ninguém restarão dúvidas de que o Sporting nunca se poderá apresentar em Braga a 23 deste mês, com as debilidades que até contra o Benfica demonstrou e o impediram de trazer uma inequívoca vitória da Luz.

José Peseiro terá de compreender depressa, muito depressa que, se os sportinguistas lhe perdoaram o "medo" da fanfarronice de Rui Vitória, não estarão dispostos a voltar a perdoar toda a fanforronice e não só, ultimamente instaladas na Pedreira.

José Peseiro, parece disposto a não voltar a permitir "rochembackadas" como aquela de ir "tomar no c." que ouviu nas Antas. Matheus Pereira continua a "levar para tabaco" como há muito deveria ter levado de JJ. E com ele, Francisco Geraldes e outros, tantos outros cujos nomes agora não virão ao caso, mas que os sportinguistas atentos já conhecem de sobejo, pelo que ouvem dizer dos treinos e pelo que assistem nos "bataclans" de Lisboa!...

Agora, três semanas será quase uma pré-época. A 23 de Setembro José Peseiro não terá desculpas com as lesões de Mathieu e Bas Dost. Nem com as "caloirices" de Gudelj ou Diaby. E, para teimoso e casmurro, já tivemos que bastasse com JJ... Zé Peseiro, nós queremos ser campeões...

E o resto é só palheta, palheta, muita palheta!!!...

Leoninamente,
Até á próxima

4 comentários:

  1. Amigo
    Não queiramos ser treinadores de bancada. Peseiro, que parece que no Sporting nenhum adepto gosta dele, trabalha diariamente com os jogadores e saberá melhor que ninguém que garantias cada um lhe dá.
    Em minha opinião, no caso de Jovane, compreendo a sua opção. O miúdo é forte, rápido e intenso, mas será melhor para o Jovane ir crescendo consistentemente, entrando a meio da segunda parte, e nessa fase a sua frescura pode fazer a diferença, como tem feito, com adversários já com uma hora nas pernas.
    Abraço
    SL

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    1. Amigo, aceito que faça bastante sentido o teu comentário, no que diz respeito ao Jovane. Quanto ao não gostar de Peseiro, já não se passará comigo o que dizes passar-se com a maioria dos sportinguistas. Eu não me esqueço que vi o Sporting de Peseiro, em 2005, jogar do melhor futebol de que me lembro em tempos mais recentes, apesar da final UEFA perdida e do título por um canudo. Acho no entanto que ainda não se terá soltado e transmite aos adeptos alguma reserva que ainda não consigo adjectivar. Medo, calculismo em excesso?! Não sei. Vamos ver como fará a gestão e a integração na equipa, de Gudelj e Diaby e como resultará o Sporting em Braga. Para já acho o jogo leonino muito mastigado e com eficácia confrangedora. Acredito que neste intervalo de três semanas, o treino e a sedimentação das ideias de Peseiro, possam modificar a situação. Mas Jefferson e Petrovic fazem-me a cabeça em água...
      Grande abraço e SL

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  2. Não confundir as aparências com as essências... O mesmo é dizer a estética do futebol de Peseiro, em alguns jogos, com a substância, os pontos no final da competição... O Sporting, de há 14 anos, de Peseiro, em termos de números foi muito mau. Na liga teve uma enormidade de derrotas!: Só com as equipas da Madeira foram quatro! Perdeu ainda com o Benfas, Porto, belenenses, Penafiel, esta por 0-2, em casa! Não sei se me escapa ainda mais alguma derrota.

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  3. Saber esperar é virtude.
    Contudo esperar anos emprestado e voltando não vislumbrar possibilidades....
    Vai lá vai....
    José Fernando

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