sábado, 22 de setembro de 2018

Tão óbvio que deixará muita gente com "pele de galinha"!...


Promiscuidade ao mais alto nível

«Quem segue as minhas intervenções públicas sabe que, em relação ao 'Benfica de Vieira', sempre apresentei as minhas teses em dois planos:
1. A evolução que o clube conheceu, do ponto de vista da modernização das infra-estruturas, com óbvia repercussão na qualidade do projecto desportivo;
2. A obsessão em querer ver tudo controlado, fora das 4 linhas, como espécie de 'lei' conferida pela sua dimensão (sobretudo) nacional - número de adeptos, maior atractividade comercial, etc., etc.
Com Vieira, tem havido '2 Benficas': um pujante e progressivo, e profissional, no que diz respeito à sua 'roupagem' de grande clube; um outro capaz de promover mecanismos e dinâmicas de sedução pouco recomendáveis - e o eufemismo nem sequer pretende mitigar a acusação do Ministério Público em relação ao 'e-toupeira', segundo a qual a SAD está acusada de 1 crime de corrupção activa, 1 crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem e 28 crimes de falsidade informática.

Nesta obsessão de ver tudo controlado (Arbitragem, Disciplina, Justiça, Parlamento, Comunicação Social, etc.), os responsáveis do Benfica têm sido de uma arrogância que lhes pode ser fatal. Acharam que nada os podia atingir, protegidos pela força da 'marca Benfica', e a revelação dos emails, depois de ter aberto a 'caça ao hacker', mostra acima de tudo - e o que de resto as investigações determinarem - uma grande promiscuidade. Promiscuidade ao mais alto nível.

Esta ideia de promiscuidade à solta, sob a convicção de que a Justiça não pune os poderosos, representa um olhar redutor de um país periférico, sem lei, sem autoridade, sem dignidade. Um olhar próprio de quem vê, através de um umbigo espelhado, uma República das Bananas.

O acesso ilegítimo é punido por lei. Mas, como tenho sempre dito, o acesso ilegítimo não pode ser apenas censurado quando nos sentimos invadidos na nossa privacidade; também tem de ser (auto) reprovado quando se acede, ilegitimamente, aos processos que deveriam estar em recato na máquina do aparelho judicial e judiciário.

O Benfica perde qualquer tipo de razão quando critica a devassa do seu sistema informático e não o consegue fazer quando devassa o sistema informático da Justiça. Ambas as situações são graves e punidas por lei.

Há um denominador comum em todos os processos a envolver o Benfica: tentar 'prender o rabo' a várias figuras ligadas, directa e/ou indirectamente, ao futebol. Foi assim com os vouchers, foi assim com a criação das toupeiras, foi assim com o processo de rangelização do 'aparelho judicial'. A ideia é a mesma: que nenhum 'árbitro' tenha condições ou a ousadia de tomar decisões contra os alegados interesses do Benfica. Uma espécie de (boa) polícia de usos e costumes, à prova de qualquer iniciativa policial.

Quando um clube de futebol ousa criar uma espécie de 'ultra-polícia', para tentar estar um passo à frente das investigações, algo está profundamente errado no cérebro de algumas pessoas. A ideia é demasiado ousada e arriscada para ser patrocinada ou em negação ou em doses contraditórias de decisões que nunca são assumidas em pleno, como no caso vertente de Paulo Gonçalves.

As ligações do Benfica com Paulo Gonçalves são tão fortes que, mesmo na hora de prescindir dos seus serviços, foram necessários (em comunicado) mais do que mínimos salamaleques. O reconhecimento da lealdade (de Paulo Gonçalves) legitima a leitura de que ele estava alinhado com uma estratégia e com o projecto em todas as suas vertentes. A não assumpção, por parte da Benfica SAD, da responsabilidade de prescindir dos serviços do seu ex-assessor jurídico já significa muito. A proposta foi de Paulo Gonçalves; não foi do Benfica. Quer dizer: ambos podem ter concertado posições, no sentido de, no limite, se protegerem um ao outro, numa manobra de contorcionismo desconfortável e impossível, mas a imagem que fica é muito redutora para o Benfica: não foi capaz de tomar uma posição clara, e a recente imagem de Paulo Gonçalves na tribuna de honra [vide foto deste texto] adensa essa ideia de que o Benfica se deixou aprisionar.

Esta ideia de um Benfica aprisionado (e verdadeiramente em apertos) é perturbante e penaliza muito a imagem de Luís Filipe Vieira.

Os 'injectores' em alta

Chamo-lhes os injectores, porque injectam energia e velocidade no jogo, quando tudo parece demasiado compactado, organizado, murado. Gelson era o principal injector no 'Sporting de Jesus'. Agora, com Peseiro, Raphinha e Jovane candidatam-se a injectores principais do Sporting, como se tem visto nos últimos jogos, nomeadamente neste último com o Qarabag, no qual ambos foram decisivos. Estes jogadores são cada vez mais importantes no futebol moderno. Isso não reduz a importância da componente da organização táctica, dos índices físico-atléticos, etc. Simplesmente, quando está tudo organizado e compactado, é preciso alguém que 'desorganize a organização'. Esses são os injectores, como o são Salvio, Cervi ou Rafa no Benfica, que também podem ter momentos de menor inspiração como aconteceu com toda a equipa encarnada no jogo com o Bayern, durante o qual a Luz 'abriu alas' a Renato Sanches. Há noites em que nem os injectores funcionam, injectores esses que há em escasso número no plantel do FC Porto.

O CACTO

Quem Lucília assim não é gago?

Joana Marques Vidal poderia ser, ou não, conforme os pontos de vista, a Rainha de Inglaterra do Ministério Público, mas verdade é que, na sequência de um muito polémico mandato de Pinto Monteiro na PGR, conseguiu "dirigir, coordenar e fiscalizar a actividade do MP e emitir as directivas, ordens e instruções a que deve obedecer a actuação dos respectivos magistrados" com reconhecida eficácia, mitigando a ideia de que a Justiça fenece perante os poderosos. Merece, por isso, aplauso e talvez merecesse uma melhor apreciação do Governo e do PR. Esperemos que a sua substituta, Lucília Gago, se mantenha fiel ao princípio da separação de poderes e não feche os olhos à corrupção que grassa no país.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)


Gago decerto parece continuar a não ser Rui Santos. De gago nada terá e a busca incessante de zonas de conforto, tão comuns no jornalismo desportivo português, também não me parece que estejam escritas na linhas traçadas na palma da sua mão!...

Tão óbvio que deixará muita gente com "pele de galinha"!...

Leoninamente,
Até à próxima

1 comentário:

  1. Ainda tenho "uma esperançazita" de que a substituta da actual PGR "os tenha no sítio"...
    Pelo contrário os lampiões (e todos os outros "c..rões" ) estão coma esperança de que "venha aí uma borrachita..."...

    Estou desejando que chegue 2ª feira para assistir a mais "uma pega de caras" ao Pedro Guerra...

    SL

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