O trunfo do silêncio
«Os primeiros dias de Frederico Varandas já trouxeram algo de novo. Trabalho em discrição, sem tentações de tornar o Sporting num ‘reality show’; zero declarações avulsas sobre tudo e sobre nada; as sombras dos bastidores impuseram-se às luzes da ribalta; e uma paz simbolizada com a união dos candidatos – como aqui no Record sugeri na semana passada – na tribuna de honra que dão as condições ideais para um arranque tranquilo, para se agilizarem processos, para os novos elementos conhecerem os cantos à casa e se procederem às mudanças de peças que estrategicamente sejam necessárias.
Quem me segue, sabe que julgo que o Sporting Clube de Portugal tem décadas de má comunicação, uma série de egos que se deslumbram quando vêem um microfone, quando aquilo que era útil para o clube era tornar-se mestre a manusear o silêncio. Pelos nossos próprios erros e por inépcia comunicacional estivemos na boca do inferno de uma crise que tirou de cena o verdadeiro calvário mediático que podia avassalar o nosso principal rival. Por isso, tenho de afirmar que o Sporting foi durante meses o principal escudo e verdadeiro operário de ‘damage control’ do Benfica.
Como temos visto, a grande crise, as suspeitas graves, moravam na Luz que tem sido, agora, diariamente capa de jornais e assunto de debate de painéis televisivos, porque é verdadeiramente notícia. E os meios de comunicação social, é bom que se frise, não têm sede por atacar a jugular específica de um homem, empresa, instituição ou clube. Sabem é onde está a notícia que interessa ao público e não a largam exercendo o escrutínio que todos os cidadãos agradecem. Hoje, os holofotes estão na Luz porque é ali que Roma está a arder e o Sporting contribuiu para isso porque usou o melhor trunfo que tinha: remeter-se ao silêncio. É estar atento, exigir que a Justiça cumpra o seu papel e continuar a trabalhar serenamente.
O último parágrafo tenho de dedicar à Sport TV. Respeito a empresa, sua administração e profissionais, mas como cliente tenho de dar eco a tantos que como eu se sentem ludibriados. Claro que temos um remédio, deixar de o subscrever, mas julgo que não é esse o objectivo do canal. Nesta quarta, enquanto decorria a Champions que sempre me habituei ali a ver, a Sport TV dava resumo da Liga turca, repetições de jogos e um torneio de padel. Relembro que a mesma perdeu a Champions League, Liga espanhola (Barcelona e Real Madrid), francesa e alemã e não baixou um cêntimo aos seus clientes, ora, isto é praticar preços de luxo a quem destrata e desconsidera com a oferta que perdeu. O mais grave é que os parceiros no crime são as operadoras Vodafone (a minha para a qual já lavrei o meu protesto), Meo e Nos que são accionistas do canal e assobiam para o lado enquanto irão assistir a milhares de desistências e naturalmente à perda de lucros. Nos tempos modernos os monopólios têm os dias contados e estes cavalheiros ainda não perceberam que para se ter sucesso e fidelização de clientes tem de se criar uma comunidade de confiança e respeito que a Sport TV destruiu por teimosia e falta de visão. Se virem bem, é também um problema de comunicação, mas, como tenho dito, no desporto português impera um desconhecimento total sobre comunicação. A Sport TV é só mais uma evidência.»
Rui Calafate com conhecimento e inteligência coloca o dedo na ferida aberta no Sporting durante cinco longos e penosos anos. Em todo esse tempo, Frederico Varandas apenas terá precisado de estar atento, para saber sem qualquer margem de dúvida aquilo que agora deverá, necessária e imperiosamente fazer. E parece-me também a mim, que estará a fazê-lo com a convicção, o bom senso, o critério e a suprema inteligência que sempre faltaram a quem o antecedeu. Uma lufada de ar fresco que começa a envolver toda a grande nação sportinguista, a concorrer para que tão rápido quanto possível possam ser saradas as feridas abertas e sistematicamente reabertas e que bem mereceria da parte de uma cada vez mais reduzida, mas eternamente belicosa e injusta faixa de adeptos sportinguistas, uma outra e completamente diferente atitude...
Mas eu acredito na paciência de Varandas!...
Leoninamente,
Até à próxima
Mas eu acredito na paciência de Varandas!...
Leoninamente,
Até à próxima
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