quarta-feira, 19 de novembro de 2025

A Alma Criativa do Bi quer o Tri!!!...


Cada vez mais e melhor Trincão

«A primeira grande contribuição da universalidade no futebol aconteceu com o sublime Ajax de Rinus Michels, a que Stefan Kovacs deu a plasticidade de uma das mais fabulosas criações da história do jogo – sempre à volta do génio de Johan Cruyff. Essa expressão inovadora encerrava a complexidade, hoje trivial, de ninguém se sentir desconfortável em qualquer zona do terreno, perante situações exigentes de capacidades técnicas e tácticas não consideradas essenciais. Jogadores polivalentes sempre houve – em Portugal, Germano Figueiredo, central de topo mundial, foi médio, avançado e até a guarda-redes teve de jogar (e bem) na final da Taça dos Campeões de 1965. Elevar essa virtude ao colectivo é muito mais raro e difícil.

Como força motriz da máquina e meio de fortalecê-la pela via da abrangência funcional de cada elemento, a capacidade de dominar mais do que uma tarefa constitui um modo de potenciar a qualidade global. George Bernard Shaw (1856-1950), dramaturgo irlandês e Prémio Nobel da Literatura (1925), não pensava em futebol quando assumiu a paternidade de um conceito suficientemente profundo para nos fazer pensar: “O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos e, por fim, acaba sabendo tudo sobre nada”.

Trincão, extremo imprevisível, instintivo, rápido nos deslocamentos, com perfeita articulação motora e facilidade em eliminar adversários, abandonou a vida junto às linhas laterais e passou a jogar no meio, como alma criativa do bicampeão nacional. Joga cada vez mais e melhor, aumentando a preponderância de um jogo colectivo dimensionado em larga medida pela sua contribuição.

Junto à linha lateral na direita, flanco mais adequado à sua natureza de esquerdino, Trincão era um desestabilizador encartado, que descobria e inventava espaços, definia bem e decidia em prol da equipa: altruísta quando devia ser ou assumindo ele próprio a óptima relação mantida com o último toque – nas três primeiras épocas em Alvalade somou 34 golos e 30 assistências. Rui Borges assumiu o desígnio de colocá-lo mais próximo do centro de decisão do jogo, na pele de motor do processo ofensivo. O resultado tem sido excepcional, porque transportou para o eixo as qualidades de extremo e acrescentou-lhes os atributos de quem, por visão, técnica, influência e sentido táctico, se tornou um potencial desbloqueador de situações delicadas.

Trincão tem sido o melhor atacante da Liga, o mais brilhante e decisivo; o mais influente no rendimento dos outros e o mais preponderante na qualidade da produção. Por estilo, confiança e momento, impõe-se pela forma como acelera o jogo e lhe dá intensidade, com e sem bola (é um importante defensor em zonas adiantadas); cumpre todos os requisitos que lhe permitem esperar pela inspiração trabalhando como operário; funciona como denominador comum da manobra, contribuindo em larga escala para a vertigem que caracteriza a aproximação à baliza. E nada disso lhe retira clarividência, nem a noção de equilíbrio e demais responsabilidades inerentes a quem pisa terrenos centrais.

Com cinco golos e três assistências, em 17 jogos, Trincão caminha para uma época estatisticamente ao nível das anteriores. Há cerca de dois anos, em entrevista a Record, Vicktor Gyökeres disse estar fascinado pelo tiro fácil e certeiro do companheiro: “Tem uma finalização espantosa a longa distância”. Quando aperfeiçoar o que faz melhor longe dos nossos olhares (nos treinos) tornar-se-á um craque universal.»

A Alma Criativa do Bi quer o Tri!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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