quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Verbo é e está e estará, com Jorge Jesus! Ponto final!...



Paulo Oliveira é o central do futuro

Foi o Milan de Sacchi, na segunda metade dos anos 80, quem forneceu os argumentos que faltavam à convicção de que a beleza no futebol não é um exclusivo dos artistas que tratam a bola por tu. O quarteto composto por Tassotti, Baresi, Costacurta e Maldini são representantes de um fenómeno colectivo que universalizou a verdade que também os defesas são capazes de expressar valores espontâneos agregados ao instinto e à intuição. Paulo Oliveira é a mais recente conquista para o grupo daqueles que, em busca da bola, conseguem ser tão brilhantes como os deuses que a tratam com esmero e a quem reservamos lugar no olimpo da paixão pelo jogo. Só uma elite é capaz de, face a adversários com soluções técnicas deslumbrantes, apresentar repertório com argumentos igualmente ricos para travá-los sem recorrer à falta, muito menos à grosseria que caracteriza boa parte dos defensores do templo.

Sendo ainda um jovem, sabe quase tudo sobre a articulação com os parceiros do meio onde vive e sobre a gestão dos duelos individuais – conhece de trás para a frente a cartilha de como deve posicionar-se e agir perante adversários rápidos, talentosos e que sejam uma coisa e outra. É muitas vezes cinematográfica a forma como vai medindo intenções, avanços e movimentação geral do portador da bola até agir sobre ele, desarmá-lo e dar seguimento ao jogo. Nesses lances de contacto é como o carteirista experiente em acção sobre vítimas inocentes. Tem tanta classe, é tão subtil e aproxima-se tanto da perfeição que os avançados, tal como sucede na vida real dos transportes públicos, só tarde percebem que já não têm nos pés o tesouro feito de couro que deviam guardar. Ao contrário de quem está constantemente obrigado a actos de heroísmo para rectificar erros, Paulo Oliveira tem o condão de acertar quase tudo à primeira.

O defesa do Sporting não vive momento de plenitude prematura; atravessa apenas um troço para consolidar autoridade, confiança e prestígio, elementos sem os quais não tirará todo o proveito do potencial ilimitado que possui. De resto tem personalidade para travar o TGV, quanto mais avançados maliciosos, enganadores e de instintos agressivos.

Por temperamento, nunca se resigna a desaires momentâneos, que interpreta como episódios transitórios para a vitória final. Paulo Oliveira está a construir-se como jogador à custa de argumentos que definem os grandes centrais, aqueles que acedem à história como parceiros dos maiores protagonistas: adivinha, antecipa e chega primeiro o que lhe dá vantagem se tiver de ir ao choque; quando os factos ocorrem, já está no local há centésimos de segundo – mas se, por qualquer motivo, se atrasa, recupera à custa de tremenda velocidade de deslocamento. É felino a reagir em espaços curtos (agilidade sublime) e imperial na gestão do território em campo aberto (inteligente e rápido). Está a meio da viagem que deve fará dele um herdeiro dilecto de estrelas que trouxeram o futebol nacional ao topo do Mundo.

Paulo Oliveira está a evoluir para um extraordinário defesa-central, protagonista de evolução cujo destino, em breve, ninguém ousará discutir: será o expoente máximo da função na próxima década a nível nacional. Aos 23 anos conta, desde logo, com a vantagem da idade sobre Ricardo Carvalho (37 anos), Bruno Alves (33), Pepe (32) e José Fonte (31); mas não tarda juntará aos favores do tempo a qualidade que sustentou a aposta de um treinador com vistas largas, que lhe deu a titularidade numa grande equipa (Marco Silva), e a consolidação do talento superior orientada pelo saber enciclopédico de um mestre que melhora tudo em que põe as mãos (Jorge Jesus). Precisa agora de entender que este momento exuberante a todos os níveis não é de plenitude prematura mas um simples troço para consolidar a autoridade, a confiança e o prestígio sem os quais não tirará todo o proveito do potencial ilimitado que possui. [...]

Jefferson entrou com o gás todo

O arranque leonino tem dado brilho a futebolistas vistos como discutíveis. Jefferson mantém o estilo e está a dar-lhe regularidade, consistência, intensidade e brilhantismo. Em jogadores tão vertiginosos, a intervenção do treinador deve incidir no estímulo à moderação. Jorge Jesus está a agir como pedagogo que confia no talento do aluno: não lhe cortou a liberdade, apenas exige que ele saiba usá-la. Pode ser uma solução definitiva onde, no passado, havia um eterno problema para resolver...". 

"No princípio era o Verbo...". Não, não quero, como agnóstico que sou, valer-me da abertura do primeiro capítulo do Evangelho de João, que nos versículos iniciais retoma a criação do mundo, abordada no primeiro capítulo da Génesis. Com o devido e profundo respeito que me merecem todos aqueles que não comungam a minha concepção de mundo, o Verbo para mim nunca será, nem estará, com nenhum deus...

O Verbo a que aqui e agora me pretendo referir, não será mais que... "a questão central"! Não propriamente a questão dos centrais, que esteve na origem da angústia que o fracasso da época passada provocou na grande nação leonina e que alguns julgam ter sido redimida, tanto pela cavalgada final do Jamor, quanto pelo triunfo da cor verde na lotaria das grandes penalidades. entregando a coroa de louros a quem durante toda a época não foi capaz de resolver o Verbo, aquilo que volto a repisar, como... "a questão central".

A crónica de Rui Dias, mais não faz do que trazer-me o conforto de que a ideia que em toda a época passada defendi estava correcta: "a questão central" que sempre esteve por detrás das vicissitudes por que passou a defesa leonina da época passada, nunca esteve nos atletas que a compunham. Sempre esteve, ao longo de toda a época e até no derradeiro jogo do Jamor - quando esfregámos os olhos, estávamos a perder 2-0! -, sempre esteve dizia eu... no Verbo!...

Enquanto o Verbo se chamou Marco Silva, o Sporting desceu aos infernos. Com o mesmo Paulo Oliveira, com o mesmo Jefferson, com Cedric Soares que nunca foi nem nunca será inferior a João Pereira, com Naby Sarr, ou Maurício, ou Tobias, ou Ewerton, ou Nando, ou Otamendi, Baresi, Costacurta ou outro qualquer fenómeno que o Sporting tivesse contratado!...

Quando o Verbo se passou a chamar Jorge Jesus, o Sporting começou por pisar firmemente os relvados e, mais depressa do que muitos julgariam possível, começou por olhar para os céus e a subir, a subir, devagar mas consistentemente, a tal ponto que nós, adeptos embasbacados, já nos falta a vista para lhes vislumbrarmos as solas, quanto mais imaginarmos onde chegarão!...

Esta foi, verdadeiramente, a nossa questão central! Hoje  por hoje, já não existe questão nenhuma. Nem central, nem lateral!...

O Verbo  é e está e estará, com Jorge Jesus! Ponto final!...

Leoninamente,
Até á próxima

2 comentários:

  1. MS (que eu apoiei como treinador do Sporting...), saiu-me afinal "um verbo de encher"...

    Confio que JJ com a sua sabedoria do futebol (mesmo com a sua falta de jeito para "o palavreado"...)...
    Nos vai dar muitas alegrias...

    Abr e SL

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  2. Inteiramente de acordo com o seu texto, Amigo Álamo, adorei a analogia que fez com "verbo" e "treinador", tb concordo com RD qd elogia as qualidades de PO, mas MS um treinador de vistas largas??? Pelo que tenho lido por alguns blogs ditos sportinguistas, parece-me que esta adoração ainda está para durar.....e a cegueira lá vai continuando.....

    SL

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