Eleições e responsabilidades
«Nunca como hoje me foi tão penoso escrever sobre ‘sports business’, na medida em que com tudo o que temos vindo a assistir (e a temer) na última semana desde a invasão do território ucraniano pelo exército russo, faz parecer tudo o demais fútil, frívolo ou superficial. Ainda assim e porque ‘noblesse oblige’, não pela expectativa do seu vencedor, mas pela sua importância democrática sempre importante de repristinar nestes momentos, optei por escrever aqui sobre as próximas eleições do Sporting.
Após Alcochete, o universo leonino fez, timidamente, de Varandas (FV) o novo timoneiro do clube, numa votação em que apesar de mais sócios terem votado no candidato João Benedito, valeu ao primeiro, o famoso lema da tropa que nos lembra que "a antiguidade é um posto", garantido assim o maior número de votos, suportados no peso dos associados de maior senioridade.
Após uma primeira metade de mandato de FV bastante turbulenta que nada de bom auspiciava para o acto eleitoral que se avizinha, a visionária e arriscada contratação de Rúben Amorim (RA), com tudo aquilo que de bom aconteceu em Alvalade desde a sua chegada, criou um cenário conjuntural mais do que suficiente para garantir a FV um passeio tranquilo no próximo sábado. Mas este passeio, fruto da conjuntura desportiva, não é sinónimo de que tudo está bem. Estruturalmente há ainda um oceano de urgências e pendências para tratar em Alvalade – desportivas, financeiras e políticas.
Verdade seja dita, que o mérito da contratação de RA tem de ser atribuído a quem de direito e neste caso os louros da contratação de actual treinador do SCP, só podem ser atribuídos a FV, assim como a responsabilidade pelos erros de casting anteriores. E esta será talvez ainda a grande fragilidade política e estratégica de FV. Como fazer acreditar a nação sportinguista que no ‘Pós-Amorim’ o SCP não vai ter um novo Keizer, Pontes ou Silas? FV precisa de tempo. Mas um tipo de tempo que só RA até hoje lhe conseguiu dar. Ao ler o seu programa e ouvir o debate, percebe-se que existem ali algumas boas ideias para o SCP e para o futebol português, mas também a incerteza de existir a equipa capaz de as implementar sem o sucesso arrebatador que o actual treinador lhes trouxe.
É aqui que entra a lista e programa do candidato Ricardo Oliveira. Não o conheço pessoalmente, mas conheço o excelente trabalho que tem feito à frente da Federação Portuguesa de Padel. Todos os clubes precisam de uma reserva moral política, de uma oposição saudável e responsável. Um polícia do sistema que garanta a responsabilidade e boa governação, pois pelo que temos visto e sabido nem sempre os órgãos fiscalizadores eleitos cumprem devidamente o seu papel. Mas atenção à responsabilidade com que se apresenta. Ricardo Oliveira não pode ser o Noronha Lopes do Sporting, pois se algum dia for chamado a apresentar-se, não poderá descartar-se e deixar órfãos aqueles que agora poderão ver nele a tal reserva estratégica do clube.»
Palavras e silêncios para todos aqueles que forem capazes de os entender...
Os "advogados do diabo" são mesmo para isto!...
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário