Certezas e suspeitas
«A melhor notícia para Frederico Varandas não são os 86 por cento que votaram nele, pois dessa dose já tiveram José Eduardo Bettencourt e Bruno de Carvalho (no segundo mandato) e depois resistiram pouco tempo, mas sim as declarações claras e inequívocas de Rúben Amorim: "Há muito para fazer no Sporting" e "a vontade da direcção e do treinador é continuar", anunciando que já está a planear a próxima época. Esse é o cimento agregador do clube na actualidade, a melhor certeza e o melhor seguro de vida para o presidente.
Foram umas eleições sem história nem relevância as que ocorreram no sábado entre os leões e em que acertei no que aqui escrevi há duas semanas. Relembro: "A grande dúvida para dia 5 é quem fica em segundo lugar e se algum adversário ultrapassa os 10 por cento dos votos". Conheço muito bem o Sporting e se tinha certeza de que Varandas esmagava, pressentia que Nuno Sousa ultrapassava Ricardo Oliveira mas sem nenhum atingir uma fasquia mínima de relevância. Acertei. O primeiro vestiu a pele dos contestatários do presidente e aí semeou os seus 7% de votos. O segundo falhou no posicionamento, teve más escolhas nas listas (como o zero que é Miguel Frasquilho) e envolveu-se numa trapalhada comunicacional com os fundos dos quais anunciou apoios e somou menos eleitores que os votos em branco, um resultado muito aquém do esperado. A certeza é que no dia em que não houver Ruben Amorim, não serão Nuno nem Ricardo os nomes fortes de uma futura safra eleitoral no Sporting. As trutas ficaram em silêncio, sabiam que não era o tempo delas.
O Wolverhampton realiza muitos negócios suspeitos, por isso se fala tantas vezes em carrossel. Dar 40 milhões por Fábio Silva mas não aceitar bater a chapa de 20 milhões por um miúdo chamado Vitor Ferreira, o Vitinha, que é hoje uma das mais talentosas certezas do futebol português é no mínimo caricato. No Dragão, para lá do perfume que emana de cada toque na bola, da visão e controlo do jogo só ao alcance dos grandes mestres, esfrega-se as mãos porque serão agora muito mais do que os tais 20 milhões que o Wolves não quis pagar que vão entrar nos cofres, sem esquecer que Fernando Santos não terá desculpa se não o convocar para a nossa Selecção.
Como é óbvio para todos, Domingos Soares de Oliveira (DSO) é o último resquício do que se designa por ‘vieirismo’ na Luz. E se Rui Costa quer cortar definitivamente os laços com quem trouxe tanta lama nos seus dias do fim para o clube, só pode tomar uma decisão. DSO revolucionou a gestão, a estratégia e a marca do Benfica. Custou uma fortuna mas valeu cada cêntimo que recebeu nesses tempos em que os encarnados voltaram a página negra de Vale e Azevedo e se modernizaram. Contudo, agora, também DSO se transformou num potencial dano reputacional para o clube num dos múltiplos processos que assombram o Benfica. E Rui Costa sabe que se quer ter futuro não pode ser minado por suspeitas.»
Como quase sempre, Calafate racionalíssimo!...
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário