«A época de transferências acabou na sexta-feira passada e foi bem menos brilhante do que a anterior. Não houve Ederson ou Lindelöf, no Benfica. No Sporting houve saídas de peso, mas nem todas com encaixe, pelo menos por ora. Só o FC Porto não ficou muito longe do desempenho conseguido na janela do ano passado.
A fazer fé nos números do site Transfermarkt, o Porto foi quem teve mais receita, 65 milhões, seguido de Sporting e Benfica, que encaixaram cerca de 30 milhões cada. Nos Dragões, as saídas de Ricardo Pereira e Diogo Dalot valeram 22 milhões cada um. Na Luz, o maior negócio foi a transferência de João Carvalho por 15 milhões.
Em Alvalade, William rendeu 20 milhões, mas as contas seriam outras se Gelson Martins e Rui Patrício não tivessem rescindido a custo zero, na sequência do ataque a Alcochete e a opressão de Bruno de Carvalho. Na época passada, o clube tinha registado 93 milhões com a venda de atletas. Por aqui se vê o dano financeiro infligido pelos atos do anterior presidente.
Também houve compras. O FC Porto foi o mais gastador: 33,8 milhões, seguido pelo Benfica (26,1 milhões) e Sporting (22,4 milhões). Estes números significam também que, entre o deve e o haver, o clube da Invicta foi o que conseguiu, de longe, o melhor saldo na venda de jogadores: 31,2 milhões.
Não é tudo lucro. É que se comprar jogadores é caro, vendê-los e emprestá-los também. Há que pagar comissões milionárias aos agentes, a compensação por formação e o mecanismo de solidariedade.
O Benfica gastou, em média, o equivalente a 10% do encaixe das vendas em comissões e outros pagamentos relativos à transmissão de direitos de atletas nas últimas duas temporadas, num cheque global de 20 milhões. A percentagem sobe para 17% se tivermos também em conta as perdas e abates ao valor contabilístico dos passes dos jogadores vendidos.
Este último rácio é mais baixo no Sporting, 13%, e dispara no FC Porto: 42%, em média, nas últimas duas épocas, para um total de 60 milhões de euros. É um custo de 42 euros por cada 100 euros ganhos, o que é surpreendentemente alto...
Não é só tê-los a jogar, vendê-los também tem encargos pesados. Quem não os teve foi o Tottenham, que este ano se tornou no primeiro clube da Premier League a não comprar qualquer jogador na janela de transferências. Vendo bem, quer o Benfica, quer o FC Porto têm-se valido sobretudo da prata da casa e da que já lá estava na época anterior, mas a procissão ainda vai no adro.»
(André Veríssimo, director do Negócios, Linha de Fundo, in Record)
Um interessantíssimo "jogo de números" que André Veríssimo nos oferece o privilégio de apreciar sobre a última janela do mercado, serenamente e sem estúpidos fanatismos ou ensaios ainda mais estúpidas de alienação e cegueira.
Nem todos os mortos terão honras de menires, dólmens ou Antas...
E nem tudo o que Luz é oiro!...
Leoninamente,
Até á próxima
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