A espada (não) era a lei
"Era uma vez, numa terra sem rei chamada Portugal, uma pedra. Essa pedra tinha uma espada. A espada tinha uma lenda. Ora, rezava esta, mitigada por distintos visionários e mercadores, que quem conseguisse arrancar a espada da pedra, feito inatingível para o homem comum, seria rei. Tal tarefa poderia somente, pois, ser executada por uma alma dotada de liderança e grande habilidade, capaz de domar os mais bravos mares e guiar os guerreiros combalidos, pelos trilhos até aí desconhecidos da glória.
Vieram desde longínquas terras até Portugal, vários espíritos repletos de ambição e vontade, ansiosos por elevar da firme pedra a tão desejada espada. Muitos tentaram, nenhum concretizou tal desígnio. Veio o Luís, intentou o Carlos, fracassou o Paulo. Muitos mais chegarão a Portugal e procurarão levantar lusa Excalibur, contudo, nenhum conseguirá, até que outro feito, mesmo contado pelas mais obscuras e sábias lendas, seja alcançado.
E que feito é esse, perguntas tu, meu jovem e sonolento leitor que aguarda que eu termine por fim esta história para poder fechar o livro e cair em profundo e mágico sono? Conto pois, para apenas tu ouvires, que não é nossa terra Inglaterra e não é este o conto do Rei Artur - pelo que o segredo para ser soberano, não se resume a arrancar a espada. Pois o mal desta terra, que a mantém sem rei nem roque, está na pedra que agarra com pardacentas garras a arma e a prenderá, inacessível à honra e dignidade, a não ser que um homem nobre e elevado compreenda, que para se fazer com a espada e ser rei, há que primeiro destruir a pedra.
Não sendo isso feito, poderão vir Fernando, Vitor e Rui ou qualquer cavaleiro de nome estrangeiro, que nunca Portugal se erguerá. Era uma vez, numa terra sem rei chamada Portugal, uma pedra. Essa pedra tinha uma espada. A espada tinha uma lenda. A verdade estava na pedra."
Inês, obrigado! Como Sophia, és uma mulher inteligente e de coragem! És "um poeta", porque das tuas palavras brota a verdade, nua e crua e a vida, que nos abraça a todos! Mas ai de ti, mulher de pouca fé! A pedra há-de partir-se... sózinha! Há-de fazer-se em bocados e Excalibur, resplandecente, talvez possa ser o sinal por que todos esperamos! Ou não tenha o Gama chegado às Índias, Cabral a Terras de Vera Cruz e Salgueiro Maia não tenha prendido o ditador!...
Aceita um leonino abraço, Inês, seja qual for o teu mundo!...
Leoninamente,
Até á próxima
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