sábado, 26 de abril de 2014

Homens sem medo!...



Humberto Delgado, o general Sem Medo! A sua derrota nas eleições de 1958, em que afrontou o fascismo, personlizado pelo candidato do regime, Américo Thomaz, ficou conhecida como a maior fraude eleitoral de sempre neste país de brandos costumes. Mas as sementes germinaram durante longos 16 anos e nem o seu assassinato, às mãos dos esbirros da PIDE, a polícia política fascista, em 1965, impediu a madrugada redentora de 25 de Abril de 1974, ainda ontem celebrada com orgulho e convicção no Largo do Carmo, pelo povo anónimo, no teatro principal da queda do regime fascista.

Bruno de Carvalho, nunca foi militar, embora na sua ascendência brilhe a estrela castrense, também frontal e determinada, que foi o almirante Pinheiro de Azevedo, seu tio-avô. Mas o medo também nunca fez parte dos seus predicados, substituído antes por uma determinação e vontade ímpares. Mas como o general Sem Medo, também foi vítima da maior fraude eleitoral de que haverá memória em todos as agremiações desportivas portuguesas.

Venho acompanhando com manifesto interesse, as crónicas, a meu ver intelectualmente honestas, que sob o título, HISTÓRIA - A Revolução no SCP, José Eduardo, ex-atleta e insuspeito sportinguista, vem dando à estampa no jornal "A Bola", sobre todo o processo que, desde a demissão do presidente Bettencourt, foi vivido pela centenária instituição que se orgulha de ser. o SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

E enquanto lia o XVI Capítulo do doloroso processo narrado por José Eduardo, com que Godinho Lopes rematou a "dinastia roquettista", aqui declaro a minha incapacidade para rejeitar uma simbólica analogia entre o terrível regime fascista, Humberto Delgado, PIDE/DGS e o 25 de Abril de 1974, e o glorioso SPORTING CLUBE DE PORTUGAL. Ressalvadas, natural e respeitosamente, as devidas diferenças, haverá a meu ver uma linha condutora comum, pese embora o facto que reconhecerei sem pruridos e animosidades estéreis, que nem todo o grande e fantástico universo sportinguista comungará do meu prisma de observação. Eis o capítulo integral, com que José Eduardo hoje nos presenteou:

"Com algum distanciamento cumprimentámo-nos. Entrámos no elevador, carrego no botão do piso 0 e fico admirado quando Godinho, carrega no 2, já que era um piso que estava interdito, fechado. Abrem-se as portas, esperam-no uma funcionária e o segurança que possui as chaves para abrir as portas. Fico intrigado. Qual o motivo para se dirigir a um espaço fechado aos olhos de todos? Com quem se iria encontrar? E para quê? Durante meses, anos, transportei esta 'pedra no sapato'. Até que muito recentemente fez-se luz...

Confesso que, na altura, estranhei, mas a excitação e os acontecimentos posteriores, entorpeceram a atenção que devia ter prestado a tão insólito acontecimento.

Os resultados demoram. Há desordem no piso 0. Rebentam petardos. Ameaças de invasão. As televisões em directo começam a anunciar os vencedores.

É já do conhecimento geral. Bruno ganhou e Rogério Alves é o Presidente da AG. Distribuem-se abraços, Vencedores e vencidos dão entrevistas. De repente o golpe. Afinal os vencedores são Godinho e Barroso! É o caos. Oa candidatos estão em reunião a meio do caminho. Diz quem viu, que Godinho estava lívido.

A desordem é total. Pancadaria. Quando Godinho aparece e se dirige para o palanque é a revolta total. Insultado, vaiado, agredido, é obrigado a voltar para trás. Estava a ser escrita uma das páginas mais negras do SCP...".

Vou aguardar com singulares expectativa e muita curiosidade, o XVII Capítulo da história de José Eduardo. Porque acredito que do episódio que colocou "a pedra no sapato" de José Eduardo, como ele próprio deixa antever, virá a luz que retirará da penumbra em que ainda hoje permanecem, outras histórias sobre "uma das páginas mais negras do SCP"!

Mas não termino sem deixar também por aqui, um pequeno excerto do corpo principal do artigo de José Eduardo, hoje publicado e que recomendo, sob o título "O Porto (cidade/portuenses) é uma lição", que merecerá por parte de muitos daqueles que por lá aparecem implicitamente retratados, serena reflexão, e em que o autor se refere ao SCP:

"Bruno omnipresente, em Bruxelas, nos Açores, fotos, autógrafos, almoços, jantares, reuniões. Tudo muito. Demasiado? Cuidado!".

Desejaria não me sentir tão identificado com o alerta de José Eduardo. Mas a minha consciência obriga-me a subscrevê-lo.

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Amigo Álamo, acho simplesmente fascinante e adequada a comparação que faz de Humberto Delgado com Bruno de Carvalho na medida em que ambos foram defraudados nos respectivos actos eleitorais..... tb aguardo com grande curiosidade pelo capítulo XVII de José Eduardo...Espero que se levante o véu a toda a tramóia que envolveu a eleição de Godinho Lopes, sem dúvida que esta eleição foi uma das fases mais negras do nosso SPORTING..Fico toda arrepiada quando vejo como passam impunemente todos os jogos de poder que se realizam nos bastidores do futebol.....Na altura lamentei a forma como Bruno de Carvalho perdeu essas eleições..

    .
    Abraço Leonino

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    1. Estraga-me com mimos Maria! Olhe, foi um ideia que guardei, enquanto via alguns apontamentos das celebrações do 25 de Abril. Passaram de raspão por Humberto Delgado e pela fraude de 1958. O texto do Zé Eduardo veio compôr o ramalhete e... aí vou eu. Poderá haver quem não goste da analogia e encontrar-lhe um sentido diferente do que pretendi. Mas eu, nem tenho culpa daquilo que os outros possam pensar e durmo tranquilo porque entendo não ter ofendido ninguèm.

      Ai amiga, já por aqui me chamaram "lambuças", sabia?! Mas eu gosto de ter um Presidente "enxertado em corno de cabra", perdoe-me a expressão. Só entendo que começa a exagerar um pouco!...

      Como tenho a presunção, mesmo não sendo presunçoso, que alguns recados da blogosfera leonina lhe chegarão, acabei de tratar do assunto no post que publiquei há pouco. Espero que comente. Nem imagina a amiga o favor que me fazem todos aqueles que comentam: são assim uma espécie de "polícias sinaleiros", daqueles que havia dantes, com uma "tampa branca" na cabeça! Fazem um jeitaço, acredite: Umas vezes estimulam-nos para fazermos melhor. Outras vezes levamos na cabeça para não nos armarmos em "carapaus de corrida"! Mas é giro este jogo, quando há respeito. E quem fica a ganhar é o Sporting!...

      Abraço Leonino

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  2. Eu vou continuar a comentar amigo, sempre que tenha disponibilidade, desde que não se falte ao respeito a ninguém acho o comentário um direito legítimo de todo o ser humano, além disso pode ser encarado como uma via para ao desenvolvimento do conhecimento.....

    Abraço Leonino

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  3. Um Grande e verdadeiro HOMEM sem MEDO...!

    (ausente desde sexta, só agora pude voltar aos comentário...)

    Abraço e SL

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