Hoje estou numa de saudade, buscando na recordação de cem anos de glórias de ontem e de sempre, o arrepio que a minha alma sportinguista por vezes exige.
Já em tempos o tinha afirmado aqui e sempre que ouço esta bela e forte inspiração poética e musical, apetece-me perguntar a todo o universo leonino, de que estamos à espera para dela fazer o nosso verdadeiro hino e cantá-la, de pé, em coro forte de fé e exaltação sportinguista, antes de cada jogo em Alvalade?!...
Sem que esta minha questão tenha a mínima intenção depreciativa para com outra obra valorosa interpretada por essa sportinguista ímpar que é Maria José Valério, o seu "Viva o Sporting", nunca será um hino!... Será sempre uma marcha de celebração de vitórias e pretender fazer dela um hino de exaltação do fervor clubístico, carecerá sempre de sustentação artística, tanto estética quanto emocionalmente.
Os "Cem anos" que Nadia Anais magistralmente interpreta, reflectem intrinsecamente o que a minha sensibilidade define como um hino, em completa oposição à marcha de celebração que sinto existir em "Viva o Sporting".
Não sou poeta nem músico. Mas sinto as palavras e as melodias daqueles que nasceram com privilégios para o ser e sinto que "Cem anos" possui um mais profundo sentido, tanto nas palavras quanto na sua beleza melódica.
Um hino, como um lema e uma bandeira, definem um país, uma pátria, uma concepção de mundo! O Sporting não é nada disso, mas é a nação do sportinguismo, a pátria de um grande amor e uma das mais exaltadas concepções do ecletismo desportivo mundial. Tem uma bandeira e um lema que nos orgulham e nos fazem estremecer o coração e humedecer o canto dos olhos. Mas não tem um hino que nos arrepie a pele e os sentidos. Não nos envergonhemos desse facto, perante uma história de quase 106 anos. O grande Liverpool Football Club faz dentro de alguns dias 120 anos e só no início dos anos 60 do século passado adoptou o arripiante "You'll never walk alone" como seu hino, que os adeptos hoje cantam respeitosa e comoventemente, em uníssono, antes de cada jogo no seu Anfield Road.
Temos o privilégio de ter visto nascer dentro de nós uma obra poética e musical sem paralelo no campo doméstico em que estamos inseridos. E deixamo-la, quase criminosamente, cair e misturar-se com o bafio e o pó do baú das inutilidades. Outros, sem a ventura e a honra de possuir nas suas fileiras o talento que permitiu produzir o que nós ignoramos ou não damos a atenção que merece, vão cantando as "melodias de sempre" ou plagiando os "filhos da nação".
O Sporting Clube de Portugal, pesem embora as críticas que possam chover sobre esta minha afirmação, terá descurado até aos dias de hoje, a adopção de um verdadeiro hino que complete com a bandeira e o lema que nos orgulham, a tríade do sagrado que temos o dever de entregar às futuras gerações de sportinguistas.
Á atenção de todo o fantástico universo sportinguista, onde incluo os dirigentes actuais e futuros do Sporting Clube de Portugal...
Leoninamente,
Até à próxima
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