«Duvido que alguma vez na história uma equipa tenha actuado com tantos canhotos ao mesmo tempo como este Sporting. Desde a entrada de Tabata e de Bragança, o Sporting actuou com oito canhotos, até à saída de Matheus Reis.
Os canhotos são um bem inestimável no futebol, pela forma como cruzam e pela especialíssima técnica que abençoa muitos deles. Claro que na soma de oito canhotos está Adán, que, sendo canhoto, tem dois pés direitos, como se viu no segundo golo do Belenenses. Demasiados canhotos em campo tornam o jogo estranho. Quando o lado direito fica entregue a canhotos como Tabata e Gonçalo Inácio, a que, em várias situações, se juntava Nuno Santos, numa anarquia táctica pouco edificante, não adianta ter Coates e Paulinho na área. Poucas bolas jogáveis lá chegarão. Com a saída de Matheus Reis e a entrada de Matheus Nunes, os canhotos continuaram em maioria, mas a anarquia táctica ficou menos grave.
O Sporting está a jogar sobre brasas. E isso compreende-se. O que não se entende tão bem é por que caíram a pique jogadores fulcrais, com Palhinha à cabeça. Está a jogar condicionado? Então talvez seja melhor descansar e voltar o grande Palhinha, que chegou à selecção e depois ficou assim, com menos eficácia e sem intensidade. Também Porro chegou da selecção espanhola com muito menos eficácia. Agora que a equipa mais precisava deles, estes pontos altos de toda a época estão a afundar. Sem nunca brilhar continua João Mário. Dá toques e toquinhos na bola, adequando o ritmo da equipa à sua falta dele. É um jogador maravilhoso (não há razão para usar o passado), mas não está em forma há anos. Precisa de voltar a vibrar, a acreditar mais no seu futebol. Ousar passes de rutura, como só ele poderá fazer. A jogar como tem jogado, não merece a titularidade.
O Belenenses foi uma agradável surpresa pela capacidade de se desdobrar para o ataque. Mesmo com equipas de meio da tabela, a equipa de Petit pecava pelo encolhimento. Ontem, chegou sempre à frente com perigo e métodos simples.
A liga dos milionários egoístas não irá acontecer. A simples tentativa de golpe mereceria uma penalização aos cabecilhas. Não é que a UEFA e a FIFA sejam um modelo de virtudes, mas se o futebol de clubes na Europa e nas grandes provas de selecções deixar de respeitar o elevador social, que permite a uma pequena equipa poder sonhar ser a maior, vencer os maiores, perderá beleza e sentido de justiça.
Foi emocionante a reacção dos adeptos ingleses. O Povo do berço do jogo salvou o espírito que o tem feito único. Será preciso travar futuras investidas destes milionários egocêntricos. Eles vão voltar a atacar.»
Duas vezes por dia, até os relógios parados dizem a verdade. Do mesmo modo, também algumas verdades estarão contidas neste artigo que Octávio Ribeiro fez publicar no jornal Record nos primeiros minutos do dia de hoje. Goste-se ou não, seria bom que todos aqueles que o articulista entendeu convocar, reflectissem em conformidade com o azedume das críticas que lhes são dirigidas, em vez de se iludirem com a luz de deslumbramentos efémeros...
Inteligente não será enterrar a cabeça na areia!...
Leoninamente,
Até à próxima
Bem verdade..Alguns devem sentir-se atingidos.
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