Um cliente com poucos interesses futebolísticos marcou-me uma reunião por videoconferência para as 18 horas. Ele e a mulher. São daqueles clientes "picuínhas" que se perdem com detalhes durante horas, e eu quase agradeci porque ía estar distraído e concentrado na apresentação do projecto.
A reunião acabou pelas 21:15 e eu pensava que o jogo ía começar àquela hora. Abri a TV e vejo que o jogo estava a decorrer havia 55 minutos e o resultado estava a zeros. Alguns minutos decorridos e verifico com surpresa que o Sporting não tinha ponta de lança, afastava-se a bola da área e não havia ninguém junto dos centrais adversários para disputar a bola, iniciando o Braga novo ataque. Num plano mais abrangente comecei a contá-los, apreensivo, e só havia 10. Previ logo que tinha acontecido o pior. Comecei a identificá-los e faltava o Inácio...mas como o Inácio?... um dos mais correctos, tão pouco faltoso. Quem seria? A minha mulher ajudou: pegou no telemóvel e informou-me, foi o Gonçalo Inácio. Fiquei desalentado e profundamente desanimado. Só dava Braga. O 0-0 parecia-me um bom resultado. Se conseguissemos aguentar "aquilo"....ao menos a invencibilidade. O "pessoal" defendia com um grande desgaste e uma enorme abnegação, mas aquilo ameaçava ruir a qualquer momento. Na frente T.T. tentava segurar algumas bolas, contra vários adversários. Num desses lances há uma falta. Depois quando Matheus chutou eu quase não podia acreditar. Os deuses estavam connosco. Mas foram uns minutos seguintes tão longos, tão dolorosos. Foi uma grande alegria mas temperada por muito sofrimento. Isto vai ser assim até ao fim, e que seja o que Deus quiser...
(Vítor Cruz, em 27.04.2021, às 10:59)
Recebi hoje pela manhã, na minha caixa de correio electrónico, o "desabafo de um sportinguista", velho amigo desde a infância, a quem me liga uma amizade tão grande, sem medida e a que só o fim dos nossos campeonatos conseguirá pôr termo.
Percorremos durante uns bons pares de anos caminhos académicos comuns, até que o serviço militar obrigatório nos separou: ele viu-se obrigado a bater com as costas em Angola sem ninguém lhe perguntar se era contra ou favor da causa e eu, optei pelo expediente mais fácil e seguro que o regime de então facultava a quem se dispusesse a cumprir as suas obrigações de cidadão, desempenhando os seus atributos e qualificações profissionais no mar. Mas mesmo separados por opções tão diferentes, sempre mantivemos contacto e não terá sido por acaso que um dia nos encontrámos em Luanda. Velhos tempos...
Terminadas as missões "patrióticas", eu optei por "meter o chico" na alternativa que escolhera e ele terá resolvido, se calhar bem, abraçar um velho sonho de menino e, de novo com os livros debaixo do braço, trocou as engenharias pelas arquitecturas. E cá continuámos, embora cada um pelo seu caminho, sempre em contacto e comungando esta "terrível doença do sportinguismo".
Já em termos de futebol e para além deste nosso eterno amor ao Sporting, sempre fomos diferentes: enquanto a minha relação com a bola era despachá-la o mais rápido possível para onde estivesse virado, ele nasceu craque! Foi sempre um extremo rápido e de finta desconcertante, razão porque os "olheiros" o colocaram a voar bem alto e noutras latitudes. Sempre próximo, aplaudi e acompanhei a sua carreira, que mais tarde, e no meio dos projectos que lhe iam saindo do estirador, culminaria como treinador, até que se fartou de tanta coisa feia ver à sua volta e passou a analisar de longe, com muito saber e convicção, este nosso jogo da bola...
Daí a análise que hoje me veio parar às mãos e que entendi aqui publicar, embora confessando que sem lhe pedir autorização, já que com a sua modéstia eu correria o risco de talvez não mo permitir. Terá sido apenas "um desabafo" de irmão leão, para irmão leão. Mas eu entendi esta sua mensagem tão genuína e se calhar tão parecida com aquilo que muitos de nós sportinguistas pensamos e sentimos, que decerto cometeria um pecado sem perdão se não a oferecesse aos sportinguistas que por aqui me dão o privilégio de passar, especialmente nesta "quarta-feira de cinzas" em que, após a "páscoa da pedreira", o Sporting terá entendido e bem, desligar os microfones e, em vez de alimentar a fogueira de discussões estéreis que por aí vai ardendo, trabalhar a fundo na preparação do jogo de sábado. Talvez para não permitir que o meu amigo tenha a razão toda e... "isto não vá ser assim até ao fim"...
É que com toda a certeza não será Soares Dias que estará em Alvalade no sábado. Também Gonçalo Inácio não poderá ser expulso aos 18 minutos. Nem Adán e Tiago Tomás levarão amarelos e...
Até poderá acontecer um bom jogo do Sporting!...
Leoninamente,
Até à próxima
Caro Álamo:
ResponderEliminarOra bem, aquela tourada toda em Moreira de Cónegos, e sai um processo disciplinar... ao Sporting! Está certo... tudo normal...
Um Abraço
José Lopes
O jogo do Sporting foi um dia antes. Logo, o processo ao Porto será instaurado só amanhã! Penso eu de que...
EliminarAbraço grande
A tal é sobrinha dele...Abraço
ResponderEliminarÉ sobrinha "dele" é, de facto. Mas "ele" avisou o Álamo, na altura da nomeação, que temia o pior. O Álamo foi mais optimista, porque no fundo acreditava na honestidade dela, que é um valor de família.
EliminarO "post" ora colocado, reproduz com rigor e precisão o meu sentimento e estado de alma, na noite de domingo.
ResponderEliminarNem sequer acompanhei as incidências do jogo, porque sou por natureza céptico.
Até ao momento em que minha esposa, que estava noutra sala, gritou golo e não se continha na Alegria.
Decidi a partir daí, passar pelo (s) écran(s) televisivos, e de imediato as palpitações e inquietude, não deixaram de me perturbar a normalidade.
Quando me apercebi que jogávamos 10 contra 13, o coração foi alvo de uma autêntica bateria de testes cardíacos e ao sistema nervoso central.
Fiquei a saber, que quando a minha hora chegar, do coração, certamente não será.
Fraterno Abraço Leonino.