«O Sporting de Amorim já entrou na história por ter somado o 26º jogo consecutivo da liga sem perder e por ter, com isso, igualado o melhor registo do clube – alcançado na regência de Bölöni. Mas o futebol é mais efémero do que uma melindrosa orquídea: bastaram dois empates, no espaço de seis dias, para que os mais encabulados adeptos leoninos ficassem ainda mais cismáticos com a possibilidade de o seu clube ficar tristemente nos anais domésticos como o primeiro que desperdiçou a vantagem de dez pontos na derradeira quarta parte da liga.
O duplo desperdício frente ao Moreirense e ao Famalicão teve um impacto desmesurado, mais compreensível em quem acumulou desilusões ao longo de quase duas décadas. E nem os actuais seis pontos de vantagem sobre o perseguidor mais abeirado (margem que seria notável em condições normais) sossegam quem já olha para as derradeiras oito jornadas como uma empreitada comparável a escavar um túnel com uma colher.
Impugnar este tipo de desassossego é, nesta altura, a principal urgência dos responsáveis leoninos. Até porque já houve sinais suficientes de que a jovem equipa leonina (ou pelo menos uma parte dela) também se deixou contaminar pela ansiedade.
Esse trabalho mental terá também de ser feito pelo treinador e, para tal, não ajuda que Rúben Amorim some reacções nervosas e brejeiras que já lhe custaram, esta época, o inapropriado recorde das quatro expulsões. Insinuar que os árbitros são uns artistas (corrigiu depois, mas aí já a mensagem subliminar tinha passado) mostrou que, também ele, não resiste às teorias da conspiração que, noutras alturas mais radiantes, prometeu combater.
Os dois empates não foram inesperados. Há muito havíamos alertado que o Sporting andava numa fase em que marcava mais do que jogava. O índice alto de aproveitamento das escassas situações de golo criadas foi disfarçando o débito de jogo.
Essa fase menos exuberante coincidiu com o crescimento futebolístico do FC Porto e do Benfica, o que era expectável. Porque todas as equipas atravessam fases de maior irregularidade e porque o Sporting tem menos qualidade no plantel. E reconhecê-lo só abona a favor da estrutura e do próprio treinador.
Amorim percebeu o perigo de os adversários estarem cada vez mais competentes no uso do contraveneno (e que normalmente passa por um bloco compacto e médio/baixo) que prejudica a fluidez leonina. E arriscou o plano B (3x5x2) frente ao Moreirense, juntando o engenhoso Daniel Bragança a Palhinha e João Mário no miolo. Houve melhorias na construção, mas também um adversário sólido, bem orientado e que beneficiou de um golo anulado ao Sporting por um fora-de-jogo de dois centímetros…
A vontade de surpreender fez Amorim regressar ao 3x4x2x1 perante o Famalicão, sendo que o golpe de asa, desta vez, passava pela troca de posições de Pote com João Mário. Não resultou. Desde logo porque João Mário é hoje muito mais um jogador de construção do que de roturas, o que só aconselha aquele posicionamento (em que chegou a destacar-se na seleção) em jogos com outras características. Mas também porque este Famalicão já não tem nada a ver com a manta de retalhos do início época, fruto dos reforços que recebeu em janeiro e da entrada de Ivo Vieira, que repôs as ideias do tempo de João Pedro Sousa, a quem talvez ganhe no pragmatismo. O Fama não só condicionou sempre a primeira fase de construção do Sporting e a ligação a Porro e a Nuno Mendes, como controlou a largura e a profundidade com o recuo, para o meio dos centrais, do astuto Gustavo Assunção, que quase meteu Paulinho no bolso (a excepção foi a assistência para Pote). Reconhecer o mérito alheio faz bem mais sentido do que discutir a valia (e o custo) de Paulinho, como se clamou nas redes sociais.
Faltam oito jornadas e, como disse Amorim, "vai ser divertido" assistir à ponta final da liga. A frase saiu-lhe já no fim da conferência pós-jogo, quando já havia recuperado a jovialidade. E esse momento de relaxe acabou por ser a mensagem de tranquilidade que se aconselha a adeptos e (alguns) jogadores que olham para o resto da liga como uma contenda quase tão complicada como correr a maratona com a bexiga cheia…»
Saber distinguir as várias vertentes positivas que poderão estar contidas numa crítica séria, poderá ajudar a tornar menos íngreme e difícil a escada para o sucesso de todos aqueles que a souberem aceitar, interpretar e valorizar.
Na minha modesta opinião, um bom trabalho de Bruno Prata. E daqui do meu canto, entendo que será bom para o Sporting, Rúben Amorim deixar de tentar bater tantos recordes...
Bastará fixar-se apenas naquele que importa!...
Leoninamente,
Até à próxima
P.S. - Nenhum general ganhará uma guerra onde abrir demasiadas frentes de batalha!...
Bom texto .
ResponderEliminarMomento de lucidez. Temos 6 pontos de avanço. Não temos 6 de atraso.
O critério das arbitragens vai ser decisivo.
O Unknown das 12:01 julgou que eu estava a brincar! Continua burro, burro, burro!...
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