domingo, 26 de agosto de 2018

Tanta verdade nesta contracrónica!...


Está a correr-lhes mal


«Com vários despedimentos consecutivos, uma falta de sorte recorrente e o trabalho encalhado aos 58 anos, quis o destino que José Peseiro apanhasse aquele comboio que raramente apita duas vezes. Saiu-lhe Sousa Cintra na condução da máquina e o treinador voltou a carregar na mala de viagem os seus melhores argumentos: sabedoria, experiência, seriedade, dedicação e um conhecimento profundo do futebol português. Os pozinhos da fortuna, esses, sabe lá ele por onde andam!

Encontrou Peseiro uma constelação de estrelas em fuga, um plantel esfrangalhado, uma SAD convalescente e um clube dividido em mil grupos de irmãos que se odeiam fortemente. Mas procurou arrumar a casa e reconstruir a equipa, convencendo os jogadores que sobraram – e os poucos que se lhes foram juntando – que tinham pela frente uma oportunidade de ouro para se afirmarem ou relançarem as carreiras. E foi com esforço e sofrimento que o técnico de Coruche levou o Sporting às duas vitórias iniciais no campeonato e chegou à terceira jornada com uma gestão apertada do poucochinho. Para não estranhar a ausência do azar, que nunca lhe falha, à baixa de Bas Dost para o dérbi teve de somar o impedimento inesperado do Bas Dost da defesa: o central Mathieu. Tudo se encaminhava para o desastre, até porque o adversário vinha de um empate dececionante com o PAOK e a plateia rubra clamava por vingança.

Expectativas frustradas. A primeira hora na Luz foi dos leões, não por terem jogado mais, mas pela disputa da partida taco a taco, com personalidade, boa atitude competitiva e a qualidade táctica com a marca de Peseiro. A ajuda suplementar veio do rival, da sua escassa competência na área da verdade e de um enormíssimo Salin – quem diria? – que não permitiram ao Benfica a vantagem no marcador.

Na última meia hora, foi um Sporting ainda sem 90 minutos nas pernas que aguentou a avalancha encarnada e segurou bravamente o empate, coroando um início brilhante de temporada, face às circunstâncias, e obtendo um resultado transcendente perante a ameaça do assalto ao poder dos novos arrivistas de Alvalade, que precisam desesperadamente do insucesso da equipa antes de 8 de Setembro e vêem o tempo passar sem que a casa venha abaixo. É: isto está a correr-lhes mal, por culpa dos jogadores, feridos no seu orgulho, dos velhos sábios da tribo, chamados a repor a ordem, e de um comandante que, tantas vezes sem os favores dos deuses, é um homem bom e um treinador competente. Todos, são uma lição para o desvario e para a ambição desmedida.»
(Alexandre Pais, Contracrónica, in Record)

Mesmo traído por Jefferson e Ristovski aos 87 minutos e por um árbitro naturalmente preocupado com a inclinação do relvado da Luz numa boa parte do encontro e o "prolongamento" de 6 para 10 minutos do tempo de compensação mesmo ao cair do pano, só para ver se "dava", José Peseiro foi capaz de soprar os ventos da desgraça para cima do seu opositor, que mesmo assim ainda saiu ligeiramente chamuscado e terá de mandar para a lavandaria o fatinho que tinha preparado para ir à Grécia...

Quanto ao resto, Alexandre Pais parece ter conseguido dizer...



Tanta verdade nesta contracrónica!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. E não é que concordo 100% com esta cronica? SC deveria fazer um esforço por um DE, é evidente a debilidade do que temos.

    ResponderEliminar