Muitos candidatos e muitas dúvidas
«As eleições no Sporting, pelo clima traumático que envolve o clube há meses e que os media têm amplificado à exaustão, suscitam um interesse absolutamente anormal, mesmo sendo o Sporting uma instituição muito importante no país e sendo o futebol, sobretudo o futebol, um factor agregador das sociedades. O melodrama do Sporting tem tal força que mesmo uma eventual acusação de corrupção do Benfica no caso E-Toupeira parece um assunto menor ao pé da luta pela cadeira do poder do outro lado da Segunda Circular.
Os debates, entrevistas e acções de campanha sucedem-se e não será por falta de conhecimento que os sportinguistas não vão poder decidir em consciência. As sondagens também já começaram a aparecer, sendo que será no mínimo prudente ter em conta que em eleições recentes as sondagens se revelaram uma fraude absoluta, revelando um equilíbrio que nunca existiu – no caso do confronto de Bruno de Carvalho contra Madeira Rodrigues – ou mesmo uma desvantagem que as urnas não confirmariam, quando o presidente deposto defrontou (e venceu) José Couceiro.
Este acto eleitoral vai ocorrer, a menos que haja uma decisão judicial em sentido contrário – e não é impossível que tal suceda -, sem Bruno de Carvalho, mas a sua figura continua todos os dias na vida do clube e o seu nome é sistematicamente citado nos debates entre candidatos. Ora, isso significa que o Sporting não superou o drama da presidência de Bruno e que será provavelmente com uma tribuna nos media que ele fará a partir de 9 de Setembro a sua oposição ao novo poder. Será uma oposição com mais ou menos força e presença em função da força e carisma do presidente eleito.
Olhando para os candidatos, alguns parecem fracos nessa qualidade, mas poderão ser bons na cadeira presidencial. É o caso, talvez mais do qualquer outro, de Frederico Varandas que tem ideias claras para o futebol, que reuniu uma boa equipa e que conhece bem o Sporting. Exibiu demasiadas fragilidades nos confrontos na TV e o caso do áudio com o candidato a vice-presidente, embora prontamente resolvido, também constituiu um problema.
Outro nome interessante é o de João Benedito. O facto de estar a assumir algumas posições mais musculadas, por exemplo contra o Benfica, pode valer-lhe votos. Benedito passa a ideia de alguma inexperiência, até imaturidade, mas é alguém com um lugar no futuro do Sporting.
Entre os restantes candidatos parece evidente o esforço, sem resultados, de Madeira Rodrigues, o vigor elogiável e sentido crítico de Dias Ferreira e a chegada, fora de tempo, de José Maria Ricciardi, com o seu ar paternalista. Apesar da determinação exibida nos debates e do conhecimento do meio financeiro, Ricciardi fala de um Sporting que já não existe.»
Um prisma interessante este que Nuno Santos hoje nos apresenta na sua habitual crónica "Ângulo Inverso". Por um lado um desafio estimulante para os que, ainda indecisos, se vangloriam de saber ler nas entrelinhas. Por outro lado uma tomada de posição inteligente que terá procurado demonstrar isenção, mas que suscitará significativas reservas a alguns sportinguistas...
Veremos qual a resposta dos sócios sportinguistas!...
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário