terça-feira, 23 de abril de 2013

Declinar bilhetes e responsabilidades !...

 

Terão sido cerca de 3.000 ingressos que o SLB dispensou ao Sporting Clube de Portugal, para serem distribuídos pelos seus sócios que pretendessem estar presentes no derby. À primeira impressão, como  se compreende naturalmente, o Clube nenhuma outra vantagem colheria dessa operação que não fosse a presença e o apoio dos adeptos que adquiriram o seu bilhete. Serviu apenas e tão só de mero intermediário na transacção, obviamente sem qualquer lucro ou prejuízo. Puro engano. O lucro terá sido objectivamente zero. Mas os prejuízos acumularam-se.
Não me atrevo a contabilizar os custos da operação de venda, nem aqui importará quantificá-los. Foi um serviço que prestou, na condição de associação desportiva, aos seus associados e ele é inerente à própria relação entre uma e outros. Não será obrigatória, mas moralmente adequada e quase não se deveria discutir. Acontece que esta notícia, vem deitar por água abaixo, toda a filosofia.
Os sócios sportinguistas que estiveram presentes na Luz e que esgotaram os ingressos disponibilizados, pagarão uma quota mensal que rondará os 30 mil euros. Pois bem, a fazer fé na decisão do Conselho de Disciplina da Federação, é muito provável que a receita de um mês de quotização dos associados  a quem o Sporting Clube de Portugal disponibilizou os bilhetes, dificilmente cobrirá o prejuízo que terão provocado ao Clube. A multa que terá de ser paga, no valor de 7.428 euros por comportamento incorreto desses adeptos, somada à sanção (quando apurada) por danos causados pelos mesmos, na Luz, conforme previsto no artigo 188.º deverá, quase inevitavelmente, ultrapassar aquele valor.
Pela sistemática e pelos vistos insolúvel repetição dos factos acontecidos na Luz, estaremos perante um "quadro clínico" insuperável através de terapêuticas civilizadas. Os adeptos sportinguistas presentes em média quatro vezes por mês nos estádios portugueses onde o Sporting Clube de Portugal se apresenta, provocam mensalmente ao Clube um prejuízo que ultrapassará largamente a remuneração contratualmente estabelecida com o seu treinador principal.
Os números circulam por aí e todos saberemos que não haverá fumo sem fogo. As razões que estarão na origem das dificuldades do prolongamento ou renovação do contrato do professor Jesualdo Ferreira, até ao momento, ainda não acertado entre as partes, estarão muito provavelmente, na diferença entre o valor que o treinador aufere neste momento e que o próprio desejará manter, e o valor que o Sporting lhe poderá pagar, face aos condicionalismos que o acordo com os credores bancários impõem. Consta que a diferença rondará os 200 mil anuais, ou seja, qualquer coisa que pouco excederá os 14 mil euros mensais. Uma ridicularia, se comparada com o volume de prejuízo que os adeptos provocam ao Sporting Clube de Portugal em cada mês. O absurdo desta lamentável situação chega a este ponto!...
Falhada, pelos vistos, uma terapêutica civilizada, atrevo-me a pensar que o Sporting Clube de Portugal só conseguirá ultrapassar estas "recidivas" incontroláveis, no dia que declinar publicamente a recepção de bilhetes para os estádios onde vier a estar presente e bem assim, a responsabilidade do mau comportamento e estragos provocados por adeptos seus nesses mesmos estádios, pela simples razão de que passará a ser completamente alheio à sua presença. Ninguém poderá imputar ao Sporting Clube de Portugal, comportamentos ou estragos provocados pelos seus adeptos, quando o Clube declarar antecipadamente , que não promoveu a presença de um único adepto no local em apreço. Não sou jurista, nem conheço os meandros regulamentares, em que o Conselho de Disciplina da Federação se vem baseando há já longo tempo, para arrecadar em todos os jogos disputados por esse país fora, receitas federativas absolutamente milionárias. Mas nenhuma dúvida me resta de que se o Sporting Clube de Portugal utilizar métodos compatíveis com a usura federativa, esta chocará inapelavelmente com a impossibilidade de penalizar o Clube, com a simples presunção de que os adeptos vestidos de verde e empunhando bandeiras com o símbolo do leão, serão sportinguistas! Já produzimos bananas no Algarve e na Madeira, mas ainda não somos propriamente uma "república de bananas"!...
 
Leoninamente
Até à próxima
 

2 comentários:

  1. Amigo álamo, subscrevo mais este seu manifesto, muito bem redigido, diga-se. E creio que com uma medida destas, sem adeptos do Sporting nos estádios alheios, talvez se poupem, sem as multas, uns cobres que muita falta nos fazem.

    Quanto à redução ou manutenção dos valores a pagar a Jesualdo Ferreira, acho que se estamos em tempo de contenção, esta redução deve ser aplicada.

    Por outro lado, o trabalho de JF tem sido tão positivo que não deve ser por causa de uns "trocos" que devemos também esbanjar a mais valia que neste momento o técnico representa para o Sporting. Afinal, é tudo uma questão de bom senso de ambas as partes.

    Jesualdo Ferreira é um profissional, mas se este Projecto Sporting lhe diz alguma coisa é hora de o demonstrar aos adeptos sportinguistas que está com o clube. Se por outro lado não chegarmos a acordo, penso que o clube perde, mas o Sporting encontrará outra solução com certeza.

    Assim, como assim, como ainda não será para o ano que seremos campeões, para fazer crescer esta equipa, haverá por aí muita gente capacitada para o fazer e certamente interessada em representar o nosso clube.

    Viva o Sporting

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    1. Amigo "cpontoal"

      Sobre o professor Jesualdo Ferreira, teremos de dar tempo ao tempo. Penso exactamente como o amigo. Gostaria que Jesualdo ficasse, mas de joelhos não lhe pediria nunca. Talvez com calma e bom senso as coisas se venham e resolver. Aguardemos.
      A outra matéria é mais complexa. Por mim resolvi-a em três penadas. Mas já reparou que nenhum dirigente em Portugal tem a coragem de enfrentar as claques?! Pois, eles lá sabem porquê!...

      Viva o Sporting e SL

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