terça-feira, 6 de julho de 2021

O Sporting terá de voltar a ser campeão!!!...


O leitão do nosso descontentamento

«Foi dado grande destaque mediático ao recente encontro dos presidentes dos clubes da Primeira Liga, no restaurante o Rei dos Leitões, na Mealhada.

Esta reunião nada teria de singular não fora dois significativos pormenores. O presidente da Liga não foi incluído e os presentes fizeram questão que isso se fosse conhecido. Foi noticiado ainda, pouco tempo depois, um improvável tête-à-tête, entre os presidentes do Benfica e do FC Porto, no mesmo restaurante. Desta feita, o presidente da Liga teria participado em parte da conversa. Finalmente dá-se agora eco à possibilidade de os principais clubes da Primeira Liga formarem uma associação independente para dialogar com o Governo sobre o incerto futuro do futebol.

Esta cronologia justifica algumas reflexões. A primeira é que o futebol está em tempo de divisão. Parece óbvio que os grandes clubes não se sentem representados pela Liga e, dentro desses grandes clubes, há quem se posicione para liderar o processo. A segunda é que causa alguma impressão ver assuntos tão importantes tratados entre duas trinchadelas. A terceira é que FC Porto e Benfica querem voltar a liderar o futebol português, mesmo que, para isso, tenham de engolir ressentimentos ancestrais.

Se há alguma coisa que o ‘Apito Dourado’ e o ‘E-Toupeira’ ensinam é que os presidentes actuais do Benfica e FC Porto alimentam um sentimento proprietário relativamente ao futebol e não hesitam sequer na legalidade dos meios utilizados para alcançar esse desiderato. Como é óbvio, o FC Porto não encara, nem por um minuto, partilhar o poder com o Benfica; aproveita-se, sagazmente, das debilidades actuais do presidente do Benfica para o atrair com cantos de sereia. Depois, quando for altura, descarta-o, se a oposição interna não o fizer antes.

Toda esta movimentação pressupõe a marginalização da Liga, que fica remetida a um papel de gestora administrativa do futebol profissional. A hegemonia que o Sporting conquistou este ano desencadeou um abalo telúrico de enormes proporções na concorrência, porque os confrontou com a amarga constatação que já não mandavam como outrora.

Com estes protagonistas e esta mentalidade, não parece que o futebol possa esperar a transparência, sustentabilidade e competitividade tão necessárias à sua credibilização. Este ‘dueto do leitão’ lembra-me irresistivelmente os velhos dos Marretas, que teimam em não sair de cena.

A alternativa, portanto, é continuar a ser afilhado destes padrinhos ou assumir o Ipiranga de um novo modelo de modernidade, no seio das instituições a quem foi legalmente cometido o encargo de gerir o futebol.»

Traduzida para linguagem popular, de forma a que nenhum adepto do futebol que vamos tendo por cá necessite que lhe expliquem, a lógica e incontornável conclusão deste excelente texto de Carlos Barbosa da Cruz aponta para um único caminho capaz de fazer regressar ao nosso futebol, "a transparência, sustentabilidade e competitividade tão necessárias à sua credibilização": o prolongamento por tempo razoável e capaz de tal permitir, da "hegemonia conquistada este ano pelo Sporting Clube de Portugal". Daí que se possa afirmar, sem margem para muitas dúvidas, para bem do futebol português...

O Sporting terá de voltar a ser campeão!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Caro Alamo, á sua expressao acrescento “seno deixarem”…SL

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    1. Nesta última época também não deixaram, mas... aconteceu!!!...
      Vai ser mais difícil? Ai isso vai, muito mais, até. Mas, jogo a jogo, porque não?

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  2. Parabéns pelo o artigo do CBC. Não estou a ver como o futebol português com estes dois senhores poderá ser regenerado. Os clubes estão neste momento a marginalizar a instituição que representa os clubes. E agora vão formar uma associação para falar com o Governo. A minha grande dúvida é o papel que o Sporting pode ter nesta situação. Andar a reboque daqueles que têm sido os maiores coveiros deste futebol que temos?
    Não sei...

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  3. Ainda sou do tempo, embora fosse criança, de ouvir falar nas reuniões em Canal Caveira, onde degustando o famoso cozido á portuguesa se decidiram vencedores, se combinaram pagamentos a árbitros e outros agentes. Um dos protagonistas ainda é o mesmo, afinal está cá há 40 anos!
    Mudam-se os tempos, mudam o menu, tudo o resto parece não ter mudado!!
    SL

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