Rúben Amorim surpreende em cada dia!...

Afonso Cabral - autor em ProScout

É pelo miolo que Tabata arranca: «Sporting ganha alguma provocação ao adversário»

Brasileiro é o "mais sólido para formar dupla com Palhinha" e um sinal 'mais' em relação a João Mário, entende o analista Afonso Cabral

«Tem demorado a arrancar, mas agora nem foi pelos flancos que acelerou. Bruno Tabata descobriu um ‘atalho’ para se desfazer do trânsito que tem encontrado no caminho de afirmação no Sporting e no particular com o Belenenses (2-1) – e num Algarve que bem conhece - foi como combustível para o grupo de Rúben Amorim.

"Foi um jogo de muitos testes e introduções à equipa principal, mas ficou marcado pela incorporação de Tabata numa posição mais central no terreno, a desempenhar as funções que na época anterior pertenciam ao novo reforço do Benfica João Mário. A solução não foi nova, mas foi a primeira vez que os adeptos puderam dissecar ‘in loco’ a exibição do brasileiro, e as indicações foram muito positivas, sobretudo no momento ofensivo", começa por dizer, em conversa com Record, o analista Afonso Cabral, concretizando de imediato as ‘delícias’ com que brindou o Estádio Algarve o ex-Portimonense.

"Tabata libertou-se no terreno e procurou jogar muitas vezes dentro do bloco adversário, para receber de costas e ligar com os extremos ou com o avançado Tiago Tomás. É dotado de uma técnica refinada, teve muita facilidade em interpretar momentos do jogo e quando se encontrou dentro do bloco adversário a receber de costas, variou entre orientar a recepção para a baliza adversária, segurar para dar tempo a que a equipa subisse ou combinar a primeiro toque quando sentiu maior pressão", explica.

E enche as medidas, consente o especialista da ‘ProScout’, de todas as formas: "Em qualquer uma das situações, mostrou muito critério e percepção dos espaços existentes, algo que pode não ser tão surpreendente, visto que o jogador assumiu ter feito toda a formação na posição de ’8’."

Rúben Amorim só poderá ficar satisfeito – e Afonso Cabral considera que com o brasileiro de 24 anos ficará até a ganhar, em detrimento de João Mário. "Com Tabata, a equipa ganha alguma provocação ao adversário, algo que com João Mário não aconteceu na época passada. O agora jogador do Benfica, apesar de ser um facilitador de jogo, entrava pouco dentro do bloco adversário e resguardava-se muitas vezes numa posição mais recuada, lado a lado com Palhinha, o que implicava que o Sporting atacasse com poucos jogadores. Do Tabata podemos esperar ainda outra diferença face ao internacional português: os movimentos de rotura sem bola entre o central e o lateral adversário, na tentativa de receber a bola em profundidade ou, no pior cenário, levar um jogador consigo para abrir espaço a que o extremo ou avançado consiga vir receber entrelinhas", caracteriza.

Nova posição, nova vida: assim poderá ser a campanha que agora começa para o leão que, na última, foi a jogo em 20 ocasiões, tendo marcado dois golos. "Depois de uma época menos conseguida a partir da linha, onde as suas características dominantes – a finta, a técnica e o drible - eram preteridas face à velocidade, aceleração ou capacidade de procurar a profundidade de outros jogadores do plantel, o Tabata pode ter encontrado no miolo uma nova vida em Alvalade. A menos de duas semanas do primeiro teste a doer [Supertaça], acredito que seja mesmo o mais sólido concorrente a formar dupla com João Palhinha", remata o analista, em declarações ao nosso jornal...»

(Rita Pedroso, in Record, hoje às 14:15)

Recusando a figura de treinador de bancada, o adepto sportinguista que sou, muito particularmente nos jogos mais difíceis da época anterior e contra blocos mais baixos, sempre 'sentiu' a "grande verdade" que agora Afonso Cabral coloca a nu e que tive o cuidado de realçar a negrito...

Quantas e quantas vezes soltei "imprecações cabeludas" quando assistia a um passe de Palhinha para a frente, dirigido a João Mário e este, confortável debaixo da asa do João, lhe devolvia a bola para trás e lá se ia a surpresa, a rotura e o envolvimento do adversário que rapidamente se recolocava. E tudo voltava ao princípio, o tempo a correr e os meus nervos em franja...

Dizem que "quem o feio ama, bonito lhe parece"! Muitos dirão que agora que João Mário partiu, é fácil de lhe colocar defeitos. Pois não se tratará propriamente de uma atitude desse género, aquela que estará por detrás destas minhas palavras. Apenas o reconhecimento de que a admiração que tinha por João Mário, me terá impedido muitas vezes de constatar o óbvio e que agora, que Afonso Cabral consegue desnudar completamente os factos, acabou por se fazer luz na minha mente. Apenas isso e, se me permitem, uma outra conclusão...

Rúben Amorim surpreende em cada dia!...

Leoninamente,

Até à próxima