quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

É preciso ganhar no Funchal!...


Paulinho não é Darwin Nuñez

«Onde anda Luís Filipe Vieira? Vemos Rui Costa dar em sua vez entrevista e uma quase infantil manobra de comunicação mostra que Luisão assumiu o papel de pajem e foi "dar uma bronca" aos jogadores a seu mando, porém, ninguém conhece o seu paradeiro verbal. É um silêncio ensurdecedor, de quem está aflito, de quem apostou todas as fichas num plano que só lhe tem trazido dissabores. A sua sorte é que as portas da Luz estão fechadas. E assim vai escapando ao vexame público de um coro de assobios e impropérios que grande parte dos benfiquistas lhe destinariam. E o mais bizarro de tudo isto é que ainda foi reeleito há pouco tempo pelo mérito da obra realizada mas também pelo canto da sereia de quem ia arrasar e ganhar tudo.

Numa intervenção que fiz esta semana na RTP1 no programa "É ou não é?", sobre comunicação na pandemia, afirmei que há uma linha muito ténue que separa o milagre do desastre. Também é assim no futebol, onde o paraíso das expectativas elevadas tem uma linha muito ténue que o separa do abismo das expectativas fracassadas. Esse é o pecado original desta temporada encarnada e a face visível do problema, em campo, chama-se Darwin Nuñez.

Custou 24 milhões, veio da segunda divisão espanhola e, curiosamente, nenhum dos colossos desse país descobriu o seu potencial. Passado pouco tempo de cá estar, já os media alardeavam propostas miríficas dos tubarões europeus. Hoje, a realidade fria e cruel dos números mostra um avançado que marcou 3 golos na Liga e está em jejum há um mês. Veredicto: um jogador que não está a justificar o investimento de marajá e cada golo seu é muito caro.

Ali ao lado, o divino contraste. Qualquer pessoa séria e racional não contestava o valor evidenciado pelo melhor projecto de treinador de 2019/20. Contudo, era lógico que se interrogasse pelo valor despendido que o tornava o terceiro mais caro da história do futebol., sobretudo após os dois erros com Keizer e Silas. Agora, sem hesitações, considero que o valor pago por Varandas ao Braga - sob forte influência de Hugo Viana - valeu cada cêntimo. Ruben Amorim uniu o clube, projectou talentos e trará múltiplos retornos.

Nesta temporada, a imensa maioria dos leões partiu sem grandes ambições nem entusiasmo, face a um rival que esbanjava milhões e juntava craque atrás de craque. Sem a pressão das expectativas infundadas, a época tem sido uma jornada muito esperançosa que pode ser épica.

Surge agora Paulinho. É a contratação mais cara de sempre do Sporting, o que é um risco, e levanta a fasquia das expectativas de um clube que por mérito próprio se apresenta como robusto candidato ao titulo. Mas Paulinho não é Darwin Nuñez. Ao contrário do uruguaio, o português não tem tiques de vedeta, é um homem do colectivo, cresceu na carreira a pulso, é trabalhador, não se quer ir já embora e está feliz. A juntar a isto há uma simbiose e química perfeita com os processos do técnico, que nunca desarmou na sua contratação, encaixando-se a régua e esquadro nas ideias de Ruben Amorim. Se o Sporting for campeão, Paulinho veio de borla e Darwin Nuñez será apenas um peso dispendioso e exorbitante que ajudará a afundar um presidente que já não tem muito futuro.»
* Texto escrito com a antiga ortografia

Mais uma excelente crónica de Rui Calafate, a merecer-me apenas um único reparo: estaremos a dar demasiada importância a quem, em cada dia , jogo e resultado se vai afastando cada vez mais do nosso horizonte!...

O nosso foco deverá ser, em primeiro lugar o próximo jogo e depois, o adversário que estiver melhor colocado para nos fazer frente e esse não é, claramente, o Benfica.

É preciso ganhar no Funchal!...

Leoninamente,
Até à próxima


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