Espertezas saloias
«O Benfica apresentou uma queixa no Conselho de Disciplina da FPF, relativamente à utilização, pelo Sporting, do jogador João Palhinha, no recente jogo entre ambos. Não está em causa a legitimidade do exercício desse direito.
O que choca, outros sim, é a explicação dada. Diz o Benfica que essa queixa se destina a esclarecer as regras aplicáveis a castigos de jogadores. Sejamos claros, o Benfica queixou-se na expectativa de uma decisão que lhe traga alguma utilidade, máximo, a perda de pontos do Sporting. Por outras palavras, aspira a ganhar na secretaria aquilo que perdeu em campo.
Se a intenção era a clarificação das regras, esperava tranquilamente o desfecho do processo que, como se sabe, já teve o seu impacto, uma vez que os castigos em processo sumário, a partir desta semana, passam a prever a defesa do atleta visado, coisa que o Conselho de Disciplina, principal responsável deste imbróglio, devia desde a primeira declaração de inconstitucionalidade do art.º 241.º do Regulamento de Disciplina ter implementado.
Ao Benfica não interessa que um cidadão, que por acaso também é profissional de futebol do Sporting, questione a constitucionalidade de uma norma que o discrimina e afecta. Pretende antes, pela calada, puxar a brasa à sua sardinha, sem porém assumir que o faz.
É este tipo de toupeirices que deslustram quem as subscreve e que, infelizmente para o futebol nacional, começam a ter um cariz de recorrência. Haja alguém que lembre que as vitórias não podem ficar a dever-se a convites para a tribuna presidencial, a cedências de jogadores a preço de saldo a clubes que competem no mesmo campeonato, a coscuvilhar no Citius. Mesmo que a Justiça absolva, fica a mácula ética de estratagemas que não estão ao nível de quem se gaba de estar dez anos à frente.
À luz dos preceitos vigentes em sede de justiça desportiva, João Palhinha conduziu a sua pretensão em estrita conformidade com o que a lei determina. Pode o TAD rejeitar o recurso com a consequência de o atleta cumprir o castigo que o CD lhe aplicou, ou pode julgá-lo procedente e o processo baixar de novo ao CD que, neste caso, tem competência para reiniciar a tramitação sancionatória, desejavelmente com respeito pelo contraditório.
Estes são os cenários possíveis, mas às vezes, no futebol, há penáltis que ninguém compreende.
Para mim, o Sporting ganhou justamente dentro das quatro linhas. Quem quiser contestar esta singela verdade desportiva e acalente esperanças de algum benefício administrativo que fique com a sua. Agora, em matéria de desportivismo, estamos conversados, qualquer que seja o desfecho.»
Mas mais do que as razões que indignaram Carlos Barbosa da Cruz será uma outra questão com pernas para andar que tem andado por aí a voar com o vento: há quem pense, embora não o afirme publicamente por razões óbvias, que a "queixinha" do Benfica não terá sido "fumo da sua chaminé", antes induzida. Tudo se sabe neste Portugal pequenino, manhoso e corrupto. O indutor?! Ora, quem sabe se não terá sido quem mais possa, em termos de imagem, vir a beneficiar com ela?! Pois!...
Quanto à esperteza saloia, todos nós a conhecemos há décadas...
São saloios com mania de espertos!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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