domingo, 28 de fevereiro de 2021

A melhor crónica do Porto-Sporting!...


FC Porto-Sporting, 0-0: a pinta do Rei Leão
FC Porto não correu riscos para sair vencedor. O Sporting puxou dos galões de líder, jogou com autoridade e deu passo de gigante para o título

«Foi um Sporting categórico, que puxou dos galões como líder do campeonato, sustentado em dez pontos de vantagem e num trajecto sem derrotas, aquele que esteve no terreno do campeão em título e de lá saiu com a mesma vantagem com que entrou. Mas os verdes e brancos foram mais do que a equipa que deu um passo de gigante para o título; foi um líder que, em jogo de coeficiente máximo de dificuldade, deu resposta inequívoca de maturidade, ponderação e domínio de todos os passos do jogo; que revelou a pinta de um rei leão que já tinha mostrado as garras e exercido o seu poder mas que, depois do jogo de ontem, confirmou que nada daquilo é postiço e frágil. O Sporting de Rúben Amorim não mudou a imagem no Dragão mas retocou-a, para melhor, de forma definitiva.

E que papel desempenhou o FC Porto no clássico de ontem? Os campeões nacionais revelaram-se muito serenos, nunca se precipitaram nas atitudes mas, aos poucos, deixaram-se cair na impotência em contrariar o domínio das operações exercido pelo adversário. Só no último troço do duelo os dragões tiveram alma e correram riscos na tentativa de empurrar os leões para trás e, mesmo nessa altura, abrindo brechas atrás susceptíveis de ser exploradas.

Autoridade verde e branca

O Sporting entrou no Dragão manuseando elementos emocionais e futebolísticos próprios da equipa que lidera o campeonato: autoridade, confiança, paciência, segurança e equilíbrio. Nos primeiros passos do jogo esses factores sobrepuseram-se a tudo o resto, nomeadamente à qualidade (individual e colectiva), à necessidade de ganhar e à urgência do FC Porto em encurtar a distância para o topo da tabela. A equipa de Sérgio Conceição não teve antídoto estratégico para contrapor a essa qualidade leonina e definiu como solução os ataques rápidos, com passes longos, tentando explorar as costas da defesa leonina.

Esta sensação de maior à-vontade sportinguista durou cerca de 20/25 minutos, o período que antecedeu o início propriamente dito do jogo, isto é, antes de as equipas colocarem as cartas na mesa e mostrarem ao que iam. O FC Porto foi crescendo aos poucos, transformou Adán num protagonista (ainda que relativo) mais relevante do que Marchesín e o perigo passou a rondar com mais frequência o extremo reduto da formação de Rúben Amorim. Mesmo nessa altura, em que o sinal mais azul e branco não perturbou a serenidade forasteira, valeu ao líder a forma como, no miolo, João Mário e Palhinha se sobrepuseram a Sérgio Oliveira e Uribe.

Assomo final

No período complementar continuou a faltar ao FC Porto a imagem de quem sabia o que estava em jogo. A equipa evitou o dramatismo de assumir todos os riscos, nunca se sentiu demasiado pressionada e em perigo por chegar ao golo. A urgência afecta o raciocínio, é verdade, mas se as coisas não estavam a sair bem, faltou o recurso aos limites da ambição para inverter a história. Quando os azuis e brancos se aproximaram dessa sensação de quem precisava de sair do colete-de-forças, quando optaram por pressionar mais alto e criar desequilíbrios, foi a vez de o Sporting deitar as garras de fora com saídas rápidas. Numa delas (73’), Matheus Nunes galgou mais de meio campo e, em boa posição, rematou por cima. Três minutos depois foi a vez de Taremi desperdiçar o golo, após grande jogada de Manafá. Estava escrito que o clássico não teria golos. E que o Sporting sairia do Dragão a pensar no papel e nos laços com que vai embrulhar o título.»

Rui Dias passará por ser, no meu modesto entender e hoje por hoje, um dos melhores, senão mesmo o melhor jornalista desportivo que temos por cá!...
Terá cometido nesta sua abordagem ao grande clássico de ontem à noite na Antas, o pequeno lapso de esquecer a arbitragem de João Pinheiro. A menos que o seu "silêncio" tenha sido, exactamente, intencional. E até acredito que sim. Este árbitro de há muito que vinha dando indicações de não lidar bem com a isenção. Mesmo assim e a meu ver, estaremos perante... 

A melhor crónica do Porto-Sporting!...

Leoninamente,
Até à próxima

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