quarta-feira, 29 de abril de 2020

A saúde é quem mais ordena!!!...(2)


“França e Holanda? Decisão para a Liga portuguesa deverá ser semelhante”
Para Daniel Sá, director-executivo do IPAM, todos os dados conhecidos apontam para que esta temporada da Liga portuguesa tenha destino semelhante àquele que levou ao fim das temporadas em França e na Holanda.

«Caso exista uma retoma dos jogos da Liga portuguesa, clubes irão recuperar 85% dos cerca de 400 milhões de euros que a Liga estimou de impacto negativo causado pela pandemia esta temporada. No entanto, Daniel Sá, director-executivo do Instituto Português de Administração de Marketing e especialista de marketing desportivo, em entrevista ao “Jornal Económico”, defende que a decisão do Governo na retoma desta competição terá que ser muito rigorosa e avisa: “Não há espaço para medidas populistas”.

Para este especialista em marketing desportivo, todos os dados conhecidos apontam para que esta temporada da Liga portuguesa tenha destino semelhante àquele que levou ao fim das temporadas em França e na Holanda, por exemplo.

- O Governo devia retomar o futebol em português?
- A reunião de ontem foi muito clara, remetendo a decisão final para as autoridades de saúde. Qualquer decisão do governo terá que ser suportada em dados rigorosos de saúde, não havendo espaço para medidas populistas, pelo que o futebol terá que se preparar para aceitar a decisão. Se retomar com jogos à porta fechada serão boas notícias para os clubes que conseguiram assim recuperar 85% dos cerca de 400 milhões de euros que a Liga estimou de impacto negativo causado pela pandemia esta época. Excetuando as receitas de bilheteira (cerca de 15% do total de receitas dos clubes), seria assim possível ir buscar a quase totalidade das receitas de publicidade e patrocínio (25%) bem como a totalidade das receitas dos direitos de transmissão televisiva (60%).

- O Governo diz que a decisão é sanitária mas não estará muito dependente dos interesses dos operadores que têm os direitos televisivos?
- Não. Nos tempos que vivemos, os governos não podem alinhar em decisões deste género. Vivemos a maior crise mundial das últimas décadas que afecta todos os sectores de actividade de um país. O futebol é apenas mais uma dessas indústrias pelo que não terá qualquer regime de excepção. Apesar de tudo, independentemente da decisão final, caberá à Liga e aos clubes negociarem os direitos de transmissão televisiva de forma a garantir a viabilidade económicas dos clubes e dos operadores televisivos.

- França e Holanda decidiram o final das competições. É uma decisão sensata?
- Se os governos de ambos os países tomaram a decisão após parecer das autoridades de saúde então a decisão é sensata. Apesar da UEFA ter dado naturalmente liberdade de decisão a cada país, temo que exista um efeito bola de neve, pelo que as decisões de França e Holanda acabem por significar adoptar a mesma decisão nos restantes países. Todos os dados conhecidos à data de hoje levam-nos a crer que esta decisão também será tomada em Portugal.»


Depois do presidente do Comité Médico da FIFA, Michel d’Hooghe, ter afirmado que todas as ligas nacionais, tendo em conta as “consequências na vida e na morte e não em pontapés na bola, deverão esquecer esta temporada e planear a próxima" e de Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, ter considerado que o Governo não está perante “uma decisão fácil” relativamente à retoma do futebol profissional, pouco ou mesmo nada importarão, entre outras do mesmo jaez com que por aí somos confrontados a esmo, as palavras do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo - olha que prenda! -, de reconhecer que o futebol profissional terá um “impacto económico muito relevante para a indústria”.

E lá voltamos nós de novo a Grândola, Vila Morena...

A saúde é quem mais ordena!!!...(2)

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Sou genericamente contra a continuidade das competições de futebol profissional desta época, antes de mais por ferirem a verdade desportiva: As condições dos jogos a disputar não serão nunca as da competição normal (a ausência de público, a desconcentração competitiva, os estádios onde se realizarão, etc....), depois porque há duas ligas profissionais, e não apenas uma, e finalmente porque havendo cerca de 36 clubes nessas competições o primeiro ministro ter discutido o assunto em questão com as respectivas Federação e Liga e apenas 3 dos representantes daqueles clubes. O resto não conta? Então que joguem os três...fica tudo mais fácil... Finalmente fazer jogos a curto prazo, nas condições que tem sido faladas, continua a envolver riscos importantes para a saúde pública.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Embora compreendendo que esta candente matéria será sempre um complexo sistema de equações a muitas incógnitas, por todas as razões e mais uma, tenho desde sempre e exactamente a mesma posição que tu. Uma solução "à francesa" seria por mim aplaudida de pé.

      "Albarde-se o burro à vontade do dono"!!!...

      Grande e fraterno abraço.

      Eliminar