De tanga
«O Porto falhou o reembolso do empréstimo obrigacionista de 35 milhões que tinha contraído, por via de – mais – uma emissão de obrigações. Como é óbvio, este default não dá saúde nenhuma às relações dos clubes com o mercado financeiro, o que sobra, porque já foram proscritos dos bancos.
Independentemente do dano reputacional, que também já afectou o Sporting, a questão de fundo que este episódio suscita é o do modelo operacional dos clubes portugueses, que teimam em não ver mais além do seu próprio umbigo, a meias com a sacralização de uns mitos, que conduzirão inexoravelmente o futebol português à penúria.
E nem se pense que o Benfica está fora. Apenas vive a euforia de umas transferências bem sucedidas, mas as falhas estruturais permanecem. Bastou o falhanço do Kransnodar e a manutenção de custos fixos completamente absurdos, para o Porto colapsar, como aconteceu no Sporting, com o despesismo demagógico da era Bruno.
Esta vida no fio da navalha tem um fim anunciado e que é a progressiva perda de competitividade internacional, onde está, como sabemos, o dinheiro.
A Europa do futebol já percebeu que a solução está em abrir os clubes ao investimento externo, de que o paradigma mais bem sucedido é o caso do campeonato inglês.
Em Portugal, a gente do futebol também já percebeu, falta apenas a coragem de alguém dizer que o rei vai nu. Mesmo naquele jogo de sombras em que a gestão do Benfica se transformou, se vislumbra essa preocupação, porquanto, por detrás daquela pretérita OPA, estava a disponibilização subsequente de capital a um ou mais investidores; não é debalde que LFV cita amiúde o exemplo do Lyon.
Prevejo que as circunstâncias ditarão que vai ser o Porto o primeiro a dar o passo em frente e outros seguirão, por opção ou necessidade. O timing é essencial, porque há uma grande distância entre a parceria e o resgate.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record, hoje às 17:02)
Um tema que sempre se me apresentou configurado como enorme tabu que, desde que me lembro, mesmo tendo sido desde sempre repudiado por uma considerável maioria do universo sportinguista, não tem impedido muitos insuspeitos sportinguistas de se pronunciarem sobre a "nudez do rei".
Já por diversas vezes Carlos Barbosa da Cruz ousou meter a sua foice nesta, até hoje e dita por muitos, inexpugnável seara. Mas não será caso único. Ainda recentemente Miguel Poiares Maduro terá tecido considerações que, sem defender qualquer solução que apontasse de forma tão clara um tal caminho, sempre foi tecendo críticas ao modelo de governação há muitos anos - décadas?! - seguido em Alvalade.
Por mim, como velho sportinguista que, confessadamente, se assume insuficientemente informado nesta matéria, apenas me apraz dizer, depois deste 'novo alerta' de CBdC, que o meu 'sexto sentido' também consegue aperceber-se que "haverá uma grande distância entre a parceria e resgate". Decerto a mesma que, inexoravelmente, existirá...
Entre a soberania e a sujeição!...
Leoninamente,
Até à próxima
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