«O conflito entre Rui Pinto e o alegado empresário de jogadores César Boaventura, ou o "erro de percepção mútuo", como diria Mário Centeno, entre o FC Porto e o empresário de Otávio sobre os 15 milhões que o jogador terá recebido como prémio de assinatura, exemplificam demasiado bem os problemas com que o futebol português se debate.
Opacidade é a palavra mais óbvia, se quisermos puxar pela diplomacia e não carregar demasiado nas tintas. Não adianta desqualificar Rui Pinto, como faz César Boaventura, num assunto que é óbvio. As negociatas que fez com Luís Filipe Vieira, envolvendo as sociedades anónimas desportivas do Benfica e Atlético são claras. Podemos tentar envolver tudo num embrulho de verdade formal, com papelada, documentação, registos para cá e para lá, mas nada disso resiste aos buracos deixados em aberto. O Benfica faz negócios, como o da aquisição de Mika, com empresas que não declaram impostos ou que se refugiam em paraísos fiscais? Sociedades que aparecem e desaparecem à velocidade de um fósforo a arder. Foi esse ambiente de promiscuidade e opacidade que conduziu o clube e Vieira a um abismo reputacional. Conduziu também a práticas de pura traficância, em que a mercadoria são os jogadores mas os corsários que os representam, vendem ou compram é que levam a fatia de leão.
É esse ambiente que se detecta na brutal discrepância entre os 15 milhões inscritos no relatório e contas da SAD do FC Porto, a título de prémio de assinatura, e a não menos brutal declaração do empresário de Otávio, que fez um desmentido tonitruante: "O jogador não recebeu nem um euro!". Em que ficamos? É difícil que seja possível sustentar um prémio de 15 milhões para uma renovação de contrato, num clube que já não tem capacidade de reter jogadores valiosos e os deixa sair a custo zero. Onde fica a polícia do mercado, a CMVM, se ficar calada e não exigir esclarecimentos? Onde vai parar esta Liga se deixar crescer o ambiente de traficância que está instalado? Que credibilidade tem um futebol que gera os melhores jogadores do mundo mas também os piores gestores do planeta? Já para não falar dos alegados empresários, que enchem os bolsos vendendo a cumplicidade que os presidentes que se julgam donos dos clubes necessitam para fazer as suas negociatas. Uns e outros são a toxina mortal para este futebol e esta Liga da traficância.»
E ninguém da CMVM e LPFP vai preso?! Não viram, não ouviram, não estavam cá ou terão sido as máscaras do Covid-19 as culpadas?!...
Vai sobrar para o Rui Pinto como da outra vez?!...
Leoninamente,
Até à próxima
15 milhões que voaram!
ResponderEliminarMas ainda não há nortadas!
O "papa e a cúria" que o acompanha há várias décadas estarão a "cozinhar" a "nortada arrasadora e irrefutável" que a situação impõe, à boa maneira do "apito dourado"!...
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