«Quando o Ministério Público faz buscas a uma entidade e dias depois pede mais documentos, no caso, muitíssimo importantes e relacionados com o objecto da busca inicial, isso é o quê? É a velha busca ou uma nova busca? Depois de uma notícia da ‘Sábado’ sobre o tema, o Benfica veio de imediato dizer que não havia novas buscas e que se tratou, meramente, de um pedido de "documentação complementar" que o clube satisfez de imediato, como se esse pedido fosse uma coisa menor.
O episódio tem um significado relativo mas deixa duas ou três coisas que importa reter. O Benfica, aparentemente, tem razão numa coisa: não estamos perante uma nova busca. Mas, na verdade, isso pouco importa para o caso. Aqui, estamos perante uma diligência que é uma extensão da busca original e, nesse sentido, em termos técnicos, estamos perante uma verdadeira busca.
Não se tratou de um pedido burocrático de envio de informação menor. Tratou-se do pedido de envio de 16 contratos de jogadores, a juntar a mais uns quantos recolhidos inicialmente, que visa apurar essa pequenina coisa que é saber, afinal, qual é a real e verdadeira extensão das relações negociais entre o Benfica, Luis Filipe Vieira e o empresário Bruno Macedo.
Os contratos em causa, os termos em que foram feitos, o dinheiro que circulou e entre que contas e de titulares, as comissões que uns e outros receberam, são elementos centrais da investigação. Não adianta ao Benfica refugiar-se numa linguagem que privilegia a forma à substância. Se é para mudar a página, talvez se torne necessário rever uma comunicação que permanece entrincheirada na velha conversa videirinha da opacidade, que nem o controlo de danos consegue fazer.
O Ministério Público e a Autoridade Tributária foram correctos ao escolher o meio menos intrusivo para obter os contratos, evidenciando um registo de colaboração do Benfica. Se isso não acontecesse, não sobram dúvidas sobre o que aconteceria e o Estádio da Luz lá teria os inspectores e magistrados a bater à porta. A velha busca, de surpresa e com severas limitações de movimentos dos alvos, substituiria a busca diplomática ou a cortesia com que este assunto foi tratado.
O Benfica e os seus actuais dirigentes se querem mudar a página da história, não podem continuar agarrados a práticas antigas, que pretendem, infantilmente, esconder a realidade. De resto, convém não esquecer o que aqui importa. Mais contrato, menos contrato, estamos perante indícios de crimes de abuso de confiança, burla, fraude fiscal e abuso de informação privilegiada. E, isso, não há nenhuma comunicação que consiga iludir.
Esta crónica de Eduardo Dâmaso já seria suficientemente elucidativa sobre a tremenda e incontornável nuvem de suspeitas que paira sobre os ceús do nosso "querido" vizinho do outro lado da rua!...
Mas o que pensar do postal publicado ao fim da tarde de hoje num dos expoentes máximos da blogosfera benfiquista?!...
Tenho por Shadows, o autor deste postal no NGB, uma consideração que apenas terá paralelo num número muito reduzido de adeptos do SLB. Daí o blog em que escreve continuar a fazer parte da lista de blogs que recomendo. Com alguns excessos que compreendo, como ele decerto compreenderá alguns que por aqui cometerei, tenho-o como pessoa séria e ponderada. E este postal não me terá deixado de boca aberta, apenas porque sempre pensei e continuo a pensar, que Rui Costa não será bem aquilo que a sua "boa imprensa" propagadeia e que foi capaz de o levar à presidência do Benfica...
Não, "penso eu de que", nem Shadows estará louco, nem terá deixado o Benfica, de repente, de ser o seu "grande amor"!...
Ou é da minha vista ou os barrotes estarão tortos!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Benfica : Vieira Sai, a Polícia NÃO (CMTV)
ResponderEliminarMais um texto de análise e opinião jornalística de excelência, do Sr. Eduardo Dâmaso.
ResponderEliminarÉ plausível, claro, óbvio e evidente, que os Contratos e as suas condições, quer as de carácter laboral, quer as de ordem fiscal, económica e/ou financeira dos mesmos, serem do conhecimento de muito mais gente, para além da exclusividade restrita do Presidente.
A Direção, a estrutura jurídica de apoio, o Departamento Financeiro e outros colaboradores do futebol profissional, são os responsáveis directos, indirectos e/ou coniventes, por desconhecimento, propósito ou omissão, pelo que vier a acontecer.
E as buscas e pedido para envio de documentação, apenas reforçam a ideia, convicção e certeza, de que existe muito mais que a simples dúvida ou suspeita.
São peças do puzle, que vão constituir-se em matéria factual e probatória, dos indícios de crimes gravíssimos enunciados na peça.
A SAD e o clube, terão incorrido em conluiu, intento, propósito e em associação, num alargado conjunto de práticas, ações e crimes.
Insanável qualquer outra interpretação ou justificação.
Objectivamente, terão sido idealizadas e praticadas, de forma abusiva, danosa, criminosa e ilegal, ações e comportamentos que lesaram o clube e a Autoridade Fiscal e Tributária em termos financeiros, mas em benefício e privilégio desportivo do mesmo clube e das contas bancárias de alguns intervenientes.
Considerando-se a violação do Regime Jurídico Desportivo e os seus Regulamentos, a Lei Geral e o Código aplicável a cada situação (Ex.: o Civil, o das Sociedades Comerciais, o do Trabalho, do Mercado de Valores e o Regime Fiscal), o presente é atro e preocupante e, para o futuro, vislumbra-se o caos e o abismo.
Não é ficção, não são falácias e muito menos exacerbado pessimismo.
A visão catastrófica e apocalíptica, advém da leitura da realidade factual e das consequências emergentes das putativas sentenças condenatórias.
Os pedidos de indemnização subsquentes, naturalmente irão surgir e serão muitos M €, o património existente alvo de penhora e garantia, ações judiciais e pedidos de insolvência, etc..
Nada que a lucidez, competência, conhecimento e realismo de um ex-candidato à presidência do SLB, tivesse omitido ou ausente dos discursos, alertas e providências, sem utilizar um sempre apelativo discurso de dramatismo populista.
E como desportista, sinceramente o meu lamento.
Em conversas pontuais e de circunstância com adeptos e sócios do clube em causa, verifica-se na sua esmagadora maioria e salvo algumas excepções, uma confrangedora posição acéfala e acrítica, mas tão só, indefectíveis e seguidistas a quem a paixão cega a razão.
Porém, tudo caiu em saco roto.
Siga a procissão e o acompanhamento do féretro.