«Provavelmente, ele esteve sempre lá, só que, com o barulho da multidão, passava mais despercebido, salvo uma ou outra acção disciplinar.
Agora com o silêncio da Covid, esta singular realidade aparece em todo o seu esplendor, acessível ao ouvido, mesmo pouco atento, do telespectador, porque tal é a intensidade dos seus decibéis, que dificilmente passa despercebida.
E não é só a expressão verbal, é também a coreografia que os seus membros ensaiam, cada vez que se levantam do banco e pretendem exteriorizar o seu desagrado. É um movimento colectivo e sincrónico, que culmina com gestos dirigidos contra o motivo da sua frustração, normalmente a equipa de arbitragem, mas também jogadores adversários. A agressividade imanente de gestos e palavras só tem paralelo nas danças guerreiras do ‘Haka’, que os raguebistas neozelandeses exibem antes dos seus jogos.
Ironia à parte, esta prática recorrente do banco do Porto, que inclui sem distinção todos os seus elementos integrantes, desde o treinador, adjuntos, delegado, médico, massagista, roupeiro e suplentes, é preocupante. Porque não se trata da expressão genuína, se bem que descontrolada, de emoções, outrossim um premeditado exercício de constrangimento e intimidação, dirigido sobretudo à equipa de arbitragem.
Na prática, é como se houvesse uma equipa paralela de arbitragem, que procura comandar as decisões de fora para dentro e que tem o seu clímax quando exige cartões ou nos momentos em que o árbitro de campo visiona o monitor, por indicação do VAR.
Deve ser realmente penoso, para qualquer árbitro, estar a levar com aquela matraca o jogo todo, que reclama por tudo e por nada e, claro está, não poupa nos coloridos mimos verbais que agora vamos ouvindo.
Estarão longe as peitadas do Jorge Costa no António Rola, ou a perseguição do Paulinho Santos a José Prata, mas o espírito, esse, está presente e é o mesmo, ou seja condicionar os árbitros.
E faz parte desta mise-en-scène a vitimização, quando qualquer árbitro, exasperado, os admoesta ou expulsa, e que até dá jeito como manobra de diversão quando a equipa não ganha.
O banco do Porto há muito que deixou de ser uma questão disciplinar, porque, à imagem do seu treinador, é sobretudo uma questão de falta de fair play, e para isso não há cartões.»
Apenas o bajulador aplauso dos crentes às "encíclicas papais"! Nasceu há quase 40 anos e só uma "nova cultura" o poderá fazer desaparecer! Incurável até soprarem "novos ventos", ou a disciplina federativa ganhar coragem, mas isso talvez possa acabar por constituir...
Uma nova utopia!...
Leoninamente,
Até à próxima
Leia-se também no editorial da última edição do jornal O Sporting,
ResponderEliminarDE LAPLACE A LA PALICE, onde entre outras verdades dizem que "... infelizmente, no futebol português continuam a persistir muitas caixas negras ..."
A propósito das recorrentes jogadas obscuras e vis, dos ditos senhores que se vão sofisticando a ponto de agora até engendrarem, pasme-se, jogadas de laboratório, apetece apenas citar o povo:
A vida é filha da xxxx
A xxxx é filha da vida
Nunca vi tanto filho da xxxx
Na xxxx da minha vida