«No magnífico documentário da HBO, "Tiger", sobre Tiger Woods, surge esta frase: "o problema em conquistar o mundo é que o mundo vai querer a sua vingança". Ora, há muitos a desejar que a bonança passe em Alvalade e que a estrelinha da sorte de Ruben Amorim (RA) empalideça. O jovem treinador chegou com o afã inquebrantável de ganhar títulos e, neste momento, fruto da qualidade do seu trabalho tem uma magia com os adeptos de quem consegue derreter qualquer "iceberg". Há paixão, há amor incondicional, reergueu-se a esperança. Só resta agora guardar até ao fim do campeonato a máxima do poeta romano Aulo Pérsio: "quem resiste, vence".
Varandas falhou redondamente com Marcel Keizer e Silas, por isso tem de agradecer ainda mais o facto de um homem ter convencido o grande amigo a desvincular-se do projecto do Braga para entrar numa casa desavinda, num projecto recheado de incógnitas e do qual se tornou agora o cimento e betão armado. Se há paz no Sporting ela advém de RA, das suas vitórias e da atitude de deixar a pele em campo que é exibida pelos seus rapazes. Ora, o técnico foi claro após a conquista da Taça da Liga: "Se não fosse ele (o Hugo Viana), eu não estaria no Sporting". Já fui muito duro com o director-desportivo, mas já percebi que está ali um homem calmo que aceita a crítica quando erra se a mesma for fundamentada e sem maldade - e houve vários erros no passado recente a apontar - logo, numa altura em que a nação leonina diviniza o novo feiticeiro, não ficava de bem comigo próprio nem com os leitores se não prestasse uma homenagem pelo papel do Hugo Viana na sua contratação.
Para ultrapassar as armadilhas do futebol é preciso cinzelar com precisão de artista o seu modelo e ter alternativas para baralhar os adversários. Porém, a base é possuir um bom plantel. O do Sporting é curto e não está recheado de opções do mesmo quilate no banco, mas tem revelado surpresas. Foi o próprio RA que reconheceu que desconhecia Porro. Portanto, hoje é correcto afirmar que o "carrillero" espanhol se tem revelado para a generalidade da crítica, que o olhou com desconfiança, como a maior revelação desta Liga e é já nítido que a breve trecho terá a titularidade da "La Roja".
Nas vésperas do "derby", o Sporting lidera. E se vencer o Benfica, terá de solidificar a sua armadura de candidato ao título. Mas é aqui que entra Adam Smith. Foi no século XVIII que explanou o conceito de "mão invisível" aplicado à economia. Para ele, se o mercado for livre, sem interferências externas ou de governos, ele regular-se-á por si próprio de forma automática, como se a tal "mão invisível" estivesse por trás de tudo. Uma espécie de "master of puppets" que não se consegue visualizar. O futebol limpo e transparente devia ser assim, decidido no relvado sem qualquer intervenção estranha, contudo, o amarelo a Palhinha, bem com tantas outras decisões estranhas que já prejudicaram os leões nas últimas décadas, prova que há um sistema, uma mão invisível, que comanda decisões manhosas e erradas como a de Fábio Verissimo e alguém ganha com elas. E contra este estado da arte, mãos invisíveis e outras "vinganças do mundo" não basta ao Sporting ser mais forte. Ruben Amorim já aprendeu que tem de jogar o triplo, é essa a sina de quem quer ganhar em Alvalade. Noutros lados seria mais fácil.»
Que bem que me fez ler esta crónica de Rui Calafate! Quanto ânimo recuperei e quanta esperança se somou à pouca que tenho conseguido manter dentro de mim, nestes tempos difíceis que se nos deparam e tentando sobreviver no meio de tantas "mãos invisíveis" que pretendem continuar a comandar o nosso futebol.
Mas Amorim está carregado de razão...
"Temos de jogar o triplo"!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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