sábado, 4 de agosto de 2012

A bondade, a utilidade e a necessidade da crítica


Haverá em todo o imenso universo leonino, múltiplas  e diferenciadas avaliações e  correntes de pensamento, sobre a evolução da equipa nesta pré-época e a prestação ontem evidenciada em Huelva. Naturalmente, todas elas legítimas e que mais não serão que o reflexo saudável da forma também diversa como mais de três milhões de adeptos, sentem, reagem e expressam a visão e o sentimento que a equipa actualmente lhes sugere.

Excluídos os extremos, que a ciência que estuda os fenómenos sociais e muito particularmente os desportivos,  aconselha a que não sejam tomados em conta, dada a margem de erro que comportam, atrever-me-ia a considerar quatro importantes grupos: os complacentes, os cépticos, os negativistas e os exigentes.

Para os complacentes, que tanto poderei rotular de acríticos quanto de desapaixonados, tudo vai bem,  tudo estará a ser bem feito e conduzido, a equipa há-de vir a produzir ao nível das nossas expectativas, será uma questão de tempo e se porventura ainda não for nesta época que celebraremos o título de campeões, não será por aí que virá mal ao mundo e o Sporting não deixará de ser o que é.

Para os cépticos, haverá sempre profundas reservas sobre dirigentes, técnicos, atletas, métodos e resultados. A começar pelo Presidente e a acabar em Paulinho Gama, passando por Luís Duque, Carlos Freitas, Ricardo Sá Pinto, equipas técnicas, clínica e de comunicação e atletas, a todos envolvem numa auréola de reservada desconfiança, seja em questões de carácter, competência e capacidade para alcançar qualquer tipo de objectivos.

Os negativistas, adeptos da crítica pela crítica, obviamente sempre negativa, dedicam-se especialmente à procura dos erros dos outros, parecendo ter uma necessidade insaciável de apontar defeitos alheios, se bem que exibam sob a capa protectora do chavão, "só quero ajudar", trejeitos de canabalização, sem jocosidade e sem detalhe e absolutamente directos ao julgamento, atacando por meio das mais severas formas de crítica pessoal e desprezo, com uma completa falta de consideração pelos carácteres e sentimentos dos objectos da sua desenfreada crítica.

Ficam para o fim os exigentes, aqueles capazes de estabelecer uma criteriosa separação entre o que estará bem e menos bem e que tentam colaborar - crítica construtiva - de forma a que possa ser melhorado tudo aquilo que porventura ainda não atingiu o nível desejado. A crítica construtiva pode ser dura, mas ao mesmo tempo solidária. É livre da maldade e, em geral, parte de sportinguistas equilibrados e maduros, cujo único objectivo será sempre ajudar a detectar e a corrigir os erros que porventura estejamos a cometer. E os destinatários dessas críticas devem recebê-las também como sendo um exercício de maturidade porque, normalmente, quem é maduro e justo para criticar lida com tranquilidade com as críticas que recebe.
A crítica construtiva, para verdadeiramente alcançar os seus objectivos deve passar por três peneiras: a  peneira da bondade, a peneira da utilidade e a peneira da necessidade. Por isso os sportinguistas deverão colocar a si próprios e sucessivamente, estas três questões:  “O que vou falar é algo bom?”, se não for, deverão calar-se; “O que vou dizer é realmente útil?”, se também não o for, guardem a crítica para si; “Esta minha observação é realmente necessária?”, se voltar a não ser, será bem melhor ficarem de boca fechada.

Vem toda esta minha dissertação a propósito da minha crónica de ontem, no final do jogo de Huelva.
Porque muitas dúvidas me assaltaram durante a longa conversa que tive com a almofada que me suportou o sono inquieto. E vieram à baila os três mandamentos de toda e qualquer crítica construtiva. Aquilo que ontem aqui disse, à laia de carta aberta a Ricardo Sá Pinto, terá sido bom, útil e necessário?!... Continuo, mesmo depois de toda a reflexão que a questão me impôs, a acreditar que sim. Porque não foi a complacência, o cepticismo ou a crítica negativa que me moveram. Foi o desejo de ver Ricardo Sá Pinto e o Sporting corrigirem todas as trajectórias menos correctas, triunfarem e caminharem decisiva e assertivamente para o título de CAMPEÕES !!!...

Leoninamente,
Até à próxima

7 comentários:

  1. Se não formos exigentes, connosco próprios e com quem nos rodeia, dificilmente conseguiremos alcançar qualquer objectivo na vida.
    As críticas aqui debatidas no post anterior, parecem converger todas no mesmo sentido. Todos acreditamos no potêncial desta equipa, acreditamos que quer o treinador, quer os jogadores têm capacidade para fazer mais e melhor, daí sermos exigentes para com eles.
    Não nos podemos conformar e começar a pensar na próxima época, porque nesta já não temos hipótese.
    Não...temos de ser exigentes, e é nesta fase, onde tudo é possível, e onde partimos em igualdade com os nossos principais adversários.
    Chega de palavras, chega de desculpas, dizer "somos o Sporting" não chega, temos de o mostrar.
    O verdadeiro Sporting não fica 20 pontos atrás do primeiro lugar, o verdadeiro Sporting fica em primeiro lugar, ou quanto muito está na luta até ao último minuto da última jornada.
    E é isso que nós adeptos exigimos este ano.

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    1. Estimado "Fenómeno",

      Mais uma vez aqui estou para, concordando com o seu comentário, lho agradecer.
      Penso que terá entendido perfeitamente as razões que me levaram a escrever a crónica de hoje. Não é fácil ser abade numa freguesia tão complicada. Apenas o deus Sporting nos unirá. O resto, os mandamentos, os sete pecados, o fogo eterno ou a vida para além da "morte", anunciada ou não, são questões complexas de uma religião difícil, onde cada um de nós entende ser capaz de saber escolher o melhor caminho para os céus da glória. É tudo isto, é toda esta complexidade quase sem limite que nos torna grandes. Tão grandes como os maiores,,,

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    2. Quem opta por expôr a sua opinião na internet, sujeita à critica de todos, sabe à partida que não será possível agradar a toda a gente, mesmo se à partida todos os leitores tiverem um denominador comum, que neste caso é o Sporting.
      É exactamente por isso que existem dezenas de blogues/sites onde se discutem as mais variadas opiniões acerca do nosso clube.
      Cabe a quem os lê, filtrar aqueles que vão mais de acordo com a sua forma de encarar a sua posição para com o clube.
      Haverá sempre os negativistas, com os quais não me consigo identificar.
      Se é tudo mau no nosso clube, desde o presidente, até ao mais desconhecido funcionário, passando pelo relvado ou pelas cores dos azulejos, porque é que continuam a gostar deste clube? Mudam os treinadores, mudam as direcções, mudam os jogadores, e para os negativistas, é sempre tudo mau.
      Os complacentes, são uma espécie em vias de extinção, poucos são os que estão conformados com a situação do clube, mas ainda existem algum. Um clube com a história do Sporting, não pode estar 4 ou 5 anos sem ganhar um título. Não nos podemos conformar com isso.
      Compreendo perfeitamente a sua crónica de hoje, e até concordo com a sua descrição dos vários estados de alma sportinguista, e até pode ser um bom exercício para identificar a posição de quem lê e participa neste blogue.
      Cumprimentos

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    3. Caro "Fenómeno",

      Acabo de manter a minha forma no tapete rolante. Hoje foram: 60 minutos#4.180 metros#2.250 calorias!
      Diariamente, vou cumprindo as instruções do meu "treinador"/cardiologista. Quem quer ganhar o campeonato da saúde e de mais alguns anos de vida, tem que se esforçar e sacrificar. É assim em tudo esta vida e no futebol nunca será diferente!...
      O parágrafo com que começou este seu comentário é a pura das verdades. Mentiria se dissesse que sou indiferente a eles, mas aceito-os e tento sempre fazer pedagogia quando a acrimónia os inunda. No princípio, quando há quase 16 meses arranquei com o blogue, era mais frequente a crítica negativa e até o insulto que por aqui me aparecia. Mas a selecção foi-se fazendo e hoje, posso dizer que mesmo surgindo aqui sportinguistas que não comungam da minha opinião, há muito deixei de ser insultado e acusado de muita coisa, até de não ser sportinguista. A princípio ainda pensei fechar o blogue, porque sou completamente avesso ao insulto e à utilização de linguagem menos própria. Mas resisti e cá me fui aguentado. E a minha coroa de glória, que me deixou prostrado de surpresa e profundamente sensibilizado, veio de uma das senhoras que mais admiro no Sporting: a dra. Isabel Trigo Mira. Ela disse-me de viva voz, quando respeitosamente a fui cumprimentar no último almoço do aniversário do Núcleo de Ílhavo, que este modesto blogue era um exemplo de sportinguismo e era muito importante para o clube, incentivando-me a continuar sem desfalecimentos. Foi o maior elogio que até hoje recebi do Sporting e para dele continuar a ser digno, até os insultos me passam ao lado.
      Mas por vezes a minha impulsividade na defesa dos superiores interesses do Sporting, levam-me a cometer execessos de que imediatamente me tento redimir, porque há muito decidi que o orgulho não vale uma infinitésima parte do prazer de saber haver pessoas que à nossa volta nos estimam e respeitam.
      Dentro de pouco minutos estaremos a apreciar a "ressaca" do jogo de ontem e facilmente concluiremos se também a Ricardo Sá Pinto incomodaram ou não os "pormenores" que ontem desagradaram a todos os sportinguistas.
      Mas uma coisa nos une: queremos um Sporting forte, ganhador e cAMPEÃO!... Verdade?!...

      Cumprimentos

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  2. Tudo o que disse aqui ontem em relação ao jogo, foi o que a maioria dos Sportinguistas pensou, por isso penso que foi um post adequado às circunstâncias, e crítico q.b. sem ser destrutivo.

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  3. Caríssimo "Caio brutts".

    Obrigado pela visita e pela delicadeza do seu comentário.
    Sobre o site que refere, lamento informá-lo, mas é-me perfeitamente desconhecido. Não tenho qualquer opinião. Visitei-o, naturalmente, mas penso que aborda questões perante as quais o meu interesse é muito reduzido.

    Um abraço e fortes Saudações Leoninas.

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