O amigo que não existia
«O futebol que fascina, apaixona, interessa, o dos 101 golos de Cristiano Ronaldo, um prodígio imortal. “Ele bate recordes, alimenta-se disso”, afirmava um satisfeito Fernando Santos. Mais ainda depois de alguns analistas (nenhum do Record) terem vestido a pele de Velhos do Restelo e proclamado do alto da sua ignorância para estes assuntos (que tristes figuras fazem, meu Deus) que a Selecção estava a entrar numa “curva descendente”. Pois tomem lá de cebolada as exibições e golos contra a Croácia e Suécia.
O que não devia ser tema são os estranhos e indigestos carrosséis e negociatas de que se alimenta o futebol português e relembro que alinhar com o lodo é poder ficar soterrado por ele. Dos 40 milhões de Fábio Silva, 25 por cento (quem paga estes juros hoje em dia?), 10 milhões, vão para comissões de intermediação. Vender talentos sem aproveitamento desportivo no clube que os forma parece ser uma prática que migrou da Luz para o Dragão, pois com Jorge Jesus ao leme dos encarnados será difícil a tal “parceria estratégica” de Jorge Mendes com o Benfica.
Neste lamaçal perigoso e que terá consequências graves para os envolvidos – não tenham dúvidas disso – num futuro próximo, voltou à agenda uma personagem licenciada e doutorada no lado negro do desporto-rei. Como é sabido, custou muito dinheiro ao Benfica provar que Paulo Gonçalves agia de moto-próprio, apesar da ligação umbilical enquanto assessor da SAD, sem prestar contas a ninguém no triste caso E-Toupeira. Este amigo de todas as horas, presente na conquista de vários títulos, de repente passou a leproso, ninguém o conhecia, deixou de existir, foi apagado com mata-borrão.
No entanto, adivinha quem voltou, surge o amigo arguido que ainda há pouco não existia envolvido nos negócios de Cádiz, Helton Leite e Darwin Núñez. Para quem gosta de literatura, Elena Ferrante após a tetralogia da ‘Amiga Genial’ voltou com o mesmo superlativo talento este ano com ‘A Vida mentirosa dos adultos’. Algo que se adequa ao momento. Agora, o problema já não é de amnésia, é mesmo de um leque de mentiras onde navega sem vacilar Luís Filipe Vieira. Regressou Paulo Gonçalves de quem se afastaram na altura porque deu jeito mas ele nunca saiu da órbita de Vieira. É tudo legal? Provavelmente, sim. Mas a ética parece que desapareceu no meio da mentira que é o futebol português.
PS: Na semana passada escrevi a propósito de José Eduardo Bettencourt, que dos seus órgãos sociais, enquanto presidente do Sporting – mas queria referir-me especificamente ao seu Conselho Fiscal e Disciplinar como já o fiz noutros areópagos –, não viria o futuro do Sporting. Na sua AG estava Dias Ferreira, que por muitas virtudes e defeitos que tem faz parte da história do clube e para mim um amigo que será sempre inesquecível pois foi a primeira pessoa, em 2018, a convidar-me para vice-presidente do Sporting. Convite, como de outros, que não aceitei mas guardarei no coração sempre grato.»
Ética? O que será isso?!...
"Quem ignorará os progressos" deste futebol???!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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