quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Compreender o significado de... superação!...


O último degrau para a Europa

«O LASK está muito longe de ser um obstáculo acessível para o Sporting num playoff decidido a um jogo, como atesta um arranque de exercício sem derrotas: 4 vitórias, 1 empate, 15 golos marcados em 5 jogos. Para trás, ficou uma época sinuosa, em que a uma primeira metade com retumbante sucesso interno – liderança do campeonato, deixando para trás o Salzburgo, na sequência da melhor série de resultados da história do clube – e externo – triunfo no grupo D da Liga Europa, impondo-se a Sporting, PSV e Rosenborg – se sucedeu uma queda abrupta que conduziu a um final de exercício angustiante. Os alvinegros concluíram a Bundesliga austríaca num decepcionante 4.º lugar, falhando o acesso às rondas introdutórias da Champions e o acesso directo à fase de grupos da Liga Europa, e foram eliminados nos oitavos da Liga Europa pelo Manchester United (1x7 no agregado das duas mãos), o que instigou a demissão de Valérien Ismaël, substituído, a 11 de Julho, por Dominik Thalhammer, um técnico com um trajecto entre o campo – principalmente no futebol feminino – e a secretaria – como director desportivo e coordenador de formação.

Seguir o ideário perfilhado por Oliver Glasner, actual treinador do Wolfsburgo, e responsável pela promoção à divisão maior (2016/17) e por um arrebatante vice-campeonato (2018/19) do LASK, parece ser condição sine qua non para assumir a liderança técnica dos alvinegros. Assim, Thalhammer, tal como Ismaël, não criou fracturas com o passado, preservando os princípios gerais do modelo de jogo e a organização estrutural preferencial. A saída do extremo Frieser, transferido para o Barnsley por 800 mil euros, e a cessação dos empréstimos dos avançados Klauss (Hoffenheim) e Tetteh (Salzburgo) foram compensadas pelo reforço do plantel nos diferentes sectores, com as chegadas do defesa-central Cherbeko (ucraniano, ex-Zorya), dos médios-centro Madsen (dinamarquês, ex-Silkeborg) e Grgic (ex-Tirol), do extremo Gruber (ex-Mattersburg), o único que já se conseguiu impor como titular até pela lesão de longa duração do acutilante Goiginger, e de Karamoko, jovem avançado francês contratado à equipa secundária do Wolfsburgo.

Fiel a uma organização estrutural em 3x4x2x1, que parte, em momento defensivo, de um 5x4x1, o LASK sobressai pela ferocidade com que chega a zonas de finalização, quer através de contra-ataques e de ataques rápidos, quer em ataque posicional. Aí, concerta fundamentos na exploração do jogo interior – até pela deslocação dos falsos-extremos Gruber e Balic para o espaço central, resplandecidos pelo farol Michorl, canhoto com grande qualidade no passe e na leitura de jogo, talhado para patamares competitivos mais elevados, e pelo trabalho (in)visível de Raguz, sagaz a fornecer apoios frontais e contundente a servir como referência no ataque à primeira bola quando a equipa busca um futebol mais vertical e/ou directo –, com sagacidade na perscrutação do jogo exterior, fruindo da largura e da profundidade obsequiada pelos laterais/alas Ranftl e Renner, que buscam posteriormente os cruzamentos para a área, espaço onde surgem 3-4 jogadores em zona de finalização. Será igualmente necessário que os leões revelem grande atenção e concentração nas bolas paradas laterais, aspecto em que revelaram debilidades em Paços de Ferreira. Executadas por Michorl, são quase sempre direccionadas para movimentos de antecipação ao primeiro poste, espaço atacado por Trauner, Filipovic e Gruber, intervaladas pela busca do espaço entre o segundo poste e o centro da área, onde costuma aparecer Raguz, mas Holland, fortíssimo nos duelos aéreos, e Wiesinger também são opções a ter em conta.

Pungentes na reacção à perda, fruindo do envolvimento de muitos jogadores no processo ofensivo, e capazes de condicionar, através de uma pressão alta, a primeira fase de construção do opositor, o que afiança várias recuperações em zonas altas, os alvinegros pagam, várias vezes, a factura desse arrojo, expondo-se demasiado no momento de transição defensiva, principalmente nas costas dos laterais/alas, o que o Sporting poderá explorar com a atracção do rival para um corredor para depois explorar o contrário, mas também, em virtude do posicionamento adiantado da última linha, no controlo da profundidade, o que é um convite para uma construção mais vertical em direcção ao habitual tridente móvel de ataque. Em organização defensiva, as maiores arduidades fazem-se sentir ante rivais que variam com velocidade e acerto o centro do jogo, perscrutando os três corredores, e sabem aproveitar o espaço entre defesas-centrais, algo frágeis na reacção a situações de um contra um, e laterais/alas...»
(Rui Malheiro, Futebol Total, in Record, hoje às 19:33)

Que ninguém julgue fácil a missão do Sporting! Se os leões quiserem prosseguir a bonita caminhada que iniciaram com o Aberdeen, terão de...

Compreender o significado de... superação!...

Leoninamente,
Até à próxima

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