A crónica do Sporting-Aberdeen, 1-0: a pressa foi amiga da perfeição
Sem pernas para os 90 minutos, o melhor que podia ter acontecido ao leão foi resolver cedo o jogo. Está quase tudo por fazer, mas já há ideias
«O que é a perfeição em futebol? Ganhar. A partir daqui, todas as análises são possíveis e todas vão ajudar a perceber que o jogo do Sporting ontem esteve longe de ser perfeito. A verdade é que, no primeiro jogo da época, não se poderia pedir muito mais. E nem é preciso invocar as semanas que antecederam o encontro ou o facto de o grupo ter ficado privado do treinador principal e de nove jogadores devido à pandemia de Covid-19.
Reunidos os argumentos que explicam a ausência absoluta de nota artística na exibição dos leões, o que importa realçar é o que fica para a história desta temporada: vitória por 1-0 sobre o Aberdeen e objectivo alcançado. A fase de grupos da Liga Europa está, agora, a um playoff de distância. Mas, sim, será necessário fazer muito melhor para ultrapassar o LASK Linz, na próxima 5ª feira, em Alvalade.
Surpresas para todos os gostos
Em controlo remoto, e com Emanuel Ferro a dar voz de comando no banco, Rúben Amorim apresentou uma surpresa no onze. E não foi Tiago Tomás, porque só quem andasse distraído ou não tivesse acompanhado a pré-época do Sporting poderia considerar ‘TT’ um intruso. Nada mais errado. O ‘menino’ de 18 anos conquistou o lugar por mérito próprio e ontem fez questão de provar que o que ficou para trás não foi mera coincidência. Jogou Tomás... ficou Sporar no banco e, aqui sim, o técnico conseguiu surpreender.
Jovane ocupou a posição ‘9’ e Vietto, a despeito de ter falhado a primeira metade do estágio, por ter testado positivo ao novo coronavírus, completou o tridente ofensivo. De resto, tudo como esperado, com as estreias dos reforços Adán, Feddal e Porro, este em altíssima rotação. Se Amorim procurou baralhar o Aberdeen no ataque, os escoceses tentaram fazê-lo pela estratégia e pela táctica: em vez do 3x4x3 habitual, Derek McInnes montou a equipa num 3x5x2 mais defensivo, com a ideia de ganhar vantagem na zona do meio-campo. Talvez o plano fosse bom, no papel, mas na prática faltaram os intérpretes. E, assim, não foi difícil ao Sporting tomar conta do jogo.
Candeia que vai à frente...
Haveria de ser esse o segredo da vitória: uma boa entrada. E pode dizer-se que, neste caso, a pressa foi amiga da perfeição, porque foi esse arranque a todo o gás que garantiu o triunfo. Numa transição em falso do Aberdeen, com o Sporting a pressionar alto, Wendel roubou a bola a McCrorie e colocou-a em Vietto. O argentino desequilibrou a defesa contrária em dribles sucessivos e soltou, na hora agá, para Tiago Tomás, que apareceu no sítio certo, à hora combinada e fez o golo, com frieza germânica. Estava feito o mais difícil, que era quebrar o gelo. E os minutos seguintes até mostraram uma equipa com muitas, e boas, ideias. O problema é que faltaram as pernas e, antes disso ainda faltou acerto a Jovane (40’) e TT (56’). E, nos últimos minutos, ao arriscar tudo, o Aberdeen esteve perto de levar o jogo para prolongamento, por intermédio de Hedges (62’ e 87’), o melhor jogador do adversário.
Sem pulmão (Wendel e Jovane deram o ‘estoiro’), valeu a experiência do sector mais recuado e um par de cortes providenciais de Feddal (78’) e Coates (89’). As substituições terão chegado tarde, mas pouco acrescentaram. A manta está curta. E no domingo há mais, em Paços de Ferreira.»
(Vítor Almeida Gonçalves, in Record, hoje às 00:06)Gostei desta crónica de Vitor Almeida Gonçalves. O meu televisor parece ser exactamente igual ao dele!...
"E no domingo há mais em Paços de Ferreira"!...
Leoninamente,
Até à próxima
A crónica retrata com lealdade e clareza o que também vi, pese embora nada entender de questões de ordem técnica ou táctica.
ResponderEliminarApenas o simples olhar de quem vê um jogo de futebol.
Afinal, nem parece ser difícil, correcto e justo, quando queremos falar verdade, com isenção e imparcialidade.
Esta é, e deveria ser sempre, a Verdade a que temos direito.
SL