«O Sporting será a última equipa a debutar no novo exercício. O defeso atípico tornou-se ainda mais árduo, em virtude de um surto de Covid-19 que abalou a fase final do período preparatório e o início da época oficial. Por isso, o onze que enfrentará o Aberdeen poderá estar algo distante do que o que Rúben Amorim idealizara após ver o plantel à sua disposição sofrer vigorosas alterações.
Sessenta e um dias após ter encerrado a época 2019/20, com uma derrota ao cair do pano (1-2) ante o Benfica, que condenou os leões a um 4.º lugar que os projectou para a 3.ª pré-eliminatória da Liga Europa, o Sporting dará, hoje à noite, o pontapé de saída oficial no novo exercício. Um debute carregado de incertezas, que vão muito além da reformulação do plantel, já que o surto de Covid-19, que abalou 9 jogadores do plantel principal e o treinador Rúben Amorim, obrigou a formação de Alvalade a adiar a estreia no campeonato ante o Gil Vicente. Mas, acima de tudo, condicionou o período preparatório, já que o Sporting realizou a derradeira partida de preparação há 15 dias, em Alcochete, ante o Marítimo (1-1), com a agravante da paragem para as selecções ter afastado vários internacionais, o que encaminha o último jogo com todo o plantel disponível para 30 de Agosto, altura em que derrotaram a Belenenses SAD (3-1).
As duas principais perdas no plantel leonino ocorreram durante o exercício anterior. Primeiro, a inevitável saída de Bruno Fernandes, consumada em Janeiro, para o Manchester United, o que afiançou um precioso encaixe de 55 milhões de euros. Depois, o antecipar do epílogo de carreira de Mathieu, após uma grave lesão no joelho esquerdo, no final de Junho. Por isso mesmo, a aquisição de um defesa-central experiente, que se mostre capaz de asseverar qualidade nas saídas para o ataque, era obrigatória, tendo a opção recaído pelo hispano-marroquino Feddal, contratado por 3 milhões de euros ao Bétis, clube que representou nos três últimos exercícios. Assim como o investimento num médio-centro-ofensivo com argumentos na condução, na criação e na finalização, capaz de actuar no duo de apoio ao avançado ou na zona central do meio-campo, o que conduziu à perspicaz contratação de Pedro Gonçalves, a maior relevação do campeonato em 2019/20 ao serviço do Famalicão, a troco de 6,5 milhões de euros.
As arduidades que Benfica e FC Porto têm sentido para se libertarem de excedentários também têm sido bem patentes em Alvalade, com Rosier, Bruno Gaspar, Ilori, Lumor, Doumbia, Camacho e Diaby, jogadores que não entram nas escolhas de Rúben Amorim, a manterem-se à parte do plantel principal. Ao invés, Acuña, transferido para o Sevilha, após ter sido excluído do estágio de preparação, a troco de 10,5 milhões de euros, e Matheus Pereira, contratado definitivamente pelo West Bromwich por 9,1 milhões de euros, garantiram um encaixe financeiro indispensável para que o Sporting possa respirar. Algo que não foi abichado com Battaglia, Eduardo e Pedro Mendes, dispensáveis que seguiram por empréstimo para Alavés, Crotone e Almería, ao invés do que aconteceu com Geraldes e Gelson Dala, cruciais para os verde-e-brancos afiançarem – juntamente com 3 milhões de euros – outro dos principais reforços para o novo exercício: Nuno Santos, ala-extremo canhoto, ex-Rio Ave, que poderá ser opção para fazer todo o corredor esquerdo, ou, tal como aconteceu na pré-época, para ser uma das unidades de apoio ao avançado, posições em que parece sentir mais arduidades para fazer a diferença.
De resto, os leões contrataram dois jogadores experientes a custo-zero para posições em que se estavam a afirmar duas pérolas de Alchochete – o guardião Adán, antigo suplente de Oblak no Atlético Madrid, que parece estar a ganhar vantagem sobre Maximiano; e o lateral-esquerdo Antunes, oriundo do Getafe, que dificilmente conseguirá suplantar o explosivo Nuno Mendes (ou Nuno Santos) na luta pela titularidade à esquerda –, afiançaram o empréstimo do lateral-direito Pedro Porro, vinculado ao Manchester City, que se manifestou como a maior desilusão da pré-época, o que deverá manter Ristovski na condição de titular, e consumaram os regressos de dois médios-centro da casa: João Palhinha, de características mais defensivas, após cedências ao SC Braga, e Daniel Bragança, médio-centro canhoto, que alia qualidade no passe a virtuosismo técnico, que se afirmou no Estoril.
Sendo certo que o Sporting deverá manter-se fiel à estrutura entre o 5x4x1 (momento defensivo) e o 3x4x2x1 (momento ofensivo), com variações pontuais para o 3x4x1x2, quando Amorim optar por um "falso 9" (Jovane ou Vietto) em detrimento do avançado referência (Sporar), a paragem a que foram obrigados Maximiano, Renan, Quaresma, Gonçalo Inácio, Borja, Rodrigo Fernandes, Pedro Gonçalves e Nuno Santos deverá fazer com que o onze utilizado ante um frágil Aberdeen tenha baixas de peso em relação ao onze-base que vinha a ser edificado pelo técnico dos leões. O que poderá ser uma oportunidade de ouro para o jovem Tiago Tomás, revelação incontornável do período preparatório.
LADO B
O caminho para o playoff
Apesar de realizar, em Alvalade, o seu nono jogo oficial em 2020/21, o Aberdeen, mesmo que apresente índices físicos superiores aos leões, são um rival acessível. Os escoceses, orientados por Derek McInnes, costumam recorrer a uma estrutura em 3x4x2x1, com variações para o 3x4x1x2, mas destacam-se pela parca qualidade dos padrões apresentados em momento defensivo – agravados pela saída de McKenna, patrão do sector defensivo, para o Nottingham Forest – e em momento ofensivo, muito restringido a um jogo de duelos, com ataque permanente à primeira e à segunda bola, e à exploração do jogo exterior, em acções de bola corrida e de bola parada, em busca de cruzamentos para finalizações na área. Os erros primários na primeira fase de construção, convidativos a uma pressão média-alta, acompanhados por uma deficiente ocupação espacial, que permite encontrar espaços entre a linha defensiva e a intermediária e entre elementos do mesmo sector, assim como a defesa rudimentar de bolas paradas, com clara predominância pelo individual, deverão ser exaustivamente perscrutados pelo Sporting...»
(Rui Malheiro, Análise, in Record, hoje às 21:28)
A primeira análise a sério que encontro sobre o Aberdeen, o nosso adversário de amanhã, deixa-me de certo modo algo mais tranquilo para um jogo, como diria Scolari, de "mata-mata"! Porém...
"Cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém"!...
Leoninamente,
Até à próxima
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