Onde está a 'Super Equipa' do Benfica?
«O Benfica vai entrar em campo na próxima terça-feira, na Grécia, e em equação está o desempenho que pode levar a equipa de Jorge Jesus à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Este e depois o playoff são momentos importantes não apenas do ponto de vista desportivo e financeiro, considerando os objectivos dos encarnados, mas também para a reeleição de Luís Filipe Vieira como presidente do Benfica.
Este jogo é importante para Jesus e para os jogadores, mas é muito mais importante para Vieira.
Um desaire em Salónica iria desencadear ou acentuar as críticas que se têm abatido sobre o vieirismo, ainda por cima numa altura em que o plantel do Benfica não está fechado e não foi possível antecipar a caracterização final desse plantel, como seria desejável, quando se entra mais cedo em competição.
O Benfica é favorito, tem uma equipa mais forte do que o PAOK de Abel Ferreira, a pré-época foi realizada a ganhar, mas no futebol o favoritismo não dá pontos ou apuramentos, é preciso no campo provar as teóricas superioridades. O FC Porto também era favorito frente ao Krasnodar e depois foi o que se viu.
Vivemos um tempo estranho, não apenas no futebol, claro, mas nem a máquina do futebol habituada a resolver todo o tipo de crises, a contornar as lógicas de escrutínio que existem e a viver artificialmente acima de tudo o resto , nem a máquina do futebol, dizia, estava preparada para a pandemia.
A pandemia e os seus efeitos vão servir para justificar todo o tipo de entorses sistémicas, que há muito deveriam ter sido debeladas ou corrigidas, mas os contornos dos negócios, a gula, o lucro fácil (menos para os clubes/SAD) continuam a falar mais alto.
Em Portugal, a pandemia no futebol já deveria ter correspondido a uma clara inversão de políticas e dinâmicas, com cortes radicais nos custos e revisão das lógicas de intermediação e respectivas comissões, mas no Benfica Luís Filipe Vieira precisa de garantir a reeleição e tem de recusar uma gestão racional e criteriosa para não se ver de repente apeado e sem o escudo do Benfica para encarar os processos judiciais que ainda prometem fazer correr muita tinta.
No FC Porto, a notícia do Correio da Manhã segundo a qual existem salários em atraso apenas confirma aquilo que é sabido há muito, isto é, uma péssima e caótica gestão de recursos atirou um clube histórico para uma situação financeira muito complexa e só há uma explicação para isso: os custos das transferências são elevadíssimos e o produto das vendas líquidas que entra nos cofres da SAD não chega para contrabalançar uma estrutura de custos particularmente elevada, nalguns casos verdadeiramente pornográfica.
O FC Porto agarra-se à fórmula Conceição + 11 e à devoção dos adeptos.
No Sporting, não obstante o esforço realizado para não se perder o pé no quadro da gestão financeira, são evidentes as dificuldades para se cumprirem compromissos, como resulta evidente do facto de os leões terem partido do princípio que vale a pena pagar mais 2,1M pela contratação-kamikaze de Rúben Amorim para poderem, em 8 meses, dar melhor resposta a um vasto leque de obrigações. Também é importante ressalvar que o Sporting nunca manifestou vontade de não pagar; apenas se colocou na posição de pagar mais, como consequência do facto de não poder/querer pagar nos prazos inicialmente aprazados e isso é apenas a confirmação de um aperto que já todos, afinal, conhecíamos.
Voltando ao primeiro compromisso europeu do Benfica: a Super Equipa que Luís Filipe Vieira terá prometido a Jorge Jesus está longe de estar constituída e, ao não estar, o presidente dá argumentos ao treinador, em caso de um desaire.
É evidente que a contratação de Jorge Jesus pressupõe, aliás como foi reconhecido pelo próprio técnico no dia do seu regresso ao Benfica, uma equipa a jogar o triplo do que jogava antes, e, portanto, há uma espécie de expectativa segundo a qual os jogadores que já estiveram entregues a Rui Vitória, Bruno Lage e Nélson Veríssimo tenham, sem as chamadas alcavalas de qualidade, um rendimento superior, por força da influência e do trabalho de Jorge Jesus. Contudo, se o Benfica 2019-20 com Jesus renderia, em tese, muito mais, o Benfica 2020-21 só pode ter aspirações de se recolocar com ambição no quadro das competições europeias com um acrescento de qualidade no plantel. E isso, neste momento, não corresponde àquilo a que se pode chamar de Super Equipa, até porque falhou, no tempo certo, a aquisição de uma estrela do futebol internacional (Cavani era uma boa ideia).
A lista enviada para a UEFA/Champions não dá para fazer a tal Super Equipa para dominar a Europa e arredores.
Parecia possível ao Benfica colmatar as limitações de 2019-20, mas a verdade é que elas (ainda) não estão debeladas: a Super Equipa do Benfica é ainda um projecto ou um rascunho, apesar dos 80M já investidos. Pode chegar para ganhar eleições e para entrar na Champions, mas neste momento Everton, Darwin, Vertonghen e Waldschimdt , se dão mais soluções ao plantel, ainda sem um grande jogador para o meio-campo não são suficientes para construir a tal Super Equipa.
Curiosa a circulação de notícias segundo as quais o Benfica voltará ao tema dos reforços depois do jogo em Salónica, o que pode ser interpretado a um tempo como ineficácia ou mesmo, noutro tempo ou noutro contexto (eliminação), como excesso de confiança.
Para ser reeleito, Vieira precisa que o Benfica entre na Champions e que os primeiros 8 jogos não conheçam sobressaltos, entre os quais a estreia no campeonato, em Famalicão.
Quem estará atento a tudo isto são os candidatos à presidência do Benfica que ganharão um novo alento, se o Benfica ficar prematuramente afastado da Liga dos Campeões. E, neste caso, abrir-se-á uma nova frente, em contexto de campanha eleitoral, com Vieira ainda mais acossado. A verdade, porém, é que, se se concretizar o cenário mais previsível, o Benfica avançar para o playoff, Vieira continuará a sentir-se pressionado a dar mais jogadores a Jorge Jesus.
Vieira tem hoje uma oposição assumida, com a circulação, saudável, de muitas ideias e até João Braz Frade parece estar a posicionar-se para ser uma espécie de linha de continuidade de Vieira, mas com renovação, não vá o líder precisar de reconhecer que o tempo não volta para trás.
NOTA - Estranho que a comunicação do FCP não tenha feito um escarcéu perante notícia na quinta-feira, em manchete, dada pelo CM, segundo a qual há salários em atraso no FC Porto. O tímido desmentido de J., a dizer que é mentira, nem em Gaia se ouviu.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record, hoje às 21:28)
Coitadas das "vespas asiáticas" que por esse país fora tentam amedrontar o pagode com o terrível incómodo ou até mesmo a letalidade do seu suposto poderoso veneno! Não passarão de meros sucedâneos do produto que a caneta de Rui Santos vem destilando em cada linha das suas cada vez mais temidas crónicas!...
Alguém estará a perder o controlo dos 'não alinhados'?!...
Leoninamente,
Até à próxima
«O Benfica vai entrar em campo na próxima terça-feira, na Grécia, e em equação está o desempenho que pode levar a equipa de Jorge Jesus à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Este e depois o playoff são momentos importantes não apenas do ponto de vista desportivo e financeiro, considerando os objectivos dos encarnados, mas também para a reeleição de Luís Filipe Vieira como presidente do Benfica.
Este jogo é importante para Jesus e para os jogadores, mas é muito mais importante para Vieira.
Um desaire em Salónica iria desencadear ou acentuar as críticas que se têm abatido sobre o vieirismo, ainda por cima numa altura em que o plantel do Benfica não está fechado e não foi possível antecipar a caracterização final desse plantel, como seria desejável, quando se entra mais cedo em competição.
O Benfica é favorito, tem uma equipa mais forte do que o PAOK de Abel Ferreira, a pré-época foi realizada a ganhar, mas no futebol o favoritismo não dá pontos ou apuramentos, é preciso no campo provar as teóricas superioridades. O FC Porto também era favorito frente ao Krasnodar e depois foi o que se viu.
Vivemos um tempo estranho, não apenas no futebol, claro, mas nem a máquina do futebol habituada a resolver todo o tipo de crises, a contornar as lógicas de escrutínio que existem e a viver artificialmente acima de tudo o resto , nem a máquina do futebol, dizia, estava preparada para a pandemia.
A pandemia e os seus efeitos vão servir para justificar todo o tipo de entorses sistémicas, que há muito deveriam ter sido debeladas ou corrigidas, mas os contornos dos negócios, a gula, o lucro fácil (menos para os clubes/SAD) continuam a falar mais alto.
Em Portugal, a pandemia no futebol já deveria ter correspondido a uma clara inversão de políticas e dinâmicas, com cortes radicais nos custos e revisão das lógicas de intermediação e respectivas comissões, mas no Benfica Luís Filipe Vieira precisa de garantir a reeleição e tem de recusar uma gestão racional e criteriosa para não se ver de repente apeado e sem o escudo do Benfica para encarar os processos judiciais que ainda prometem fazer correr muita tinta.
No FC Porto, a notícia do Correio da Manhã segundo a qual existem salários em atraso apenas confirma aquilo que é sabido há muito, isto é, uma péssima e caótica gestão de recursos atirou um clube histórico para uma situação financeira muito complexa e só há uma explicação para isso: os custos das transferências são elevadíssimos e o produto das vendas líquidas que entra nos cofres da SAD não chega para contrabalançar uma estrutura de custos particularmente elevada, nalguns casos verdadeiramente pornográfica.
O FC Porto agarra-se à fórmula Conceição + 11 e à devoção dos adeptos.
No Sporting, não obstante o esforço realizado para não se perder o pé no quadro da gestão financeira, são evidentes as dificuldades para se cumprirem compromissos, como resulta evidente do facto de os leões terem partido do princípio que vale a pena pagar mais 2,1M pela contratação-kamikaze de Rúben Amorim para poderem, em 8 meses, dar melhor resposta a um vasto leque de obrigações. Também é importante ressalvar que o Sporting nunca manifestou vontade de não pagar; apenas se colocou na posição de pagar mais, como consequência do facto de não poder/querer pagar nos prazos inicialmente aprazados e isso é apenas a confirmação de um aperto que já todos, afinal, conhecíamos.
Voltando ao primeiro compromisso europeu do Benfica: a Super Equipa que Luís Filipe Vieira terá prometido a Jorge Jesus está longe de estar constituída e, ao não estar, o presidente dá argumentos ao treinador, em caso de um desaire.
É evidente que a contratação de Jorge Jesus pressupõe, aliás como foi reconhecido pelo próprio técnico no dia do seu regresso ao Benfica, uma equipa a jogar o triplo do que jogava antes, e, portanto, há uma espécie de expectativa segundo a qual os jogadores que já estiveram entregues a Rui Vitória, Bruno Lage e Nélson Veríssimo tenham, sem as chamadas alcavalas de qualidade, um rendimento superior, por força da influência e do trabalho de Jorge Jesus. Contudo, se o Benfica 2019-20 com Jesus renderia, em tese, muito mais, o Benfica 2020-21 só pode ter aspirações de se recolocar com ambição no quadro das competições europeias com um acrescento de qualidade no plantel. E isso, neste momento, não corresponde àquilo a que se pode chamar de Super Equipa, até porque falhou, no tempo certo, a aquisição de uma estrela do futebol internacional (Cavani era uma boa ideia).
A lista enviada para a UEFA/Champions não dá para fazer a tal Super Equipa para dominar a Europa e arredores.
Parecia possível ao Benfica colmatar as limitações de 2019-20, mas a verdade é que elas (ainda) não estão debeladas: a Super Equipa do Benfica é ainda um projecto ou um rascunho, apesar dos 80M já investidos. Pode chegar para ganhar eleições e para entrar na Champions, mas neste momento Everton, Darwin, Vertonghen e Waldschimdt , se dão mais soluções ao plantel, ainda sem um grande jogador para o meio-campo não são suficientes para construir a tal Super Equipa.
Curiosa a circulação de notícias segundo as quais o Benfica voltará ao tema dos reforços depois do jogo em Salónica, o que pode ser interpretado a um tempo como ineficácia ou mesmo, noutro tempo ou noutro contexto (eliminação), como excesso de confiança.
Para ser reeleito, Vieira precisa que o Benfica entre na Champions e que os primeiros 8 jogos não conheçam sobressaltos, entre os quais a estreia no campeonato, em Famalicão.
Quem estará atento a tudo isto são os candidatos à presidência do Benfica que ganharão um novo alento, se o Benfica ficar prematuramente afastado da Liga dos Campeões. E, neste caso, abrir-se-á uma nova frente, em contexto de campanha eleitoral, com Vieira ainda mais acossado. A verdade, porém, é que, se se concretizar o cenário mais previsível, o Benfica avançar para o playoff, Vieira continuará a sentir-se pressionado a dar mais jogadores a Jorge Jesus.
Vieira tem hoje uma oposição assumida, com a circulação, saudável, de muitas ideias e até João Braz Frade parece estar a posicionar-se para ser uma espécie de linha de continuidade de Vieira, mas com renovação, não vá o líder precisar de reconhecer que o tempo não volta para trás.
NOTA - Estranho que a comunicação do FCP não tenha feito um escarcéu perante notícia na quinta-feira, em manchete, dada pelo CM, segundo a qual há salários em atraso no FC Porto. O tímido desmentido de J., a dizer que é mentira, nem em Gaia se ouviu.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record, hoje às 21:28)
Coitadas das "vespas asiáticas" que por esse país fora tentam amedrontar o pagode com o terrível incómodo ou até mesmo a letalidade do seu suposto poderoso veneno! Não passarão de meros sucedâneos do produto que a caneta de Rui Santos vem destilando em cada linha das suas cada vez mais temidas crónicas!...
Alguém estará a perder o controlo dos 'não alinhados'?!...
Leoninamente,
Até à próxima
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