JOÃO PEREIRA E O SEU OUTRO EU
«Tal como não se pode fugir ao destino, também da fama de ter maus fígados não nos livramos. Estou a pensar em João Pereira, esse desistente de carreira que o olho de falcão, perdão, o olho de lince de Jorge Jesus em hora feliz foi buscar à prateleira dos infernos.
Duelo. O jogador começou por corresponder à confiança do técnico, teve a seguir um período em que perdeu o duelo com Schelotto, mas voltou ao de cima, reconquistando o lugar no onze.
Renegado. Ontem, Pereira estava a jogar bem até renegar tudo aquilo de que nos convencera: que regressara ao futebol agressivo e intenso que o levara à Seleção de Paulo Bento, perdendo, ao mesmo tempo, a mania dos palavrões e de se meter em embrulhadas.
Quadro. Numa das redes sociais, substitutas por excelência das antigas portas das retretes públicas, alguém mais perverso – e perversidade é o que por lá não falta – escreveu que João Pereira quer seguir a carreira de João Vieira Pinto. E que se este conseguiu, também ele quis iniciar a sua caminhada para futuro quadro da Federação.
Protector. Não acredito nisso. Primeiro porque Pereira não teve tempo para pensar, foi traído pelo ADN, quis ser fiel ao seu outro eu, justificar a fama de quezilento histórico. E encostou-se ao Kovacic que, coitadinho, se rebolou no chão com umas dores pavorosas. João Pereira é injustamente expulso, mas já sabia que o passado não lhe permite entrar em confusões. Não devia ter ido à guerra e foi, pregando com isso Jesus Protector na cruz e lesando o Sporting, que estava em cima de um Real Madrid que tornou a não ser superior aos leões.
Apoplexia. Manda igualmente a verdade que se diga que Jesus não tem, ainda, uma equipa madura. Basta recordar dois lances de Gelson Martins, no princípio do segundo tempo. Num, ficou à solta pela direita, aproveitando a queda de Marcelo, e fez um centro rasteiro, à toa, para o meio dos defesas, o que deixou o treinador à beira da apoplexia. Minutos depois, isolado na grande área, centrou atrasado para “ninguém”, quando se impunha o remate cruzado. Adiou a sua afirmação, revelando que tem muito para aprender e crescer.
Cérebros. Apesar de tudo, a coisa compôs-se com a ridícula mão, ou braço, de Coentrão, esse émulo cerebral de João Pereira. Mas como em Madrid, o Sporting não teve sorte. E tanto azar, já chateia.»
(Alexandre Pais, Quinta do Careca, in Record)
Alexandre Pais tem carradas de razão! Na verdade "tanto azar já chateia"! Só que, concordando com ele, talvez eu não me refira ao mesmo tipo de azar que ele invoca. Ele estará a falar e a pensar em "azar do jogo". Eu penso que o azar que vem tramando e travando sistematicamente o Sporting, não será propriamente esse. É um azar diferente a que eu chamarei de "azar dos pixotes"! Qualquer coisa que estará em linha com aquilo que Jorge Jesus terá pretendido dizer, no final do jogo, com... juventude!...
Ruben Semedo terá sido o primeiro pixote quando provocou desnecessariamente a falta que viria a dar origem ao primeiro golo do Real Madrid. Depois, a quando da marcação do livre, foi uma defesa inteira a revelar uma "pixotesca actuação" e a dar espaço e tempo para que Ronaldo endossasse a Varane, "pixotescamente" deixado sózinho e isolado!...
Vieram depois as duas "pixotices" de Gelson Martins a que AP faz o devido reparo e que demonstram inequivocamente quão longo será ainda o caminho que o talento leonino terá de percorrer.
E ainda a procissão ia, dolorosamente, no adro. Teriam que chegar depois, para acabar de atar os molhos, mais duas atitudes "pixotescas" dos leões. Primeiro a "pixotice" do João Pereira, equilibrada com a "pixotice" de Coentrão, que nos deu um jeitaço e, em consequência, todos tivemos o privilégio de constatar a distância a que se encontra a experiência e infalibilidade de Adrien Silva e a consagrada "pixotice" de William Carvalho na marcação de penáltis, ainda recentemente provada com muito sofrimento nosso e prejuízo enorme para o Sporting!...
Finalmente, a última "pixotice" foi protagonizada por quem já não tem idade para se revelar tão "pixote": aos 26 anos e fartinho de calcorrear mundo, Sebastian Coates, para mais oriundo de um país em cujo futebol não se conhecem pixotes, muito antes pelo contrário, nunca poderia ser "comido de cebolada" por um qualquer pixote como Karim Benzema, pouco mais velho que ele, mas com menos 10 centímetros de altura!...
Dói muito a qualquer sportinguista que se preze, chegar à constatação desta dura realidade, instalada há décadas em Alvalade...
Jorge Jesus ainda não teve tempo de acabar com a PIXOTICE!...
Leoninamente,
Até sempre, Sporting Sempre!...
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