"Estou convencido que o Sporting vai fazer uma melhor segunda volta do que conseguiu na primeira"?!...

CLÁSSICOS SÃO DECISIVOS

«É possível ser-se campeão em Portugal sem ganhar um clássico? Acredito que não. Bem sei que o Benfica conseguiu esse ‘feito’ em 1963/64 e em 1968/69, mas então a diferença entre empate e vitória era de um ponto. E o Benfica empatou três dos quatro clássicos que jogou em cada uma dessas épocas. Ou seja, os adversários (Sporting numa temporada, Porto na outra) tiveram, assim, um ganho mínimo face aos encarnados.

Excluindo as épocas acima indicadas, em todas as outras, desde 1934 (início da prova como a conhecemos), o campeão venceu pelo menos um confronto directo aos restantes candidatos ao título. Isso nem sempre fez muita diferença, mas o desequilíbrio crescente da 1ª Liga acentuou a importância destes embates ao ponto de no actual campeonato (como no anterior) o desfecho dos mesmos se revelar decisivo na forma como as equipas se arrumaram na classificação, no final da 1ª volta.

Há quem aponte como determinante, para a conquista da Liga, os pontos perdidos frente aos concorrentes com menores aspirações. Este ano, tal é desmentido de forma categórica, desde logo porque se retirarmos os clássicos da classificação temos o Benfica como líder (40 pontos), à frente de Sporting (38) e Porto (37). Por aqui percebe-se imediatamente o peso dos confrontos directos. Há quem defenda ainda que o campeão se encontra pelo menor número de pontos perdidos em casa. Ora, nesta matéria os ganhos dos leões em relação a águias (1) e dragões (2) são quase irrelevantes, não justificando por si só a liderança.

É evidente que para responder à questão ‘o Benfica pode atingir o tri?’ tenho de argumentar: sim, se vencer pelo menos um dos dois clássicos que ainda tem por disputar; não, se não ganhar ao Porto na Luz e/ou ao Sporting em Alvalade. Porque, também já aqui o escrevi, o campeão normalmente não perde pontos em mais de 6 ou 7 desafios por época. E este ano o Porto já cedeu em 5 jogos, contra 4 do Benfica e 3 do Sporting. Significa que a margem para a recuperação de 4 pontos está muito reduzida... caso não seja conseguida com a ajuda dos clássicos. É por isso que o Benfica-Porto, dentro de três semanas, nunca poderá ser visto como apenas mais um jogo.»

(José Ribeiro, Contas Feitas, in Record)

Ora aí está uma crónica com a qual concordo em absoluto. A partir da época em que a vitória passou a valer três pontos, deixou de haver campeões sem ganhar clássicos. A única coisa que se manteve a partir dessa radical mudança, foi continuarmos a ter por cá, "nesta pátria que nem se governa nem se deixa governar", os incensados "treinadores do pontinho", esquecidos até hoje de que uma vitória vale tanto como três empates. Empatas, é o que eles são!...

E se as sábias e bem estruturadas e fundamentadas palavras de José Ribeiro merecem a minha anuência e aplauso, que sentimento me há-de invadir quando ouço Jorge Jesus afirmar pleno de convicção que...

"Estou convencido que o Sporting vai fazer uma melhor segunda volta do que conseguiu na primeira"?!...

Leoninamente,

Até à próxima