sábado, 30 de janeiro de 2016

Restará a todos, sem excepção, um único caminho: a demissão!...


CASO DOS "VOUCHERS" DENUNCIA NOVO PODER

«Em tempo útil, expressei a opinião de que esta conversa das ofertas de cortesia dos clubes aos árbitros é para embalar meninos.

Sou contra o princípio, porque entendo que os árbitros são um agente desportivo igual aos outros, sejam eles jogadores ou treinadores. Fazem parte do jogo e têm um papel decisivo em cada partida que dirigem.

Não têm de receber ofertas. No começo de cada encontro, os 'capitães' de equipa trocam cumprimentos e um galhardete. Isso é que é um gesto de educação e cortesia. Os treinadores não costumam receber nada. Houve um tempo em que a figura do árbitro, meramente amadora, chocava contra o estatuto profissional dos demais intervenientes. Nem isso, hoje, acontece. O profissionalismo, embora com distintas e abissais diferenças remuneratórias, é transversal.

Esta é a minha posição de princípio, mas o que vale é o que está preceituado nos regulamentos e é neles que nos devemos focar. O importante é o espírito da lei.

O espírito da lei é que as ofertas de cortesia tenham carácter simbólico e, como sempre sublinhei, inclusive nestas honradas colunas do Record, é isso que está preceituado nas 'Normas e Instruções para árbitros"; fugir daí… é entrar por outros labirintos que a razão desconhece e permitir a especulação sobre quem domina os corredores (do poder) do futebol.

Por mais que se queira ignorar o facto, e ainda não vi isso nem ser aflorado nem ser discutido, a regulamentação da UEFA tem um enquadramento específico, que resulta da circunstância de estarmos a falar de 'jogos da UEFA'. Não me parece curial que se esteja a confundir a realidade de cada Liga ou de cada Federação com a realidade dos 'jogos da UEFA'. Quando uma equipa de arbitragem vai dirigir um 'jogo da UEFA', sai do seu país, vai visitar um país diferente, e, embora estejamos a falar na maior parte dos casos de um 'espaço comum' (europeu), 300€ em Portugal não representam o mesmo que, por exemplo, 300€ na Alemanha.

De resto, no extracto tornado público pela CII da Liga refere mesmo que "impõe-se o enquadramento à luz do ordenamento regulamentar e jus-disciplinar". Exactamente. Como é que se 'salta', então, para o normativo da UEFA, se esse normativo é aplicável numa circunstância diferente ("jogos da UEFA") daquela que ocorreu em Portugal? Os 'jogos da Liga' são todos 'jogos UEFA' e os 'jogos UEFA' são todos 'jogos FIFA'? Por que razão, então, os regulamentos de competições e os regulamentos disciplinares não são todos iguais, de país para país, de liga para liga, de federação para federação? E se, como a própria CII reconhece, "inexiste qualquer norma no ordenamento jurídico das nossas competições profissionais que convoque a aplicação desse corpo normativo", como é que a CII se atreve a dar esse salto?!…

No (extractado) acórdão, refere-se que "uma caixa com a figura de Eusébio […] não pode deixar de ser vista, na praxis futebolística, como tendo cariz de símbolo, de lembrança (…)". Sem dúvida. Mas como é possível a CII, logo a seguir, no seu arrazoado, assumir a posição de que "não se diga que tal raciocínio sai afectado por na oferta entregue estar presente um convite/voucher (duplo ou para quatro pessoas), permitindo acesso ao Museu do clube e outro espaço com possibilidade eventual de uma refeição…"?

Contesto em absoluto: "Não se diga"?… Não se diga, porquê? Esse 'voucher' é que está a mais, e não há nenhuma justificação para lá estar. O que a CII fez foi abrir um precedente, grave, no sentido de se arranjar as mais engenhosas soluções para se legitimar o princípio da cortesia social. Quem é que me diz que, em vez de uma refeição, não se possa promover outro tipo de 'cortesias', em princípio mais caras - acima de 300€ - mas que ficam abaixo desse valor, feito o desconto… por mera cortesia? A partir de agora, as equipas de arbitragem, para além de irem munidas dos respectivos equipamentos, com apito e cartões, devem levar igualmente uma máquina de calcular. Têm de ter muito cuidado com o que comem, porque uma cereja a mais ou um morango a menos pode ser a diferença entre o lícito e o ilícito. É que o valor de 299€ é permitido; 301€ já não é. Ridículo!

No inquérito, foram ouvidos 142 agentes da arbitragem a quem lhes foi perguntado se sentiam que aquelas ofertas tinham o propósito de "viciação do normal decurso dos jogos"? Esses agentes foram os primeiros a considerar o mecanismo 'normal', houve claramente a assunção colectiva de um procedimento 'normal', e seriam eles a contrariar essa suposta 'normalidade', que eles próprios impuseram como regra?

Acabo como comecei: tudo isto é para embalar meninos.

Não é uma questão jurídica. É uma questão política. De poder.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)

Só eu sei o quanto lamento esta "histórica e degradante" decisão da CII da LPFP! E os motivos para o meu lamento, nunca serão para aqui chamados! Reservá-los-ei sempre e apenas para mim...

Mas Rui Santos está coberto de razão: "Tudo isto é para embalar meninos. Não é uma questão jurídica. É uma questão política. De poder"!...

E o grande erro cometido pela CII da LPFP, terá sido negociar  a sua dignidade, mesmo que em troca do Sol!...

Restará a todos, sem excepção, um único caminho: a demissão!...

Leoninamente, 
Até à próxima

P.S. - "Há um mínimo de dignidade que um homem não pode negociar! Nem mesmo em troca do Sol." (Dias Gomes, dramaturgo brasileiro)

8 comentários:

  1. Fantástico !! Sem muitos comentários pois as evidências saltam á vista.

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  2. O problema de base é que muitos dos intervenientes deste caso, nomeadamente a nível da FPF, não compreendem sequer o conceito dignidade....

    Ass TenhamOrgulho

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  3. Sóa haverá aqui um pequeno pormenor...:

    Como é possível pedir-se dignidade a quem a não tem...?

    Sim ...eu sei que as pessoas que ocupam esses lugares deviam no mínimo ser dignas...
    Mas vai uma aposta de que se o fossem...não teriam sido convidadas para a função...?

    Parabéns ao Rui Santos, por ser dos únicos que "nadam contra a corrente"...!

    SL

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  4. O grande e próximo passo, e que não vejo ninguém a dar... É ASSOCIAR, COM AS LETRAS TODAS, AS SITUAÇÕES DE JOGO COM OS VOUCHERS...

    É que fica tudo nas letras das leis e dos acórdãos, e pior... dos conceitos...

    "À mulher de César não basta sê-lo... tem de parecê-lo"... A esta gente, que se faz ouvir... NÃO BASTA PARECÊ-LO... TEM DE DIZÊ-LO... (COM AS LETRAS TODAS)

    SL

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  5. Isto so la vai com vontade politica porque os vigaristas so param quando alguem os para.Nao e por vontade propria deles por isso tera que ser alguem a criar uma comissao de inquerito ou um instituto novo do desporto e prometer imunidade civel e desportiva a todos os arbitros que estejam tambem fartos de ser coagidos,de todas as modalidades, de forma a sabermos tudo o que se passa e passou nos ultimos anos para sancionar os criminosos e para nao se voltar a repetir.E ate e facil,como disse,falta vontade politica apenas..E se nao ha vontade politica,nos como cidadaos iguais aos outros,temos que lutar,nem que para isso va o governo a baixo.
    As revolucoes comecam sempre por algum lado,pode ser o mais serio argumento do mundo como um simples mal entendido...
    SL

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  6. És um pateta, pá!

    ... E desonesto também!

    Para bastardos do teu calibre basta.
    Arranha-te, galego!

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    Respostas
    1. Eu acho que a Policia Judiciária e o Ministério Público já deveriam estar em ação, mas em Portugal só há verdadeiramente 2 culpados, que me dispenso de nomear, e tudo o resto é apenas paisagem.
      Para concluir, se os árbitros são profissionais, dispensam-se bem as tais cortesias do outro lado da 2.ª circular, porque o amadorismo já foi.
      É claro que muitos benfiquistas estarão de acordo com os "vouchers com jantarinhos", mas imaginem se nas Repartições Públicas tais manifestações de cortesia fossem normais, o que não seria o clamor na opinião pública e o repúdio por tais manifestações, mas o mundo da bola, porque já associado a um "mundo tenebroso", tudo ou quase tudo se aceita, em especial se em causa estiver o nosso clube. Oxalá não caia eu também no absurdo do "fanatismo, puro e duro.
      O FUTEBOL PORTUGUÊS, FORA DAS 4 LINHAS, É IMORAL E ESCANDALOSO.

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  7. Há que CHAMAR OS BOIS PELOS NOMES!

    Estamos a sofrer uma infestação , não de ratos, não de baratas, antes de uma espécie piot do que isso tudo. É uma espécie de invertebrados, mal formados, desinformados e que só respondem perante o líder máximo do "estado lãpiânico"... A partir daqui só há dois caminhos:

    PÁTRIA OU MORTE!

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