GARANTIR O FUTURO
«O Sporting tem vivido quase sempre, acima das suas posses. Não é de hoje, nem de ontem, é de sempre. Por razões quase atávicas, que se perdem na lonjura dos tempos, o Sporting gastou recorrentemente mais do que tinha; e o resultado foi o acumular de prejuízos, que eram colmatados com receitas extraordinárias, através da alienação e oneração de activos, endividamento (muito), contribuições desinteressadas de muitos sócios e, claro, imaginação e equilibrismo.
Dos muitos mitos urbanos que se contam sobre estas matérias, avultam as histórias das contratações do Yazalde, com letras metidas por baixo da porta de um sócio, relutante em avalizá-las, ou do Jardel, com cheques bancários a circular em branco.
Este sobressalto financeiro que caracteriza grande parte da história do Sporting deve-se a uma pungente realidade, ou seja, muitos foram os anos em que o clube deu prejuízo e muito poucos os anos de lucro.
Como resultado das suas crónicas debilidades financeiras, tive sempre a sensação que, no plano competitivo, o Sporting terá ficado aquém do que podia e devia atingir, com a agravante que o clube era governado mais de fora do que de dentro. Quantas vezes o Sporting foi melhor, mas, no final, o dinheiro dos outros falou mais alto?
Vejo com satisfação o esforço actual para inverter este nefasto círculo vicioso, no sentido de conferir equilíbrio às contas, assegurando a sustentabilidade ao clube. O Sporting acabou de assinar o maior contrato da sua história e duvido que tão cedo celebre outro com idêntica dimensão e impacto financeiro; esta, porventura, será a altura de sanear o passivo, aliviar a conta dos encargos financeiros, porque a experiência ensina que os bons negócios se fazem quando há dinheiro, não quando ele escasseia. Esta deverá ser a prioridade absoluta.
Para garantir o futuro, para que os valores do clube perdurem, para que o clube possa ser cada vez mais forte, vivo e presente, para que os nossos filhos e netos possam ter na sua vida a companhia que o Sporting nos fez a nós, se possível reforçada com mais sucessos desportivos.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)«O Sporting tem vivido quase sempre, acima das suas posses. Não é de hoje, nem de ontem, é de sempre. Por razões quase atávicas, que se perdem na lonjura dos tempos, o Sporting gastou recorrentemente mais do que tinha; e o resultado foi o acumular de prejuízos, que eram colmatados com receitas extraordinárias, através da alienação e oneração de activos, endividamento (muito), contribuições desinteressadas de muitos sócios e, claro, imaginação e equilibrismo.
Dos muitos mitos urbanos que se contam sobre estas matérias, avultam as histórias das contratações do Yazalde, com letras metidas por baixo da porta de um sócio, relutante em avalizá-las, ou do Jardel, com cheques bancários a circular em branco.
Este sobressalto financeiro que caracteriza grande parte da história do Sporting deve-se a uma pungente realidade, ou seja, muitos foram os anos em que o clube deu prejuízo e muito poucos os anos de lucro.
Como resultado das suas crónicas debilidades financeiras, tive sempre a sensação que, no plano competitivo, o Sporting terá ficado aquém do que podia e devia atingir, com a agravante que o clube era governado mais de fora do que de dentro. Quantas vezes o Sporting foi melhor, mas, no final, o dinheiro dos outros falou mais alto?
Vejo com satisfação o esforço actual para inverter este nefasto círculo vicioso, no sentido de conferir equilíbrio às contas, assegurando a sustentabilidade ao clube. O Sporting acabou de assinar o maior contrato da sua história e duvido que tão cedo celebre outro com idêntica dimensão e impacto financeiro; esta, porventura, será a altura de sanear o passivo, aliviar a conta dos encargos financeiros, porque a experiência ensina que os bons negócios se fazem quando há dinheiro, não quando ele escasseia. Esta deverá ser a prioridade absoluta.
Para garantir o futuro, para que os valores do clube perdurem, para que o clube possa ser cada vez mais forte, vivo e presente, para que os nossos filhos e netos possam ter na sua vida a companhia que o Sporting nos fez a nós, se possível reforçada com mais sucessos desportivos.»
Li, reli, virei do avesso, voltei a ler e a reler, da frente para trás, de trás para a frente, de cima para baixo e de baixo para cima, esfreguei os olhos, pedi à minha excelentíssima que me soprasse neles, nos olhos, não fosse alguma pestana solta estar a provocar-me inusitado e severo distúrbio na visão e... acabei por concluir que todas essas minhas leituras não diferiam nem numa descuidada e insignificante vírgula, logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência, Carlos Barbosa da Cruz escreveu mesmo esta crónica que ainda "acabadinha de sair do forno" aqui vos deixo.
Muitos sportinguistas hão-de pensar o mesmo que eu. Outros hão-de chamar ao homem traidor da "classe operária" e afirmarão o seu ensandecimento. Outros ainda colocarão cada um dos dois polegares entre o indicador e o dedo médio e emitirão tamanho rugido que se há-de ouvir para lá dos Urais...
Não, não vou correr em público a cortina do meu pensamento, quando desde sempre defendi que ninguém conseguirá partir um molhinho de sete vimes com a facilidade com que se parte cada um deles, isolado e frágil. Eu também já me envergonhei de actos e palavras que cometi e proferi ao longo da minha vida e a minha consciência obriga-me a entregar a qualquer companheiro de jornada, o mesmo benefício da dúvida que com que me privilegiei...
Vou começar a prestar mais atenção a tudo o que o vento me trouxer de "camarotes e de fontes seguras, a Norte ou a Sul de Alvalade", porque, afinal...
Quem poderá negar ou impedir que um dia os sete vimes não venham a ser um molho?!...
Leoninamente,
Até à próxima
Visito o seu blog religiosamente e, de qdo em vez, comento. Mas o artigo partindo de quem partiu e os seu comentarios finais, priceless.
ResponderEliminarAinda bem, caríssimo Uncle P! Pode ser um bom prenúncio para Setúbal!...
ResponderEliminarForça Spooooooooooooorting!...
Terá sido, quem sabe?... Aos poucos, os vimes parecem querer juntar-se.
EliminarDois, três, é verdade, mas que, antes, eram menos e até parecia que queriam vergastar-nos; e, agora...
Se uma andorinha, não faz a Primavera, também 3 ou 4 vimes juntos não fazem um molho. Vamos aguardar, que "atrás dos tempos, tempos virão".