CARNE PARA CANHÃO
«O filme é novo. A história é antiga. Concussion chega a Portugal este ano. Realizado por Peter Landesman, protagonizado por Will Smith. Conta a história de Dr. Bennet Omalu (Smith). Em 2005, este neuropatologista forense diagnostica um severo trauma cerebral nos jogadores de futebol americano. Alguns deixam de jogar e perdem a cabeça. Perdem a vida. Suicidam-se. Ninguém percebe. Porquê? Tinham tudo, reformas douradas, milhões no banco e a hipótese de viverem como reis com as suas famílias. Porquê?
A NFL começa por negar qualquer tipo de risco de concussão severa provocada pela modalidade. Desacredita Omalu. De todas as formas. Porque o negócio está acima de qualquer descoberta clinica. Porque o negócio está acima da própria vida dos atletas. Omalu não desiste. Nada tem contra o futebol americano. Nem contra o desporto. Mas defende que os atletas têm o direito de conhecer a verdade. Devem saber que os constantes choques de que são vítimas na modalidade podem, no futuro, fazer com que o seu cérebro fique envenenado. Podem levá-los à insanidade.
Omalu sofre pelo que descobre. Pelo que anuncia. Mas a sua investigação mudará para sempre o futebol americano. A NFL vê-se obrigada a reconhecer o problema e paga milhões de indemnizações a vários jogadores retirados. Nem tudo muda. Porém, alguma coisa muda. O jogo continua a ser perigoso, os riscos estão lá, mas a verdade também. Conhecida. Reconhecida. A partir daí, cada um faz com ela o que quiser. Tal como fumar. Todos sabemos que mata. Alguns preferem os cigarros. Outros querem manter-se longe do fumo. Houve tempos, também, em que as sete grandes tabaqueiras foram obrigadas a reconhecer – depois de uma resistência hercúlea – os malefícios do cigarro.
Voltamos ao desporto. À indústria. À saúde. Entremos no futebol. O nosso futebol. E não o americano. Com jogos todos os dias. A bem do negócio. Das transmissões televisivas, dos patrocínios, das marcas. Para os adeptos. Nos estádios e em casa. Os jogadores aguentam. Têm de aguentar. Vencem o desgaste, fintam as dores, mordem os lábios. Custe o que custar. Tomem o que tomar. Sejam quais for os efeitos. A médio e longo prazo. E voltam a entrar. Não podem parar. Se não conseguirem, saem fora. Venham outros. Como máquinas. Robôs criados para alimentar a besta dos lucros. Um dia a carreira chega ao fim. Alguns ficam apenas com as memórias e as mazelas provocadas por uma indústria que nunca os tratou como homens. Foram somente um produto que perdeu validade e deu lugar a um novo produto. Mais rápido, mais forte, mais tudo… até deixar de o ser.
Os calendários das competições são cada vez mais extensos. Fazem lembrar o videoclipe de Another Brick in The Wall, dos Pink Floyd, em que o professor enfia crianças na máquina de picar carne. Assim são muitos dos atletas de hoje. Carne. Comida para alimentar o monstro. Ninguém está livre. Nem os grandes. Sobretudo os grandes. Veja-se Ronaldo. O brasileiro. Esteve quase a morrer antes da final do França´98. Mas foi obrigado a entrar em campo por pressão dos patrocinadores. O caso gerou polémica, controvérsia, desmentidos, discussão e nada foi feito. Há cada vez mais jogos. Até há gente que acha que o Mundial devia ter 48 equipas. E porque não 209? Com jogos de manhã à noite, de sol a sol, 24 horas por dia. Sem interrupções. Sem parar. E quando é que isto vai parar? As descobertas de Omalu foram sobre o futebol americano. Mas deviam servir de alerta para todos os desportos de alta competição. O desporto são os homens. O desporto é vida. Não é, nem pode ser, uma indústria da morte.»
(Luís Aguilar, Off the record, in Record)«O filme é novo. A história é antiga. Concussion chega a Portugal este ano. Realizado por Peter Landesman, protagonizado por Will Smith. Conta a história de Dr. Bennet Omalu (Smith). Em 2005, este neuropatologista forense diagnostica um severo trauma cerebral nos jogadores de futebol americano. Alguns deixam de jogar e perdem a cabeça. Perdem a vida. Suicidam-se. Ninguém percebe. Porquê? Tinham tudo, reformas douradas, milhões no banco e a hipótese de viverem como reis com as suas famílias. Porquê?
A NFL começa por negar qualquer tipo de risco de concussão severa provocada pela modalidade. Desacredita Omalu. De todas as formas. Porque o negócio está acima de qualquer descoberta clinica. Porque o negócio está acima da própria vida dos atletas. Omalu não desiste. Nada tem contra o futebol americano. Nem contra o desporto. Mas defende que os atletas têm o direito de conhecer a verdade. Devem saber que os constantes choques de que são vítimas na modalidade podem, no futuro, fazer com que o seu cérebro fique envenenado. Podem levá-los à insanidade.
Omalu sofre pelo que descobre. Pelo que anuncia. Mas a sua investigação mudará para sempre o futebol americano. A NFL vê-se obrigada a reconhecer o problema e paga milhões de indemnizações a vários jogadores retirados. Nem tudo muda. Porém, alguma coisa muda. O jogo continua a ser perigoso, os riscos estão lá, mas a verdade também. Conhecida. Reconhecida. A partir daí, cada um faz com ela o que quiser. Tal como fumar. Todos sabemos que mata. Alguns preferem os cigarros. Outros querem manter-se longe do fumo. Houve tempos, também, em que as sete grandes tabaqueiras foram obrigadas a reconhecer – depois de uma resistência hercúlea – os malefícios do cigarro.
Voltamos ao desporto. À indústria. À saúde. Entremos no futebol. O nosso futebol. E não o americano. Com jogos todos os dias. A bem do negócio. Das transmissões televisivas, dos patrocínios, das marcas. Para os adeptos. Nos estádios e em casa. Os jogadores aguentam. Têm de aguentar. Vencem o desgaste, fintam as dores, mordem os lábios. Custe o que custar. Tomem o que tomar. Sejam quais for os efeitos. A médio e longo prazo. E voltam a entrar. Não podem parar. Se não conseguirem, saem fora. Venham outros. Como máquinas. Robôs criados para alimentar a besta dos lucros. Um dia a carreira chega ao fim. Alguns ficam apenas com as memórias e as mazelas provocadas por uma indústria que nunca os tratou como homens. Foram somente um produto que perdeu validade e deu lugar a um novo produto. Mais rápido, mais forte, mais tudo… até deixar de o ser.
Os calendários das competições são cada vez mais extensos. Fazem lembrar o videoclipe de Another Brick in The Wall, dos Pink Floyd, em que o professor enfia crianças na máquina de picar carne. Assim são muitos dos atletas de hoje. Carne. Comida para alimentar o monstro. Ninguém está livre. Nem os grandes. Sobretudo os grandes. Veja-se Ronaldo. O brasileiro. Esteve quase a morrer antes da final do França´98. Mas foi obrigado a entrar em campo por pressão dos patrocinadores. O caso gerou polémica, controvérsia, desmentidos, discussão e nada foi feito. Há cada vez mais jogos. Até há gente que acha que o Mundial devia ter 48 equipas. E porque não 209? Com jogos de manhã à noite, de sol a sol, 24 horas por dia. Sem interrupções. Sem parar. E quando é que isto vai parar? As descobertas de Omalu foram sobre o futebol americano. Mas deviam servir de alerta para todos os desportos de alta competição. O desporto são os homens. O desporto é vida. Não é, nem pode ser, uma indústria da morte.»
De vez em quando alguém grita no meio da praça: "olha, o rei vai nu"!... Mas a populaça bate palmas ao rei e nem se dá conta do quadro ridículo que se lhe depara, com aquele fálico e escuro trio, encolhido e flácido, a badalar entre as leitosas, magras, feias e reais pernas!...
Por cá, também seguem nus os "reis do futebol"! Só que nem se dão ao trabalho de descer à praça, não fosse a populaça dar-lhes cabo do canastro! A corja federativa continua no "esmifranço", com cuidados redobrados porque a "peste de Zurich e Nyon" que já derreteu Blatter e Platini, também poderá chegar aqui, ao rectângulo do futebol mais pantanoso do globo!...
Dezoito equipas na I Liga, vinte e quatro na II Liga, mai'las Taça de Portugal, Taça do Lucílio e Taça Alfacinha do Lobo... É um fartar vilanagem!...
É até rebentar com o canastro e o cu da galinha dos ovos d'ouro!...
Leoninamente,
Até à próxima
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